ATUALIZAÇÃO:
- Polícia e Bombeiros levam cães farejadores para procurar corpos no terreno
- “Nenhum familiar nos procurou para saber dos idosos”, afirma delegado
- Justiça nega pedido de prisão preventiva contra dono do estabelecimento e enteado
O caso dos idosos resgatados em condições desumanas de uma clínica geriátrica clandestina, no interior de Taquara, ganha contornos ainda mais trágicos com o passar das horas. Até as 16h30 desta terça-feira (3) – cerca de 24 horas após a operação que localizou as vítimas e libertou uma funcionária do cárcere privado –, a Polícia Civil ainda não havia recebido telefonemas ou sido procurada por familiares dos idosos.
“Até agora nenhum familiar tentou falar conosco para saber deles. Aliás, esse é um ponto da investigação que precisa avançar, pois queremos saber como esses pacientes iam parar ali”, afirma o delegado Valeriano Garcia Neto.
A Polícia prioriza a arrecadação de provas para embasar pedido de prisão contra o proprietário do local e o enteado dele, para, em um segundo momento, desdobrar a investigação e buscar os esclarecimentos faltantes no que diz respeito às vítimas e seus familiares.
Contudo, o delegado não descarta que os familiares também possam vir a ser penalizados pelo abandono dos idosos no lar. Embora ainda tenham pontos sem nó na investigação, a Polícia já sabe que a clínica recebia R$ 1,3 mil por mês para cuidar de cada idoso.
Após o resgate, os pacientes foram encaminhados para a rede de saúde pública, onde foram examinados e medicados. Depois, foram levados a uma clínica geriátrica em caráter temporário.
“Eram deixados lá para morrer”
Conforme Neto, os pacientes que estavam na clínica clandestina seguem um perfil. “São pessoas inativas, acamadas e que tinham rendimentos”, elenca. Na avaliação do delegado, essas pessoas eram deixadas na clínica para morrer.
Além da falta de interesse por parte dos familiares, o que também corrobora a tese da Polícia é a condição em que foram encontrados os idosos e um adulto em estado vegetativo.
Quando a Polícia Civil chegou à clínica clandestina, na tarde de segunda-feira (2), encontrou pessoas desnutridas, com fome, e convivendo com porcos, galinhas e cães dentro do mesmo ambiente em que dormiam. “Eles estavam desnutridos, com fezes escorridas pelas pernas e dias sem banho”, descreve o titular da DP de Taquara.
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