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DIRETO DE ROCA SALES

DUDU NEWS: O primeiro passo do Vale do Taquari rumo à reconstrução após segunda maior enchente de sua história

Comunicador da Rádio ABC 103.3 FM esteve em Roca Sales nesta quinta-feira e conta o que viu

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Publicado em: 31/12/1969 às 21h:00 Última atualização: 07/09/2023 às 21h:56
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De um lado, moradores desolados e tentando resgatar o que sobrou. De outro, milhares de pessoas, vindas de todas as partes do Rio Grande do Sul, estendendo a mão e arregaçando as mangas para ajudar. E, ao centro, um cenário de destruição.

Casa destruída em Roca Sales após a enchente | Jornal NH



Casa destruída em Roca Sales após a enchente

Foto: Dudu News/Especial

Este é um breve resumo do sentimento que transmite a realidade de Roca Sales, uma das cidades do Vale do Taquari mais atingidas pela enchente desta semana, a segunda maior da história da região. Uma catástrofe com danos ainda incalculáveis.

O “primeiro plano”, logo ao acessar a Avenida General Daltro Filho, uma das principais do Centro de Roca Sales, é de muita intensidade. Retroescavadeiras, carros, vans, caminhões por todos os lados dão o primeiro passo para a reconstrução do município.

É nesta via que funciona o coração das decisões da cidade neste momento de caos: o prédio do Centro de Assistência Social (CRAS), uma das poucas edificações públicas que restaram na cidade após a enchente.

Em frente a este prédio está o prefeito Amilton Fontana. Homem simples, se desdobra para receber as últimas informações, tomar decisões e, ao mesmo tempo, ajudar a população.

Quando o perguntei quais palavras ele usa para definir o que ocorreu, a resposta foi rápida, mas com os olhos marejados. “Filme de terror”. O prefeito afirma que a cidade perdeu praticamente todo seu comércio. “Não tem mais uma loja que venda água aqui sequer. Perdemos tudo, tudo.”

Parte interna da Lebes de Roca Sales após a enchente | Jornal NH



Parte interna da Lebes de Roca Sales após a enchente

Foto: Dudu News/Especial

Poucos passos à frente de onde estava o prefeito, um homem com as roupas cheias de barro acompanha o relato enquanto tenta salvar algo em meio aos entulhos. Vilson confessou que o pior já havia passado.

Ele contou que “só deu tempo de levantar os móveis de casa e buscar abrigo, se não morreria”. “Fiquei desde o fim de semana sem tomar água e comer. A minha maior alegria foi quando chegaram viandas de comida e água agora de manhã. Foi a salvação”, me disse ele, chorando. Apontava para a ponta do forro da casa, onde a água chegou. Não sobrou nada.

Comerciante Karen Wolken, de Roca Sales | Jornal NH



Comerciante Karen Wolken, de Roca Sales

Foto: Dudu News/Especial

De luvas e botas, uma gerente de loja abria, pela primeira vez, as portas do estabelecimento. Karin Wolken contou que, enquanto trabalhava, ouviu relatos de que o rio estava subindo.

“Nunca imaginei que iria ser assim. Nossa cidade está devastada, destruída. Estamos sem chão”, contou. Ao olhar profundamente para o pouco que sobrou da loja Casa do Real, ela me pediu um abraço no fim da entrevista. Ficamos em absoluto silêncio.

A cada passo, a cada metro que se andava em Roca Sales, a perplexidade tomava conta. Mas a união de moradores, amigos, parentes e voluntários anônimos aqueciam os corações e traziam um sentimento de fé para um momento tão devastador.

Fábrica de calçados atingida pela enchente em Roca Sales | Jornal NH



Fábrica de calçados atingida pela enchente em Roca Sales

Foto: Dudu News/Especial

Em um enorme ginásio, montado como base de operações, tudo era feito: de comida a abrigo para moradores da cidade. Próximo dali, um posto de gasolina que foi devastado pela enchente agora funciona como ponto de arrecadação e entrega de doações.

E foi em uma placa presa na parede, com uma senha de wi-fi em uma cidade sem alguma conexão de internet, que achei a melhor frase para definir tudo o que vi: “Empatia é quando a ferida não é tua, mas dói em você”.

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