Com o Dia das Crianças se aproximando, o comércio cria expectativas de vendas para a data. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), neste ano, apesar de haver aspectos conjunturais de sustentação ao consumo, há também um conjunto de fatores que pesam de forma desfavorável ao desempenho esperado das vendas, como o patamar de juros altos e níveis de inadimplência elevados.
De acordo com a Fecomércio, as vendas, em termos reais, devem se aproximar ou ter leve aumento em relação ao resultado de 2022. Para a entidade, o cenário econômico é, ainda, reflexo da pandemia, pois decorrente dela houve mais endividamento das famílias.
Em Novo Hamburgo, o presidente do Sindilojas, Gerson Müller, confirma que o Dia das Crianças não deve ter impacto expressivo no aumento das vendas do comércio varejista. Em relação a setembro, por exemplo, ele acredita que a data deve incrementar cerca de 2% nas vendas do setor. O Sindilojas não faz projeção em relação ao mesmo período do ano passado. “O e-commerce inibe as lojas físicas e a economia ainda não voltou aos patamares de anos anteriores”, justifica. Ainda conforme Müller, as dificuldades do comércio varejista não são um fenômeno local. “No Brasil e no mundo, a situação é parecida. Por isso, o setor tem que se reinventar a cada dia”, reforça Müller.
Dona Jessi prefere comprar em loja física
Sócia-proprietária de uma loja de brinquedos no Centro de Novo Hamburgo, Lídia Escalante sente em seu estabelecimento os reflexos do cenário econômico apontado pela Fecomércio-RS e pelo Sindilojas-NH.
“Nada se compara aos movimentos que a loja tinha anos atrás. Desde a pandemia, diminuiu ainda mais. A essas horas eu estaria com fila aqui, o que não é mais a realidade. Mas acredito que na quarta-feira (hoje) o movimento seja mais intenso”, torce Lídia.
A aposentada Jessi dos Santos, 80 anos, não deixou para a véspera do Dia das Crianças e foi logo garantir os presentes para os bisnetos. “Eu não compro pela Internet, prefiro vir aqui na loja e escolho vir logo para não pegar movimento”, conta Jessi, que escolheu levar três brinquedos semelhantes para os seus bisnetos.
Além da pandemia, Lídia menciona mudanças no estacionamento rotativo no Centro de Novo Hamburgo e a concorrência com as vendas pela Internet como justificativas para a queda no movimento. “Hoje, o cliente prefere uma loja de bairro ou ir ao shopping, e isso por causa do estacionamento. Sem contar que as compras on-line estão ganhando força e enfraquecem o presencial. Mas estamos com um estoque bom em brinquedos variados.”
Expectativas para o Natal
Se o Dia das Crianças não parece animar tanto o comércio, o Natal que se aproxima é diferente. Gerente de uma loja de roupas infantil, Márcia Haubert aposta na data para vender mais. “Nosso movimento essa semana está bem parado, temos expectativas que melhore. Mas como as roupas não são tão procuradas nesta época, disponibilizamos alguns brinquedos didáticos e diferenciados”, conta a gerente.
Segundo o vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Novo Hamburgo, Chico Ferraz, no Natal há incentivos para a compra no comércio local, como a campanha Natal Premiado, que este ano irá sortear três motos, bicicletas e outros prêmios, inclusive para vendedores. “Nossa entidade vem fomentando bastante o comércio, mas entendemos que o período, até pelas chuvas seguidas, está atrapalhando as vendas. Muitas empresas no Centro recuaram por causa de valores altos dos aluguéis. Mas a expectativa para o Natal é vender, pelo menos, o mesmo do ano passado”, diz Ferraz.
LEIA TAMBÉM