REVELAÇÕES
CLÍNICA CLANDESTINA: O que vizinhos do lar dizem sobre o caso
Casal de agricultores só soube o que acontecia na casa murada quando agentes da Polícia Civil chegou ao endereço
Última atualização: 17/10/2023 23:19
Uma moradora da localidade de Santa Cruz da Concórdia, onde ficava a clínica clandestina descoberta pela Polícia na segunda-feira (2), revela que todas as semanas a funcionária do lar a procurava para pedir comida para oferecer aos pacientes e para si própria.
“Ela vinha aqui me pedir o que comer, porque não tinha nada para oferecer aos idosos. Eu dava pão, mortadela e cigarros para ela, pelo menos, uma vez por semana”, conta.
Ainda, segundo a moradora, a funcionária da clínica afirmava que o patrão levava esporadicamente alimentos para a casa. “Carne, eu acho que eles nunca viram lá. Era arroz e macarrão. Esses dias ela veio e disse que não sairia comida, pois o gás havia acabado.”
A testemunha, localizada pela reportagem do Jornal NH na tarde de terça-feira, prefere não se identificar por medo. Segundo ela, a funcionária do local também relatava abertamente as violências que sofriam na clínica clandestina.
“A (nome da vítima que não será divulgado) vinha aqui e era quase que um pedido de socorro. Ela nunca me pediu ajuda, mas me dizia assim: alguém precisava denunciar”, expõe.
A moradora nunca denunciou por medo de sofrer represálias. “Ela me falou tudo isso: que era estuprada, agredida e ameaçada pelo patrão.”
Vizinhos da clínica contam como descobriram o que acontecia no local
Vizinhos da clínica clandestina localizada na Rua Padre Réus revelaram que nunca desconfiaram de nada e nem sabiam que no local funcionava um asilo.
O casal de agricultores Sadi de Moraes, 55 anos, e Salete, 60, só soube o que acontecia na casa murada quando agentes da Polícia Civil bateram na casa deles, no final da tarde de segunda-feira (2), para pedir água potável para oferecer aos idosos.
“Os policiais vieram aqui e disseram que os idosos já não tinham água para beber há dois dias”, afirma Sadi.
Salete explica que o casal nunca desconfiou de nada. “Não se ouvia gritos ou choros de pessoas, apenas dava latido dos cães e o berro do boi. Dava para ouvir os porcos também”, disse.
A idosa conta que sabia que alguém morava no imóvel, pois havia movimentação de carros, especialmente aos finais de semana, mas estranhava o fato de a casa nunca ser aberta. “Nenhuma porta ou janela aberta, isso sempre me causou estranheza”, conclui.