SAIBA COMO AJUDAR

Familiares se mobilizam para trazer ao RS torcedora do Inter que teve AVC durante viagem à Argentina

Idosa de 77 anos que queria conhecer "o país do seu ídolo D’Alessandro" segue internada. Sem ajuda do Itamaraty e do governo gaúcho, filhos arrecadam doações pela internet

Publicado em: 22/08/2023 06:00
Última atualização: 02/01/2024 14:32

Quando viajou no dia 29 de julho para a Argentina, familiares de Verani Corso, de 77 anos, não imaginavam que a realização de um sonho da moradora de Riozinho, no Vale do Paranhana, se tornaria um pesadelo. “Ela sempre foi uma torcedora fanática do Inter. O sonho dela era conhecer o país do seu ídolo D’Alessandro”, conta Dioneia Roberta Corso Valerio, 52, filha da professora aposentada.


Um dia antes de sofrer AVC, moradora de Riozinho enviou foto da viagem na Argentina para os filhos Foto: Arquivo pessoal

De acordo com a filha, a oportunidade de a viagem acontecer surgiu no fim do mês passado e a mãe se programou para ir na excursão de ônibus com outros idosos. O grupo chegou em Medonza, na Argentina, no dia 31 de julho. Apesar da coincidência de datas, a idosa não viajou para acompanhar a partida do time do coração contra o River Plate pela Libertadores.

No dia 1º de agosto, Verani enviou foto de um dos passeios para os seus filhos. Horas depois, na madrugada do dia 2, ela sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico no hotel. “Ela acordou por volta das 2h30, se sentiu mal, foi ao banheiro e caiu. Foi onde ela teve o AVC”, explica Dionéia.

Assim que soube do ocorrido, o filho da idosa, Ramão Corso, 46, no mesmo dia foi de carro da cidade do Vale do Paranhana para a Argentina para acompanhar a mãe que foi levada para o Hospital Central de Medonza. Acompanhado da esposa, chegou ao país no dia 4. “Estamos gastando absurdos de dinheiro locando lugares para ficar pelo Airbnb, mais combustível e alimentação. Não esperava ficar tanto tempo. Viemos com três ou quatro mudas de roupa”, detalha ele. 

“Ela tem uma lesão de 4,5 centímetros no cérebro, está com todo o lado esquerdo do corpo paralisado. Também não consegue deglutir, por isso teve que fazer uma traqueostomia”, fala Ramão sobre o estado de saúde da sua mãe. De acordo com ele, não há previsão de alta, nem de liberação para o Brasil não sendo em UTI aérea, por conta dos riscos que o transporte terrestre com ambulância trariam por causa da distância de mais de 2 mil quilômetros.

“Poucas empresas têm liberação para fazer este transporte internacional, o valor mais baixo que consegui foi de R$ 133.799,00”, explica o filho da idosa. O translado para o Brasil foi autorizado pela equipe médica no dia 14 de agosto.

Busca por ajuda

No dia seguinte da liberação médica, Ramão conta que procurou o consulado brasileiro que fica na Argentina.

“Questionei o que o consulado poderia fazer para me ajudar neste caso, sabemos que a FAB tem aviões para este trabalho, se não poderiam intervir junto a eles para providenciar isso”, conta o servidor público. De acordo com ele, o órgão lamentou a situação e disse que não poderia ajudar. “Ficaram com uma cópia do laudo, mas depois disso, nenhuma posição mais”.

Ramão disse que procurou também a coordenadoria da Secretaria Estadual de Saúde (SES), mas também não teve ajuda.

Em nota, o Itamaraty disse que tem conhecimento sobre o caso e que "presta a assistência cabível à nacional e a seu filho". Como justificativa, o órgão afirma que questões financeiras impedem a ajuda à família de Riozinho. "Por limitações orçamentárias e em respeito às normas legais vigentes, não é possível ao Ministério das Relações Exteriores proceder a repatriações médico-hospitalares", diz trecho do documento.

“Quando envolve paciente brasileiro, internado no exterior, que precisar de transferência interhospitalar, as tratativas devem ocorrer através de consulados”, disse em nota a Secretaria Estadual de Saúde (SES). 

“Decepcionante. O Brasil te suga até a última gota de suor e sangue em impostos, e quando tu necessita dele, te vira as costas”, lamenta Ramão. “Minha mãe foi professora primária da rede pública dos 16 aos 60 anos. Andava em torno de 15 a 20 quilômetros de cavalo, depois a pé ou bicicleta, seja chuva ou sol, para alfabetizar crianças, e conseguir ter uma moradia digna. Depois de aposentada conseguiu aproveitar um pouco a vida, e aí acontece isso”, completa.

Para Dioneia, a falta de assistência por parte da embaixada brasileira na Argentina e do governo gaúcho "é repugnante". "Todos nós estamos nos sentindo desolados com a situação, tristes, e ao mesmo tempo indignados perante a situação porque uma pessoa que trabalhou uma vida toda cuidando da educação das pessoas ser tratada como lixo, como se não fosse nada, ganhamos um 'corram atrás vocês'", desabafa a também professora. 

Saiba como ajudar

Diante da situação, os filhos da idosa decidiram fazer arrecadação na Internet para obter o dinheiro necessário para trazer a sua mãe para o Brasil. A campanha intitulada de “Ajude a levar minha mãe para o Brasil” foi criada no site Vakinha e tem como meta juntar R$ 133.799, valor que foi pedido por uma empresa especializada no tipo de transporte que Verani precisa.

Até as 22h15 desta segunda-feira (21), a ação teve doações de 181 apoiadores e a R$ 15.751 haviam sido arrecadados. Qualquer valor pode ser doado através deste link.

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