MOTORES

Conheça a história da fábrica de caminhões FNM, um ícone da indústria nacional

Detido, jovem caminhoneiro de Estância Velha, chama atenção nas ruas e na internet com seu caminhão da marca

Publicado em: 20/08/2023 20:43
Última atualização: 22/08/2023 08:44

A história do jovem caminhoneiro Mateus Machado, de 22 anos, contada semana passada pelo Jornal NH, chamou atenção na internet. Morador de Estância Velha, ele atrai olhares por onde anda com seu barulhento caminhão FNM – ou Fenemê, como se diz no popular – fabricado em 1970 e comprado durante a pandemia justamente para ajudar a preservar um pedaço da história automotiva nacional.


Fotos antigas mostram parte da história da FNM, no Rio de Janeiro Foto: Reprodução

Conhecido como Detido do FNM, Machado também é sucesso na internet com seus vídeos mostrando o caminhão e a rotina de quem o dirige. Além do aspecto de antigamente, o caminhão tem duas alavancas de marcha e a porta abre ao contrário. "Esse aqui não virou prego", orgulha-se, contando que a maioria dos FNM já foi para o desmanche.


Detido do Fenemê acumula seguidores nas redes sociais Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

A história da FNM

O modelo realmente marcou época no País. O que seria uma fábrica de motores de avião de guerra virou um dos símbolos do transporte de cargas. Era 1940 quando o governo de Getúlio Vargas iniciou a construção da unidade no distrito de Xerém, em Duque de Caxias (RJ). A inauguração foi em junho de 1942. Era tempo de guerra e o governo dos Estados Unidos ajudou a financiar a fábrica de motores de avião.

Mas a fábrica de Xerém começou a operar mesmo somente em 1946. Considerados obsoletos, poucos motores de avião chegaram a ser montados e distribuídos. Veio então a reformulação da unidade, que passou a produzir de geladeira a peças para trens.

Caminhões, só no fim dos anos 1940

No começo de 1949 os caminhões começam a entrar na história. É firmado um contrato com a italiana Isotta Fraschini voltado a um modelo a diesel. Primeiro seria apenas montado em Xerém mas, com o tempo, a fabricação aconteceria no local. No primeiro ano foram montados duzentas unidades, que receberam o nome de FNM IF-D-7300. O FNM era abreviação de Fábrica Nacional de Motores.

Fotos antigas mostram parte da história da FNM, no Rio de JaneiroReprodução
Fotos antigas mostram parte da história da FNM, no Rio de JaneiroReprodução
Fotos antigas mostram parte da história da FNM, no Rio de JaneiroReprodução

A chegada da Alfa Romeo

Em 1950 a Isotta entra em crise e a operação é suspensa. No lugar entra como parceria da estatal FNM a também italiana Alfa Romeo e o foco passa a ser a produção de caminhões e chassis de ônibus. Os caminhões foram batizados de FNM-Alfa Romeo D-9.500. Eles começaram a ser entregues no fim de 1951. Robusto, logo o caminhão caiu nas graças dos transportadores de carga do Brasil.

Em 1958 o portfólio já estava maior e, em 1960, é lançado o primeiro automóvel Alfa Romeo fabricado na unidade de Xerém. Derivado do Alfa Romeo 2000, o modelo foi batizado de FNM JK, em homenagem à fundação de Brasília. Depois vieram mais três modelos.

Uma das primeiras privatizações

A FNM foi uma das primeiras estatais a ser privatizada no Brasil. Foi em 1968, com a venda da fábrica para matriz italiana da Alfa Romeo. Segundo o site Alta-FNM, no início dos anos 1970 foram lançados novos modelos de caminhões.

Em 1973 a Fiat compra quase metade das ações da Alfa Romeo, assumindo o controle da marca três anos depois. A produção foi mantida, mas começaram as mudanças. Em 1985, já administrada pela Iveco – empresa italiana do grupo Fiat –, a unidade encerra suas operações. A venda de caminhões vinha em queda livre nos últimos anos.

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