CONTEÚDO ESPECIAL | NÚCLEO 360
O etarismo, muitas vezes, é silencioso. Em outras, é visto como “tolerável”. Em alguns casos, inclusive, é interpretado como normal. No entanto, em qualquer um desses cenários, ele revela uma sociedade preconceituosa com aqueles que têm uma percepção de vida diferente ou uma agilidade comprometida. Vamos de exemplos: quem nunca ouviu algum idoso sendo xingado no trânsito, com aquela frase típica de fica em casa? Ou um jovem sendo orientado a “viver mais” para poder dar sua opinião, como que suas experiências e pontos de vista não fossem relevantes?
São atitudes como essas que revelam o quanto ainda precisamos evoluir como ser humanos. E, no mercado de trabalho, a luta é ainda mais árdua. De acordo com Luís Cerveira, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Diversidade na Faculdade IENH, muitas empresas se tornaram resistentes a empregar jovens talentos por considerar que eles “pulam” muito de emprego ou exigem novos formatos de trabalho, como o híbrido ou, mesmo, o home office.
Na outra ponta, existem corporações que enxergam o profissional maduro, com mais de 50 anos, como em “fim de carreira”. “No entanto, ter jovens e idosos no grupo de colaboradores eleva o índice de acertos nas tomadas de decisões. Isso já é amplamente comprovado”, destaca, ao frisar que equipes diversas tomam melhores decisões em 87% das vezes, contra 58% quando se trata de um grupo de iguais.
ENTREVISTA | Luís Cerveira, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Diversidade na Faculdade IENH
O que é etarismo?
É bem importante entender que o etarismo, na verdade, pode se dar tanto na ponta mais jovem quanto na ponta mais idosa. Tanto jovens sofrem com esse problema quanto pessoas mais idosas.
E como é o etarismo para os jovens?
No caso dos jovens, isso se dá muito por conta de uma visão de mundo, especialmente de jovens de classe média que não tem mais como meta de vida, em sua maioria, passar muitos anos numa mesma empresa, esperar os tempos do mundo do trabalho pra ganhar suas promoções, para ganhar seus salários melhores. Essa urgência a gente percebe mais nos jovens de classe média. E isso acaba levando as empresas a ter uma demanda grande por novos profissionais, uma maior rotatividade. Um tour over, como se chama, muito alto especialmente em jovens que estão fazendo graduação, jovens de classe média.
E o que explica o etarismo para jovens de baixa renda?
Os jovens mais das periferias, muitas vezes, estão trabalhando em empregos sem grandes perspectivas. Além disso, eles têm muita dificuldade de acesso à educação formal. Só que as empresas querem profissionais que tenham metas de crescimento dentro de empresas Uma alternativa interessante fosse, talvez, pensar em baixar o nível de exigência da escolarização ou mesmo promover algum tipo de bolsa, incentivo pra estudo de modo que esses jovens mais pobres pudessem suprir também essa necessidade das empresas.
Qual o benefícios das empresas abrirem as portas para os jovens?
Ter jovens nos grupos, nas empresa, e utilizá-los nos planejamentos, nas discussões e nas decisões coletivas eleva consideravelmente os resultados de acertos na tomada de decisão. Isso já foi amplamente mapeado e comprovado.
E como fica a pirâmide do mercado de trabalho?
Um aspecto importante a respeito da juventude é que nós temos uma redução do número de jovens de maneira gradual. Hoje, as famílias têm cada vez menos filhos. E o número de jovens que estão entrando no mercado de trabalho é quase metade do que era a cerca de quarenta, cinquenta anos atrás. Ou seja, houve uma redução efetiva do número de jovens. E um detalhe: nós teremos ainda menos jovens pra entrar no mercado de trabalho, já que a média hoje de filhos por mulher no Brasil tem em torno de 1.77. O que, a médio prazo, indica uma redução, inclusive no número geral de habitantes.
Aumentando a quantidade de pessoas mais velhas, isso?
Exato. Do outro lado, a gente tem um aumento importante do número de idosos por conta dos avanços da medicina, por conta de que as pessoas estão se cuidando mais. E isso tem feito com que muitos idosos, pessoas da terceira idade e mesmo aposentados continuem trabalhando. E aqui vale pontuar: isso não significa que não há preconceito, há muito preconceito, inclusive em relação a presença dessas pessoas em universidades, em ambientes de trabalho, em ambientes de lazer e assim por diante.
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Prêmio será entregue nesta terça-feira
CONTEÚDO ESPECIAL | NÚCLEO 360
O etarismo, muitas vezes, é silencioso. Em outras, é visto como “tolerável”. Em alguns casos, inclusive, é interpretado como normal. No entanto, em qualquer um desses cenários, ele revela uma sociedade preconceituosa com aqueles que têm uma percepção de vida diferente ou uma agilidade comprometida. Vamos de exemplos: quem nunca ouviu algum idoso sendo xingado no trânsito, com aquela frase típica de fica em casa? Ou um jovem sendo orientado a “viver mais” para poder dar sua opinião, como que suas experiências e pontos de vista não fossem relevantes?
São atitudes como essas que revelam o quanto ainda precisamos evoluir como ser humanos. E, no mercado de trabalho, a luta é ainda mais árdua. De acordo com Luís Cerveira, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Diversidade na Faculdade IENH, muitas empresas se tornaram resistentes a empregar jovens talentos por considerar que eles “pulam” muito de emprego ou exigem novos formatos de trabalho, como o híbrido ou, mesmo, o home office.
Na outra ponta, existem corporações que enxergam o profissional maduro, com mais de 50 anos, como em “fim de carreira”. “No entanto, ter jovens e idosos no grupo de colaboradores eleva o índice de acertos nas tomadas de decisões. Isso já é amplamente comprovado”, destaca, ao frisar que equipes diversas tomam melhores decisões em 87% das vezes, contra 58% quando se trata de um grupo de iguais.
ENTREVISTA | Luís Cerveira, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Diversidade na Faculdade IENH
O que é etarismo?
É bem importante entender que o etarismo, na verdade, pode se dar tanto na ponta mais jovem quanto na ponta mais idosa. Tanto jovens sofrem com esse problema quanto pessoas mais idosas.
E como é o etarismo para os jovens?
No caso dos jovens, isso se dá muito por conta de uma visão de mundo, especialmente de jovens de classe média que não tem mais como meta de vida, em sua maioria, passar muitos anos numa mesma empresa, esperar os tempos do mundo do trabalho pra ganhar suas promoções, para ganhar seus salários melhores. Essa urgência a gente percebe mais nos jovens de classe média. E isso acaba levando as empresas a ter uma demanda grande por novos profissionais, uma maior rotatividade. Um tour over, como se chama, muito alto especialmente em jovens que estão fazendo graduação, jovens de classe média.
E o que explica o etarismo para jovens de baixa renda?
Os jovens mais das periferias, muitas vezes, estão trabalhando em empregos sem grandes perspectivas. Além disso, eles têm muita dificuldade de acesso à educação formal. Só que as empresas querem profissionais que tenham metas de crescimento dentro de empresas Uma alternativa interessante fosse, talvez, pensar em baixar o nível de exigência da escolarização ou mesmo promover algum tipo de bolsa, incentivo pra estudo de modo que esses jovens mais pobres pudessem suprir também essa necessidade das empresas.
Qual o benefícios das empresas abrirem as portas para os jovens?
Ter jovens nos grupos, nas empresa, e utilizá-los nos planejamentos, nas discussões e nas decisões coletivas eleva consideravelmente os resultados de acertos na tomada de decisão. Isso já foi amplamente mapeado e comprovado.
E como fica a pirâmide do mercado de trabalho?
Um aspecto importante a respeito da juventude é que nós temos uma redução do número de jovens de maneira gradual. Hoje, as famílias têm cada vez menos filhos. E o número de jovens que estão entrando no mercado de trabalho é quase metade do que era a cerca de quarenta, cinquenta anos atrás. Ou seja, houve uma redução efetiva do número de jovens. E um detalhe: nós teremos ainda menos jovens pra entrar no mercado de trabalho, já que a média hoje de filhos por mulher no Brasil tem em torno de 1.77. O que, a médio prazo, indica uma redução, inclusive no número geral de habitantes.
Aumentando a quantidade de pessoas mais velhas, isso?
Exato. Do outro lado, a gente tem um aumento importante do número de idosos por conta dos avanços da medicina, por conta de que as pessoas estão se cuidando mais. E isso tem feito com que muitos idosos, pessoas da terceira idade e mesmo aposentados continuem trabalhando. E aqui vale pontuar: isso não significa que não há preconceito, há muito preconceito, inclusive em relação a presença dessas pessoas em universidades, em ambientes de trabalho, em ambientes de lazer e assim por diante.