VALE DO PARANHANA

CLÍNICA CLANDESTINA: "Nenhum familiar nos procurou para saber dos idosos", afirma delegado

Titular da Delegacia de Polícia de Taquara, que comanda a investigação, acredita que idosos eram deixados na clínica para morrer

Publicado em: 03/10/2023 19:23
Última atualização: 17/10/2023 23:17

ATUALIZAÇÃO:

O caso dos idosos resgatados em condições desumanas de uma clínica geriátrica clandestina, no interior de Taquara, ganha contornos ainda mais trágicos com o passar das horas. Até as 16h30 desta terça-feira (3) – cerca de 24 horas após a operação que localizou as vítimas e libertou uma funcionária do cárcere privado –, a Polícia Civil ainda não havia recebido telefonemas ou sido procurada por familiares dos idosos.


Imóvel onde funcionava clínica clandestina, no interior de Taquara, era alugado Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

"Até agora nenhum familiar tentou falar conosco para saber deles. Aliás, esse é um ponto da investigação que precisa avançar, pois queremos saber como esses pacientes iam parar ali", afirma o delegado Valeriano Garcia Neto.

A Polícia prioriza a arrecadação de provas para embasar pedido de prisão contra o proprietário do local e o enteado dele, para, em um segundo momento, desdobrar a investigação e buscar os esclarecimentos faltantes no que diz respeito às vítimas e seus familiares.

Contudo, o delegado não descarta que os familiares também possam vir a ser penalizados pelo abandono dos idosos no lar. Embora ainda tenham pontos sem nó na investigação, a Polícia já sabe que a clínica recebia R$ 1,3 mil por mês para cuidar de cada idoso.

Após o resgate, os pacientes foram encaminhados para a rede de saúde pública, onde foram examinados e medicados. Depois, foram levados a uma clínica geriátrica em caráter temporário. 

"Eram deixados lá para morrer"

Cães adultos e filhotes e uma vaca ainda estavam no quintal da clínica na tarde desta terça-feira (3)Isaías Rheinheimer/GES-Especial
Imóvel onde funcionava clínica clandestina, no interior de Taquara, era alugadoIsaías Rheinheimer/GES-Especial

Conforme Neto, os pacientes que estavam na clínica clandestina seguem um perfil. "São pessoas inativas, acamadas e que tinham rendimentos", elenca. Na avaliação do delegado, essas pessoas eram deixadas na clínica para morrer.

Além da falta de interesse por parte dos familiares, o que também corrobora a tese da Polícia é a condição em que foram encontrados os idosos e um adulto em estado vegetativo.

Quando a Polícia Civil chegou à clínica clandestina, na tarde de segunda-feira (2), encontrou pessoas desnutridas, com fome, e convivendo com porcos, galinhas e cães dentro do mesmo ambiente em que dormiam. "Eles estavam desnutridos, com fezes escorridas pelas pernas e dias sem banho", descreve o titular da DP de Taquara.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
CategoriasRSTaquara
Matérias Relacionadas