Na semana passada a fabricante de armas Taurus, com sede em São Leopoldo, demitiu cerca de 100 funcionários. Do início do ano até agora os desligamentos já passam de 300 e a empresa atribui a crise aos dois decretos do governo federal que dificultam o acesso a armas no País. A empresa também suspendeu a construção de uma unidade básica de saúde em São Leopoldo.
No entanto, o decreto mais recente, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último dia 21, atendeu a pelo menos sete pedidos do setor armamentista. As sugestões do setor haviam sido formalizadas em documento enviado ao ministro da Defesa, José Múcio, ainda no governo de transição. A informação é do colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.
O documento da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam) foi encaminhado dia 14 de dezembro ao governo de transição. O presidente da entidade, Salesio Nuhs, afirmou que as propostas eram apresentadas “em nome do segmento de armas e munições”. As informações constam de um levantamento do Instituto Sou da Paz. Os sete pontos citados nesse documento e que foram incorporados ao decreto da última semana são os seguintes:
1. Exclusão da presunção da efetiva necessidade para obter armamento;
2. Permissão de posse de armas na extensão da propriedade rural;
3. Divisão dos caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) por categoria;
4. Manutenção de regras para caçador de subsistência;
5. Exigência de registro no Ibama para caçador de controle;
6. Proibição de circulação de armas e munições de colecionador sem exposição autorizada;
7. Revogação do registro a cada cinco anos.
Alguns pleitos da indústria armamentista, por outro lado, foram rejeitados. Entre eles, uma anistia que permitiria a renovação de registros vencidos. Também foi tentada, sem sucesso, a criação de uma agência reguladora para fiscalizar o controle de armas e munição. O governo decidiu passar essa atribuição do Exército para a Polícia Federal.
LEIA TAMBÉM