A Base Aérea de Canoas recebeu na manhã desta sexta-feira (21), a formatura em homenagem aos 150 anos de Alberto Santos Dumont. Considerado pai da aviação mundial, o brasileiro nasceu no dia 20 de julho de 1873, em Minas Gerais. Aos 18 anos se mudou para Paris, e foi na capital francesa que Dumont desenvolveu o Oiseau de Proie, Ave de Rapina em francês, ou simplesmente, 14-bis.
Uma réplica do lendário avião inclusive esteve presente nas comemorações, encantando os civis e militares presentes. Um ator interpretando o inventor era constantemente solicitado para tirar fotos. As fotos, aliás, foram um sucesso, com pessoas formando filas para fazer uma selfie ou apenas registrar o momento ao lado do ícone da aviação.
O aviador tinha 33 anos em 1906 e no dia 23 de outubro, com motor Antoinette de 50 HP, o 14 Bis voou. A invenção brasileira ficou no ar por uma distância de 60 metros, a três metros de altura, e aterrissou. Era o primeiro voo homologado do avião que ficou conhecido como ‘mais pesado que o ar’.
Evolução
O primeiro avião da história pesava 160 quilos e tinha a capacidade de apenas um tripulante, justamente o piloto. O acento, ou cesto, lembrava o de um dirigível, no entanto, ao contrário das primeiras versões da antiga aeronave, ninguém ficou ‘pendurado’ no céu. Foram cerca de dez modelos de dirigíveis criados por Santos Dumont antes de idealizar o avião.
Se comparado com um Boeing Airbus A320, utilizado atualmente por muitas companhias aéreas, a diferença é gigantesca. O peso? 55 toneladas, sem passageiros. Podendo pesar até 79 toneladas em alguns modelos e abrigar mais de 100 pessoas sentadas.
Relevância no cenário internacional e último voo
Podendo chegar aos 30 km/h, o 14-bis não era totalmente controlável. Jornais da época questionavam se o avião brasileiro havia sido realmente o primeiro e também era criticado pela afirmação que só poderia voar em linha reta. Se compararmos mais uma vez com o Airbus A320, o Boeing pode chegar a impressionantes 900 km/h, uma evolução e tanto nestes 117 anos que separam o voo inaugural do 14-bis.
E foi justamente a falta de estabilidade que ‘aposentou’ a aeronave em abril de 1907. Foi quando Dumont se chocou contra o chão e ao invés de recuperar o 14-bis, resolveu destruílo. Algumas peças foram utilizadas em outros aviões construídos na sequência.
Apesar da discussão acerca da invenção do avião, o brasileiro é reconhecido internacionalmente como um dos gênios de sua época. Um monólito foi construído no Campo de Bagatelle, local do primeiro voo do 14-bis. Ainda na França, um monumento foi erguido em Saint-Cloud.
O coração do aviador está exposto no museu da Força Aérea no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro.
Santos Dumont e Força Aérea Brasileira
Alguns biógrafos do inventor brasileiro afirmam que Dumont pode ter cometido suícidio ao ver sua invenção sendo utilizada em guerras. Ainda assim, e apesar de nunca ter sido militar, Santos Dumont é considerado o patrono da Força Aérea Brasileira (FAB).
Para o major-brigadeiro do ar, Marcelo Fornasiari Rivero, comandante do V Comar, o legado do aviador se confunde com o da FAB. “O empreendedorismo, idealismo, construção de algo novo. E foi isso que a Força Aérea fez. Se a gente pudesse falar, com toda a petulância, que estamos seguindo os ensinamentos de Santos Dumont.”
O comandante também reitera o orgulho pela obra do brasileiro. “É o sonho mais importante e antigo do ser humano é sair do chão. Talvez algo que fosse inatingível, ele foi lá e fez. Sendo o instrumento que mais propiciou o desenvolvimento da sociedade”, completou.
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