Após mais um ciclone extratropical, acompanhado de fortes chuvas que causaram inundações e estragos nos Vales do Caí, dos Sinos e Taquari, a questão climática voltou a ser discutida no Estado. Em Canoas foram cerca de 311 milímetros de chuva nos últimos 14 dias, 111,5% a mais do que a média histórica do mês de setembro, que é de 147 milímetros.
Pensando nisso, a Prefeitura de Canoas criou no mês de maio, durante a reforma administrativa, o Escritório de Resiliência Climática (Eclima). O município é o primeiro da região sul e um dos cinco do país a contar com uma estrutura deste modelo. “Tivemos pouquíssimo tempo para criar a administração e logo enfrentamos uma sequência de eventos climáticos extremos”, avalia o titular da pasta, Aristeu Ismailow.
O pioneirismo canoense pretende determinar as causas, consequências e mostrar soluções para evitar desastres causados pelas transformações do clima. “Canoas larga na frente em matéria de planejamento da cidade. O Eclima veio para ser o ator que vai buscar equilíbrio entre a cidade como ela está e que precisa crescer de maneira responsável, pensando no meio-ambiente e ao mesmo tempo, no desenvolvimento.”
Eclima na prática
No dia 2 de setembro o Eclima emitiu o primeiro alerta aos canoenses. O comunicado destacou a possibilidade de temporal a partir do domingo (3). “Dividimos em aviso, alerta e emergência.”, salienta Ismailow.
O alerta foi o sistema utilizado para as últimas chuvas. “O aviso é quando não sabemos exatamente se vai acontecer. Já o alerta é para casos com certeza absoluta. Os eventos de setembro foram os mais extremos até então no município.”
Para atuar em todas as frentes, o Escritório foi dividido em três diretorias. “Temos o monitoramento do clima. A área de projetos, com o propósito de projetar e executar as ações de prevenção aos efeitos. Já a terceira diretoria se trata da Defesa Civil.”
Entre os estudos, existe a possibilidade de ampliar as áreas verdes e a expansão de estações meteorológicas a partir de outubro. “Hoje temos sete estações, cinco da Cemaden e duas da Metsul. Queremos atingir toda a cidade.” Um novo dique também começou a ser construído no bairro Mato Grande. “Era uma área desprotegida.”
Linhas de crédito
O secretário explicou que recentemente órgãos internacionais têm oferecido linhas de financiamento para investir em resiliência climática. “Nossa intenção é fazer a aproximação através de projetos e buscar esses investimentos.” O prefeito Jairo Jorge, foi na mesma linha, reiterando que os investidores vão olhar para aquelas cidades melhores preparadas. “Não podemos dar velhas respostas para novas perguntas.”
No que se refere a importância do Eclima, Jairo Jorge afirmou que o ganho foi uma forma de responder ao tema da mudança climática. “Agora temos algo mais moderno e dinâmico, uma força tarefa atuando em várias frentes.” Questionado se a Defesa Civil sozinha não poderia fazer o mesmo serviço, o prefeito disse que não. “A Defesa Civil olha apenas um aspecto do problema. Com o Escritório, conseguimos visualizar como um todo.”
Jairo Jorge adiantou a elaboração de um Projeto de Lei abordando dois temas: a criação de um voluntariado para auxiliar em situações extremas e a criação de uma força emergencial da Defesa Civil, com a presença de bombeiros civis. “Isso é preparar e pensar a cidade como um todo”, completa o prefeito.
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