CASO RUSCHEL
ESCRIVÃO ASSASSINADO: Companheira vai a júri em Novo Hamburgo
Quase 17 anos depois, em longo processo de polêmicas e reviravoltas, é marcada a data do plenário
Última atualização: 17/10/2023 20:42
Um dos processos de homicídio mais longos e polêmicos da história de Novo Hamburgo, marcado por reviravoltas, agora tem data de júri. A comerciante Adriana Guinthner irá ao banco dos réus no próximo 30 de outubro pelo assassinato do companheiro, o escrivão judicial Paulo Cesar Ruschel. O crime aconteceu há quase 17 anos.
O julgamento foi agendado na semana passada pela juíza Roberta Penz de Oliveira. Terá início às 9 horas no fórum local. A conclusão da Polícia Civil e do Ministério Público é de crime passional com motivação financeira. Adriana é acusada de matar Ruschel porque ele estaria querendo se separar. Ela responde por homicídio duplamente qualificado - motivo torpe (intenção de ficar com pensão e bens do escrivão) e recurso que impossibilitou defesa da vítima (ele estava dormindo quando levou os tiros fatais).
A ré nega envolvimento. Segundo ela, o assassinato teria relação com o trabalho do companheiro no fórum. Escrivão mais conhecido da história de Novo Hamburgo, com destacada atuação nas áreas criminal e eleitoral, Ruschel era servidor do Judiciário há mais de 23 anos.
“Finalmente, após tantos anos de tramitação, o processo vai ter um final. A família do Paulo espera que seja feita a justiça”, declara o advogado Fábio Adams, que atua como assistente de acusação. A defesa se manifesta por meio de nota: “O advogado Jader Marques, responsável pela defesa técnica de Adriana Guinthner, afirma que confia na justiça e vai demonstrar a inocência da cliente durante o júri”.
Processo de reviravoltas
Em setembro de 2009, o então juiz da 1ª Vara Criminal de Novo Hamburgo, André Vorraber Costa, decidiu que Adriana deve ir a júri. A defesa recorreu ao Tribunal de Justiça (TJ), onde a sentença foi derrubada. Por dois votos a um, em abril de 2013, a 2ª Câmara Criminal absolveu a ré.
O Ministério Público apelou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, que em junho de 2017 invalidou a decisão do TJ e restabeleceu a da vara inicial. Foi unânime. Os cinco ministros da 5ª Turma determinaram júri para a ré.
A defesa tentou reverter no Supremo Tribunal Federal (STF), mas o STJ negou seguimento do recurso. O advogado fez outras apelações, como a tentativa de exclusão das duas qualificadoras, e a ação penal seguiu se arrastando. No último dia 29, a juíza marcou o júri. Se condenada, a ré pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.
Entenda o caso
- Paulo Cesar Ruschel, 48 anos, foi morto com dois tiros na cabeça e um no tórax por volta das 2 horas de 22 outubro de 2006. Ele dormia quando uma pessoa entrou no quarto e disparou.
- O homicídio aconteceu na residência onde o casal morava, na Avenida Pedro Adams Filho, bairro Pátria Nova. Poucos dias depois, policiais civis e peritos fizeram a reconstituição do crime, com a participação da companheira, a principal suspeita, e apontaram contradições dela.
- Adriana Guinthner, na época com 36 anos, foi presa na tarde de 8 de novembro, ao sair da Prefeitura de Novo Hamburgo, onde trabalhava. Seis dias depois, ganhou habeas corpus e passou a responder em liberdade. Em 2019, abriu empresa do ramo alimentício em São Leopoldo.