TRADIÇÕES GAÚCHAS

Cerimônia de expansão da chama crioula reforça tradições gaúchas na região

Cerimônia com a guarda de honra ocorreu na manhã deste sábado, em Dois Irmãos

Publicado em: 09/09/2023 12:17
Última atualização: 17/10/2023 21:10

 A Associação Cultural de Tradições Gaúchas (ACTG) Portal da Serra, de Dois Irmãos, foi palco da cerimônia da expansão da chama crioula da 30º Região Tradicionalista (RT). O encontro com a guarda de honra ocorreu na manhã deste sábado (9) e marcou também o início das celebrações da  34ª Semana Farroupilha do município.


Prefeito Jerri durante a cerimônia Foto: JULIANA NUNES/GES-ESPECIAL

A centelha veio da cidade de Cristal e foi recebida pelo prefeito Jerri Meneghetti, na última  segunda-feira (28). A partir da cerimônia de expansão deste sábado (9), cada comitiva seguiu para sua cidade. Além de Dois Irmãos, integram a 30ª RT: Araricá, Campo Bom, Estância Velha, Ivoti, Lindolfo Collor, Morro Reuter, Nova Hartz, Novo Hamburgo, Presidente Lucena, Santa Maria do Herval e Sapiranga.

"É um momento muito importante. Cumprimento a guarda de honra que fez toda esta trajetória no lombo do cavalo mesmo com tantas intempéries. Nada no nosso Estado é fácil, temos inverno rigoroso, ciclones, mas seguimos firmes mantendo as tradições gaúchas vivas nos nossos corações", ressaltou o prefeito Jerri.

 A patroa do ACTG Portal da Serra Cristiane Fruhling Wagner ficou emocionada com o momento. "É uma alegria muito grande, especialmente para mim já que sou a primeira mulher à frente da ACTG em toda sua história. É emocionante, me sinto honrada. É como se eu representasse todas as mulheres. E mesmo abaixo de chuva eles vieram, mantendo firme a nossa tradição. O tradicionalismo é um movimento que se renova", diz.

Durante a celebração, Cristiane também lembrou da situação das enchentes e lamentou pelas famílias, especialmente no Vale do Taquari. "Estamos em uma situação muito melhor e agradecemos por estarmos aqui." 

O movimento tradicionalista arrecadou doações para os desabrigados no Vale do Taquari. O gesto foi reconhecido também pelo prefeito de Dois Irmãos.

 A guarda de honra

 A condução da chama utilizando cavalos ocorre desde 1947. A viagem era feita por pequenas delegações e a partir de 2008 se formou a comitiva oficial que percorreu 350 quilômetros em 10 dias. A tradição foi se consolidando. Este ano, a chama crioula saiu da cidade de Cristal no dia 27 de agosto.

Everton durante cerimônia da expansão da chama crioula em Dois Irmãos Foto: JULIANA NUNES/GES-ESPECIAL

Entre os membros da guarda de honra está o professor Everton Kisner Júnior, 30 anos, que é de Canoas, mas participa do CTG de Lomba Grande, em Novo Hamburgo. "Foi minha primeira participação e achei excelente. Uma forma de cultivarmos e mantermos viva a nossa tradição", comenta.


Luiz Alberto conduziu comitiva de Estância Velha Foto: JULIANA NUNES/GES-ESPECIAL

Com 71 anos, o açougueiro aposentado Luiz Alberto Goes não se importou com as mudanças de temperatura e chuvas e seguiu com a comitiva até o fim. "Nada é dificuldade quando se tem alegria no que se faz. O tradicionalismo é tudo na minha vida. Enquanto eu puder vou continuar", diz o morador de Estância Velha.

Gerações
Paloma e seu pai Jacó durante a cerimônia da expansão da chama crioula Foto: JULIANA NUNES/GES-ESPECIAL

E o tradicionalismo é algo que se passa de geração em geração. Na família Santos, de Lindolfo Collor, a estudante Paloma, 8, aprendeu desde cedo a cultivar as tradições gaúchas.

"Ando a cavalo desde os 2 anos, também danço no CTG e já fui prenda mirim. Também gosto muito de chimarrão", conta Paloma que teve como companheira na cerimônia de abertura sua égua chamada Estrela. "É a primeira vez que viemos e achamos muito bom, é um momento importante para nosso Estado", completa o pai de Paloma, Jacó Santos, 43.

Tradição e educação

O CTG Porteira Velha, de Novo Hamburgo, também marcou presença no evento. O patrão do CTG, Jurandir de Oliveira, falou sobre a necessidade de se trabalhar o tradicionalismo dentro das escolas.

"Vejo que ao longos dos anos algumas coisas mudaram. Antes, os CTGs tinham atividades todos os dias, hoje, não sei se pela correria do trabalho, é menos. E está difícil segurar os jovens. Eu acredito que seria bom trabalhar o tradicionalismo dentro das escolas para que as crianças entendam a essência. Algumas cidades já fazem isso, como Campo Bom, mas acho que deveria ser em todas. Muitas pensam nas tradições apenas na Semana Farroupilha", avalia.

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