Castigada pelo fenômeno climático El Niño, a agricultura em Nova Santa Rita sofre os efeitos do excesso de chuvas e inundações. Segundo o laudo circunstanciado de perdas emitido pela Emater-RS do município, as intempéries ocorridas no mês de setembro resultaram em prejuízo de R$ 12,1 milhões.
Segundo o engenheiro agrônomo da Emater/Ascar Igor de Bearzi, a perda de produtividade varia conforme a cultura, de 30% a 70%. “No leite tivemos 30% de perda. Metade dos 70 hectares plantados de milho não germinaram. Nas hortaliças o impacto foi de 60% e no melão, 70%.”
No cálculo de perdas, a rizicultura (cultivo agrícola do arroz) não está incluso, explica Bearzi. “O plantio do arroz está atrasado devido ao solo encharcado. Não houve tempo hábil para a preparação da terra, temos localidades ainda com alagamentos e outras com o solo muito úmido. Portanto, não há como calcular os prejuízos”, salienta.
De acordo com o engenheiro agrônomo, o período ideal para o plantio é até 15 de novembro. “É necessário de sete a dez dias sem chuva para o solo secar por completo. O retardo no plantio é inevitável, mesmo que as chuvas cessem, não há maquinário o suficiente. Os agricultores não dispõem de dez tratores ao mesmo tempo, para suprir o atraso”, avalia.
A área destinada para o plantio de arroz em Nova Santa Rita é de 4.500 hectares. “Infelizmente, a demanda por arroz será maior que a oferta. Teremos impacto na qualidade e no preço do cereal”, afirma Bearzi.
Localidades
O município possui sete localidades rurais. São elas: Caju, Sanga Funda, Pedreira, Berto Círio, Morettes, Centro e Granja Nenê. Para elaborar o relatório de perdas, profissionais da Emater-RS visitaram (por amostragem) todas as regiões. Entre 25 de setembro e 3 de outubro foram feitas de 20 a 30 visitas.
“Temos 417 estabelecimentos, entre propriedades arrendadas e assentamentos da reforma agrária. O excesso de chuva afetou todas as localidades. Estamos enfrentando um ano desfavorável para a agricultura”, destaca.
No começo de 2023, os agricultores nova-santaritenses enfrentaram a seca oriunda do fenômeno climático La Niña. Na época, a perda ultrapassou os R$ 10 milhões. “Nossa orientação é para que os produtores procurem a Emater-RS e a Secretaria da Agricultura da cidade. Estamos organizando visitas e ações para auxiliar todos.”
Ações no município
Conforme o secretário de Agricultura de Nova Santa Rita, Emerson Giacomeli, a situação de emergência decretada pelo município é válida por 180 dias. “Estamos no aguardo da homologação do Estado e da União, que deve sair nos próximos dias”, diz.
A partir do decreto, algumas ações já estão em operação na cidade. “Estamos trabalhando em três níveis de ajuda. Na área social, de infraestrutura e de produtividade. Dando assistência para as famílias produtoras afetadas e realizando ações de recuperação de estradas e isenção de impostos”, salienta.
Segundo o titular da pasta, foram entregues cestas básicas para as famílias produtoras. Para garantir a trafegabilidade nas áreas rurais e estradas, equipes operam com máquinas a desobstrução de estradas. Durante três meses (outubro, novembro e dezembro, os agricultores terão isenção em todas as taxas de serviço ofertadas pela Secretaria Municipal de Agricultura.
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