AVIAÇÃO
FAB e Corpo de Bombeiros: parceria que nasce em Canoas
Primeiro helicóptero do CBM vai operar a partir da Base Aérea
Última atualização: 18/10/2023 14:43
Quem disse que bombeiros não podem voar? Pela primeira vez na história o Comando de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBM) terá à disposição um helicóptero para auxiliar em resgates e no combate a incêndios. Com um investimento de R$ 21,7 milhões, a chegada da aeronave marca um momento inédito para a instituição.
E o helicóptero modelo IFR Koala, fabricado na Flórida, Estados Unidos, mal chegou e já foi utilizado pela corporação. Um incêndio de grandes proporções atingiu uma empresa de transporte e logística no fim da tarde de terça-feira (18), em Porto Alegre. Conforme o CBM a utilização aconteceu para auxiliar os bombeiros na visualização. Durante o voo, instruções sobre a estrutura, dimensão do incêndio em seus limites de área e se havia possibilidade do telhado estar comprometido eram repassadas aos combatentes.
Parceria com a FAB
Em um primeiro momento a aeronave permaneceria em um hangar no Aeroporto Internacional Salgado Filho, já que será utilizada para atender ocorrências em todo o Estado. No entanto, após a tentativa de locação ter sido frustrada, o IFR Koala ganhou uma nova casa. “O V Comar (Quinto Comando Aéreo Regional) nos ofereceu um espaço para operar na Base Aérea de Canoas e prontamente aceitamos. Além do hangar, o termo de cessão de uso nos permite atuar em salas próprias no local”, explicou o tenente coronel Ricardo Mattei, do CBM. Foi de lá que a equipe se deslocou para o bairro Medianeira, posição exata da ocorrência desta semana.
O acordo entre o Estado e a Força Aérea Brasileira (FAB) foi comemorado por Mattei. “Vamos ter uma troca de experiência muito grande. Estamos aprendendo com a expertise que a FAB tem em relação às operações aéreas, afinal ela é o nosso principal órgão de aviação e de defesa aérea no Brasil.”
Auxílio em desastres e incêndios
Além de auxiliar em incêndios comunicando condições e observando possíveis riscos para o restante da equipe, o IFR Koala também tem capacidade para combater incêndios. “Para isso utilizamos a ‘bambi bucket’, que é um cesto usado para despejar água sob o fogo.”
Podendo acomodar até oito pessoas, a aeronave é capaz colaborar em resgates de grandes desastres, como por exemplo, o ciclone que atingiu o Estado recentemente. “Temos grande alcance operacional.” Segundo o tenente coronel do CBM, se for necessário ir até o Caraa, um dos locais mais atingidos na tempestade de junho, a equipe levaria de 15 a 20 minutos, no máximo. “São 70 quilômetros aproximadamente que separam Canoas do litoral norte, o IFR Koala voa mais rápido do que outras aeronaves.”
Atualmente dois membros da corporação estão aptos para pilotar o helicóptero, Mattei e mais um colega. A expectativa é que em 2024 mais quatro pilotos sejam formados. “Precisamos de 500 horas de voo durante o treinamento. Em caso de necessidade temos o apoio com outros Estados da federação.”
No momento o coronel Carlos Alberto Cardoso, do CBM de Goiás, está em Canoas auxiliando os trabalhos com a aeronave.
O papel da FAB para além do hangar
Para o comandante da Base Aérea de Canoas, coronel aviador Marcelo Zampier Bussmann, afirmou que receber a equipe dos bombeiros é uma grande oportunidade. “Vamos prestar o auxílio inicial para eles, já que é a primeira vez operando uma aeronave.”
Outro ponto indicado por Bussmann está relacionado à troca de experiências entre o Corpo de Bombeiros e a Força Aérea. “Vamos levar conhecimento para eles, assim como vamos aprender também no dia a dia. Será algo para agregar, tanto nossa operação aérea como a doutrina.”
O comandante afirma que é a primeira vez de outra corporação operando na Base de Canoas. “É algo inédito.” Ele explica que a FAB também poderá solicitar apoio da aeronave em caso de necessidade. “Canoas não tem helicóptero, apenas aviões. Então podemos sim ter essa parceria.” O tenente coronel Mattei afirma que o IRF Koala possui autorização para operar em áreas restritas. “Isso facilita também.”