CLÍNICA CLANDESTINA: Justiça nega pedido de prisão preventiva contra dono do estabelecimento e enteado

A Polícia Civil pediu a prisão preventiva do dono da clínica clandestina de Taquara que mantinha idosos em condições insalubres e do enteado dele. Segundo o delegado responsável pelo caso, Valeriano Garcia Neto, o pedido foi negado pela Justiça no fim da tarde desta terça-feira (3). "O juiz achou insuficiente", afirmou o delegado.

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No despacho, ao qual a reportagem teve acesso, o juiz diz que "não está demonstrado justo receio de perigo caso respondam ao processo em estado de liberdade" e que não vê como "decretar a prisão com base na necessidade de se garantir a integridade da instrução criminal".

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Contudo, foram determinadas medidas cautelares para que os dois investigados não se aproximem de vítimas e testemunhas sob pena de prisão em caso de descumprimento. Eles também deverão comparecer mensalmente ao Foro de Taquara para atualizar endereço e telefone.

A promotora de Justiça do Ministério Público (MP) de Taquara Ana Maria Hahn Souza se disse surpresa com a decisão. Segundo ela, "não houve prévia manifestação do MP", que irá recorrer.

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Agora, a Polícia pretende dar continuidade ao trabalho de investigação, que consiste em ouvir testemunhas e juntar laudos periciais ao inquérito, para que o pedido seja refeito.

A clínica geriátrica clandestina foi descoberta pela Polícia Civil e pela Vigilância em Saúde e Assistência Social do município na tarde de segunda-feira (2). Dez pessoas foram resgatadas do local, que fica na zona rural de Taquara, no Vale do Paranhana. De acordo com a Polícia Civil, a ação aconteceu após uma denúncia anônima.

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As vítimas foram levadas ao Hospital Bom Jesus para passar por avaliação médica. Do grupo resgatado, duas pessoas são paraplégicas. 

Conforme os policiais que estiveram na clínica, o local não tinha água para consumo dos pacientes, que passavam sede. O espaço era completamente insalubre. Entre os dez resgatados está uma funcionária que era mantida em situação análoga à escravidão.

À Polícia, ela relatou que vivia sob ameaças e que era estuprada duas vezes por semana pelo patrão e pelo enteado dele. "Tinha medo de denunciar."