MAUS-TRATOS

CLÍNICA CLANDESTINA: "Condições desumanas": Idosos são resgatados de maus-tratos no Vale do Paranhana

Vítimas relataram aos policiais que eram obrigadas a dividir cômodos da moradia com galinhas e até porcos

Publicado em: 02/10/2023 22:05
Última atualização: 17/10/2023 23:12

ATUALIZAÇÃO:

Dez pessoas foram resgatadas de uma clínica geriátrica clandestina na zona rural de Taquara, no Vale do Paranhana, na tarde desta segunda-feira (2). De acordo com a Polícia Civil, a ação aconteceu após uma denúncia anônima. Agentes da Assistência Social e da Vigilância Sanitária do município acompanharam os policiais no estabelecimento, que fica no bairro Santa Cruz da Concórdia.

Idosos são resgatados de clínica clandestina em TaquaraPolícia Civil
Idosos são resgatados de clínica clandestina em TaquaraPolícia Civil
Debilitadas física e mentalmente, foram levadas ao hospital na tarde de segunda-feiraPolícia Civil/DIVULGAÇÃO

As vítimas foram levadas para o Hospital Bom Jesus, onde passam por avaliação médica. "Possivelmente, alguns deles vão precisar de internação", afirma o delegado Valeriano Garcia Neto. Do grupo de idosos resgatados, duas pessoas são paraplégicas. 

De acordo com a Polícia Civil, o local não tinha nem mesmo água para consumo dos pacientes, a maioria idosos. "Estou louca de sede", disse, chorando, uma das idosas no momento do resgate.

Não havia água nem mesmo para a descarga do banheiro. Conforme a investigação, a propriedade estava há dois dias sem água potável e a orientação do proprietário era para que a água suja -  que chegava a estar verde - de uma piscina de fibra, fosse usada para o banho das vítimas e também para cozinhar.  Essa mesma água, também servia para lavar as roupas de cama e dos moradores. “Condições péssimas, condições desumanas”, descreve o delegado sobre o que viu no local. 

Segundo Neto, além de desidratadas as vítimas apresentavam indícios de desnutrição. As vestimentas estavam extremamente sujas, os pacientes ficavam em ambientes com muita sujeira e dividiam a moradia com galinhas, que andavam livremente pelos cômodos.  "Elas estão sempre aqui dentro, junto com nós", revelou um residente. Em outro espaço, porcos eram criados na mesma sala em que pacientes ficavam alojados. 

Uma mulher que trabalhava na clínica relatou aos policiais que, entre as suas atribuições, além de ajudar a cuidar dos idosos, realizava tarefas domésticas. "Ele acha que sou a empregada dele, tenho a obrigação de trabalhar e cozinhar de graça".

Os medicamentos também eram armazenados de forma inapropriada. O fornecimento de comida também era precário. De acordo com a funcionária, "quando não tinha comida era só pão. Nem café tinha". 

O responsável não estava no local no momento da ação e não se apresentou. "Já foi identificado. Nas próximas horas será protocolado junto ao Poder Judiciário o pedido de prisão preventiva de dois indivíduos responsáveis por essa clínica clandestina", afirmou o delegado na noite desta segunda. 

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