As famílias que vivem na Praia do Paquetá e permanecem ilhadas por conta dos alagamentos na região, começam a ter uma trégua das águas do Rio dos Sinos. Conforme a Defesa Civil de Canoas, entre a tarde de sexta-feira (8) e a manhã deste sábado (9), o volume nas ruas foi reduzido em cerca de 30 centímetros. Se antes as únicas alternativas de transporte eram os barcos, agora é possível transitar com alguns modelos de camionetes, caminhões ou a pé, desde que utilizando “pantaneiras”, um macacão que protege do peito aos pés.
Apesar da situação ter melhorado, os moradores permanecem ilhados. Neste sábado a alimentação foi proporcionada por voluntários da Associação Hospitalar Vila Nova, de Porto Alegre. A distribuição aconteceu com o auxílio da Defesa Civil e também de vizinhos, que disponibilizaram barcos para levar as marmitas onde o caminhão dos voluntários não foi capaz de chegar.
A aposentada Gicelda da Rocha, 65 anos, foi uma das pessoas que receberam duas quentinhas dos voluntários. “A água não entrou dentro de casa por pouco, mas ontem [sexta-feira] o rio estava mais alto.” Para se manter pelos próximos dias, Gicelda já recebeu uma cesta básica da Prefeitura. “Estamos fazendo o que é possível.” Ela explica que a maior necessidade no momento é a ração para os cachorros. “Não conseguimos sair para comprar.” Sem opções, a alternativa foi alimentá-los com polenta. “É o que estou fazendo, sem carne, nada. Só a polenta pura.”
“Consegui salvar a geladeira, quero ver quando for ligar”
Além das quentinhas, os voluntários entregaram cobertores para a população ribeirinha. Os itens também foram destinados aos moradores da rua da Prainha, como é o caso de Luís Fernando Rodrigues. “A água entrou na casa e perdi quase tudo. Conseguir salvar a geladeira, quero ver quando for ligar.” Ele e a esposa estão por enquanto na casa da enteada de Luís. “Moramos aqui há dois meses”, explica.
Alguns vizinhos até tentaram sair de carro, no entanto precisaram desistir. “Ainda não é possível. Está baixando, mas não tanto. Um vizinho tentou sair e quase estragou o carro”, completa.
No que se refere ao nível do Rio dos Sinos, a Defesa Civil comunicou que o linígrafo segue fora de operação, portanto não foi possível fazer a medição exata do nível em que o rio se encontra. Pescadores, no entanto, explicam que o vento está favorável e a água não está represada, também salientam a força da correnteza, que os impede de pescar.
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