COMBUSTÍVEIS
"Hoje é mais negócio produzir diesel em relação à gasolina", diz gerente da Refap
Refinaria canoense é responsável por produção do diesel, gasolina, gás de cozinha e asfalto utilizados no Estado
Última atualização: 18/10/2023 20:50
"Um marco na história da Petrobras no Rio Grande do Sul", assim é definida a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) nas palavras do gerente geral, Marcus Aurelius Valenti. Localizada em Canoas, a Refap completou no último dia 16, 55 de histórias. A indústria é responsável por 100% do asfalto, mais de 95% do gás de cozinha, 100% do diesel e 80% da gasolina utilizada no Estado e tem se consolidando cada vez mais no refino do petróleo brasileiro.
Com 2,1 mil funcionários, o foco da empresa está na produção do diesel, seja ele o S500, ou o moderno S10. “O Rio Grande do Sul por ser um Estado muito forte na agricultura, acaba demandando a produção de diesel”, explica Valenti. O gerente reitera que atualmente a produção do diesel é mais rentável do que a da gasolina. “Hoje é mais negócio produzir diesel em relação à gasolina.”
O sucesso na produção do combustível é tanta, que há inclusive um excedente na produção. “O S10 é totalmente consumido no Estado, já o S500 tem uma excedência de 25%, sendo possível enviar para outros Estados, principalmente no Centro-Oeste.” A Refap possui capacidade de produzir cerca de 200 mil barris de combustíveis por dia. “Queremos maximizar cada vez mais a nossa produção.”
Objetivo S10
Valenti afirma que o grande objetivo na empresa é aumentar a produção do diesel S10, utilizado em veículos mais novos. “Temos essa necessidade, logo o S500 não será mais utilizado.” Estudos estão sendo realizados para a possibilidade de novos investimentos na planta canoense. Em 2023 já foram investidos cerca de R$ 450 milhões em um dos “trens” responsáveis pelo processo de fabricação de gasolina, asfalto, gás de cozinha e diesel.
A importância do pré-sal e o diesel R5
Outra proposta é relativa ao diesel R5, que apesar da semelhança, não é considerado um biodiesel. Em visita recente ao Rio Grande do Sul, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. havia previsto a obra de uma estrutura capaz de produzir o produto, pronta até março de 2024, porém ela sequer iniciou. “Não será neste momento, no entanto, realmente está nos planos”, completou o gerente da Refap.
O diesel R5 é produzido a partir do coprocessamento de óleos vegetais, no caso, de óleo de soja refinado, com óleo diesel de petróleo. O combustível sai da refinaria com 95% de diesel mineral (derivado do petróleo) e 5% de diesel renovável, também chamado de diesel verde.
Uma das facilidades para este tipo de produção está na utilização do petróleo oriundo do pré-sal. “Ele é mais leve, mais fácil para converter em diesel.” Valenti confirma que mais de 70% de todo o combustível fóssil usado na Refap faz parte do pré-sal.
O pré-sal é um conjunto de rochas nas porções marinhas do litoral brasileiro com potencial para a geração e acúmulo de petróleo e gás natural. "Além de ser mais leve, esse combustível também é mais limpo", explica.
Parada e investimento
Questionado sobre os investimentos na refinaria de Canoas, Valenti lembrou da parada que ocorreu no início deste ano. “Isso é feito de tempos em tempos. Ela é feita para inspeção e reestruturação nos equipamentos.” Foram cerca de cinco mil trabalhadores envolvidos. Outra parada está programada para o final de 2024, no entanto, o investimento será menor. “A área não é tão grande, serão investidos cerca de R$ 164 milhões e devemos ter 1,5 pessoas trabalhando. Essas melhorias podem maximizar a refinaria, hoje paramos em 110%.”
A grande pausa na produção da Refap aconteceu durante a pandemia de Covid-19. “Foi um pé no freio mesmo.” Na empresa são realizados três processos: separar os combustíveis do petróleo, converter e depois retirar o enxofre.
Em 2022 o faturamento bruto da refinaria foi de cerca de R$ 45 bilhões, representando 12,5% do ICMS de todo o Estado. Em Canoas, a Refap é responsável por 30% da receita bruta do município.