ADAPTADO?
FOTOS: Saiba como está Billy, cachorro adotado por casal após ser resgatado com fita isolante na boca
Animal, que era vítima de maus-tratos na casa dos antigos tutores, ganhou um novo lar em julho
Última atualização: 17/10/2023 23:54
Após uma denúncia, a vida de Billy foi salva. O cachorro foi vítima de maus-tratos na casa de seus antigos tutores no bairro Canudos, em Novo Hamburgo. Quando foi resgatado no dia 5 de julho, os agentes do Canil Municipal e os policiais da Brigada Militar encontraram o animal com a boca amarrada por uma fita isolante. O caso repercutiu e gerou revolta pela crueldade que o animal foi submetido.
Billy não é o seu nome original, foi batizado pelos funcionários do Canil, onde ficou se recuperando até que fosse adotado pelo casal Jhonatan Kuhn, de 24 anos, e Paloma Fernanda da Silva Ferraz, 29, que são moradores de Estância Velha. Desde que viu a história do cachorro vítima de maus-tratos nas reportagens do Grupo Sinos, o gerente de farmácia dizia para a companheira que gostaria de resgatar o animal. “Se ele for para adoção, será nosso”, avisou na época.
Após uma primeira tentativa frustrada, por conta das condições de saúde de Billy, a adoção pôde ser concluída na semana seguinte. No começo da tarde de 28 de julho, o casal buscou o animal e uma nova história começou a ser escrita na vida do cão.
“Os primeiros dias do Billy foram bem tranquilos. Já no primeiro dia se adaptou com a gente e já conseguia pegar ele no colo, dar comida na boca dele. Parece que o bichinho sente quando está em um lugar seguro”, lembra o novo tutor. “O que demorou uns três ou quatro dias foi a adaptação com o outro cachorro. Tinha que deixar eles separados, são dois machos. Mas depois, viraram melhores amigos. Hoje, eles dormem na mesma cama. Não se desgrudam, onde um está, o outro está atrás" completa.
Sobre o ferimento na boca, causado pela fita presa, Jhonatan conta que quando Billy chegou “estava rosadinho e recém tinha caído o pelo”. Dois meses após a adoção, os cuidados no local continuam. “A gente passa pomadinha hidratante. Agora que começou a nascer o pelo, mas bem pouquinho. Mas, infelizmente, acho que a manchinha vai ficar”, detalha.
“É um bichinho muito querido, não dá para entender o que leva o ser humano a fazer isso [maus-tratos]”, lamenta pelo passado do seu novo companheiro.
O novo mascote é descrito como “um mix”. Durante o dia fica solto no pátio da casa da família com o outro cachorro, o Cleiton. Jhonatan afirma que Billy é um dos guardas da casa e ainda é muito amoroso.
“A gente vê um sentimento de muita gratidão nele, se a gente se baixar, ele deita na gente e se roça pedindo carinho. A gente brica que ele ronrona que nem gato quando ganha carinho. A gente vê uma gratidão nele, assim, enorme. Parece que ele sabe que a gente fez o resgate dele”, conta.
Irmão canino
Além do carinho e do amor humano, Billy ganhou um irmão de quatro patas. Exatamente no dia em que chegou no novo lar, Cleitinho, outro cachorro adotado pelo jovem casal, completava um ano de vida.
Adotado com poucos meses, o animal foi encontrado através de um aplicativo. “Achamos ele na OLX. Ficamos com dó porque tinham vários, mas quando fomos lá e o cara virou a caixa para mostrar, foi o primeiro que veio na gente. Foi na hora, e desde então, está com a gente’, recorda o primeiro resgaste.
“No dia que ele [Cleitinho] fez um ano de idade, eu peguei o Billy. Um presente de aniversário, um irmão”, reforça Jhonatan. Com a convivência, os cães se tornaram grandes parceiros e até ganharam roupinhas iguais feitas pela mãe do seu tutor.
Um companheiro para o resto da vida
Com a experiência de adotar um animal com poucos dias de vida e outro mais velho, porém oriundo de situação de violência, para Jhonatan, todos deveriam adotar um animal. “Independentemente da idade, do jeito que foi tratado, o animal só precisa de um lar, confiança e carinho. Ele dá de volta pra gente uma lealdade eterna”, afirma.
O gerente de farmácia enfatiza que quando o animal vem de situações similares a de Billy, os novos tutores devem dar ainda mais atenção e amor. “A pessoa que trouxer esse animal para si e cuidar, dar amor e carinho para ele, vai ter um companheiro para o resto da vida. Eles só necessitam de carinho e cuidados dignos”, aconselha.
"A gente vê isso pelo Billy e também pelo Cleiton, que embora não tenha sido maltratado também é um ótimo companheiro”, finaliza.
O que aconteceu com os agressores de Billy
O homem de 58 anos e a companheira, 46, foram indiciados por crime de maus-tratos. Na época, o agressor chegou a ser preso em flagrante, mas foi liberado. O pedido de prisão preventiva foi negado pelo Poder Judiciário e por isso, a Polícia nem solicitou a dela.
Em depoimento, o homem negou que colocou a fita na boca de Billy e disse que o animal seria de um suposto amigo. A versão não convenceu os investigadores, que indiciaram o casal. No entanto, na última sexta-feira (6), o Ministério Público firmou um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) com os acusados, para que a denúncia não seja oferecida à Justiça. O Tribunal de Justiça confirma que recebeu o acordo entre as partes, mas o caso ainda não entrou na pauta. O prazo para homologação não foi informado.