Iniciada na quarta-feira (23), a 40ª Feira do Livro de Ivoti tem proporcionado aos alunos do município, a oportunidade de encontrar autores de livros que eles podem encontrar à venda no local. Nesta quinta (24), estiveram presentes alunos do 2º e 3º anos de todas as escolas, prestigiando as obras e também palestras interativas no auditório de eventos do Instituto Ivoti.
Para a professora e vice-diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Concórdia, Luciane Karpinski de Almeida, esta é uma chance de mostrar às crianças que os autores são de verdade. “Muitas vezes elas veem os livros, ouvem falar dos escritores, mas isso fica no campo da imaginação, algo distante delas. E vendo de perto, elas podem ver que são pessoas normais, e que elas também podem escrever livros no futuro”, comenta.
Esta edição, que tem como tema “Abrace a leitura, reviva a memória e conte essa história”, escolheu como patrono o escritor André Kondo. Ele possui 16 livros publicados e mais de 400 prêmios na carreira. Kondo é filho de imigrantes japoneses e sentiu-se honrado em ser convidado para ser o patrono. “Isso é uma homenagem fantástica para qualquer autor. É difícil falar porque ainda estou muito emocionado, o público é muito acolhedor. É um momento que eu sinto que tudo aquilo que eu sonhei, se tornou realidade”, conta.
Mais fantástico que a ficção
André Kondo foi uma criança tímida e com poucos amigos, não tinha com quem jogar bola e nunca empinou uma pipa. Dessa forma, encontrava nos personagens dos livros, a companhia de que precisava. Cresceu com o sonho de se tornar um escritor e, assim, também criar novos amigos para crianças que eram como ele. Mas, seguindo um desejo do pai, formou-se em Administração de empresas e começou a trabalhar em uma multinacional. Depois, fez pós-graduação em marketing na Austrália e foi neste momento que decidiu que precisava correr atrás de seu sonho.
“Eu não queria me tornar alguém que tivesse um motorista me levando para lugares que eu não queria. Então, aos 26 anos, peguei a mochila e fui atrás do meu sonho.Para me tornar escritor, eu tinha que ter histórias para contar. Então, precisava conhecer o mundo”, conta.
Kondo visitou lugares sagrados, como Jerusalém, caminhou por mil quilômetros até o túmulo do apóstolo Tiago, conheceu as Pirâmides do Egito, escalou vulcões e a muralha da China, percorreu o Nepal onde Buda Nasceu, conheceu culturas no Peru e no México, cruzou oceanos, fez trekking pelo Himalaia e safári fotográfico pela África, além de um mergulho na grande barreira de corais da Austrália. Cruzei o círculo polar ártico e visitou mais de 50 países. Com um mundo na bagagem, retornou para casa pronto a escrever. Mas não foi isso o que aconteceu.
Sem conseguir transpor em palavras a emoção que viveu, sentia-se frustrado, terminou um noivado e não tinha a aprovação do pai. Com diversos problemas, foi parar nas ruas. Sem teto, viajou até Roraima, passou pela Venezuela e desceu o Rio Amazonas de barco. De carona em carona, acampou na no Mato Grosso, e chegou a Barretos, em São Paulo, onde viu de perto os dramas vividos por pessoas invisíveis. “Fui abraçado e ajudado por pessoas que não tinham nada, vivi com mendigos, com um pai cego que procurava o filho, com um vendedor de flores que tinha câncer. Então vi que não tinha o direito de me sentir um fracassado, pois eu tinha uma boa educação, uma família e amigos”, conta.
Passados quatro meses, Kondo voltou para casa e escreveu seu primeiro livro, em 2008. Desde então, são 16 obras publicadas e hoje ele vive exclusivamente da literatura. “A gente pensa que precisa ir para o outro lado do mundo para alcançar um sonho que pode estar no nosso quintal. Por isso quero mostrar a essas crianças que, se elas quiserem, elas também podem se tornar grandes escritores um dia.
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