MEDIDAS DE PREVENÇÃO

CATÁSTROFE NO RS: Quais são as doze ações que os pesquisadores da Ufrgs propõem para evitar novas tragédias no Estado

Grupo afirma que era possível saber, com quase 24 horas de antecedência, a magnitude da enchente que atingiu cidades banhadas pelo Rio Taquari

Publicado em: 12/09/2023 16:27
Última atualização: 12/09/2023 16:27

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) propõem ações urgentes, ações de curto prazo e ações de médio e longo prazo para evitar novas tragédias no Estado. O documento, assinado por nove pesquisadores da instituição, afirma que era possível saber, com quase 24 horas de antecedência, a magnitude da enchente que atingiu cidades banhadas pelo Rio Taquari na semana passada.


Fontana foi uma das tantas indústrias atingidas pela enchente no Vale do Taquari Foto: Divulgação

O grupo defende que "dentre as fases da gestão de risco, a prevenção é a mais importante e a que costuma surtir maiores efeitos, sendo justamente a etapa que deve ser conduzida antes do
desastre ocorrer". 

O documenta enfatiza ainda que "cheias extremas como a que ocorreu agora em setembro de 2023 já aconteceram no passado, como em 1941" e que "pesquisas científicas recentes baseadas em análises de séries históricas mostram que as vazões de cheias têm aumentado nos últimos anos no sul do Brasil". 

O que fazer para evitar os efeitos das enchentes?

O grupo de doutores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas propôs um conjunto de ações para evitar novas tragédias. São elas:

Ações urgentes e prioritárias (implementação imediata):

  • Ação técnica: Levantamento topográfico em alta resolução espacial com grande detalhamento da superfície e da elevação do terreno, com disponibilização em bases de dados públicas.
  • Ação técnica: Levantamento topobatimétrico dos principais rios, com disponibilização em bases de dados públicas. Esta ação deve ser cíclica, sendo que os levantamentos devem ser atualizados após modificações ocorridas nas cursos e calhas dos rios.
  • Ação técnica: Identificação de áreas de perigo de inundação, para, em futuro próximo, desenvolvimento de planos adequados de ocupação.
  • Ação técnica: Melhorias no sistema de alerta à população, com utilização de diferentes alternavas de comunicação (telefone celular, sirenes, alto-falantes e outros) e com maior detalhamento das informações e das ações necessárias, buscando maior eficácia na comunicação.

Ações de curto prazo (implementação em 3 a 6 meses):

  • Ação técnica: Fortalecimento dos sistemas de monitoramento, previsão e alerta existentes, com maior quantidade de dados de precipitação e de níveis d’água nos rios, de modo a permitir maior informação para a tomada de decisão. 
  • Ação político-estratégica-institucional: Definição e fortalecimento institucional dos órgãos do governo responsáveis pelo monitoramento e previsão de inundações e desastres de origem hidrológica.
  • Ação político-estratégica-institucional: Fortalecimento das equipes da Defesa Civil, com incremento efetivo em equipamentos, pessoal e treinamento. 
  • Ação técnica: Acelerar a implementação de melhorias propostas em editais recentes lançados pelo governo do estado, referentes a modelagem hidrológica hidrodinâmica para previsão de cheias e avanços no sistema de monitoramento em tempo real nos rios com potencial de inundação, baseado não apenas em previsão meteorológica, mas também em dados medidos nas estações hidrometeorológicas e hidrológicas.

Ações de médio e longo prazo (ações permanentes, com início em até 6 meses):

  • Ação político-estratégica-institucional: Fortalecimento dos órgãos responsáveis pelo monitoramento e previsão de inundações com investimentos na contratação de pessoal com experiência e formação adequada comprovadas na área, bem como investimentos na qualificação continuada do corpo técnico.
  • Ação técnica: Instalação de uma rede densa de monitoramento hidrológico e hidrometeorológico automatizado e robusto, capaz de garantir a continuidade de medições e transmissão das informações mesmo quando há falta de energia elétrica, quando os níveis da água são superiores aos níveis máximos já registrados e nas condições mais adversas, com a disponibilização de dados em tempo real.
  • Ação técnica: Elaboração de estudos regionais de zoneamento de áreas inundáveis, incluindo considerações de alteração dos perigos de inundação e de eventos extremos através da análise de cenários de mudanças climáticas, para planificação de usos adequados.
  • Ação político-estratégica-institucional: Desenvolvimento de uma cultura de prevenção e compreensão de riscos relativos a eventos extremos e desastres, com conscientização da população sobre o risco de inundações em áreas habitadas, e popularização das ferramentas de gestão de risco, como mapas de perigo e de áreas de autosalvamento, de maneira disseminada na população, e também com inclusão desses elementos no currículo escolar de nível fundamental e médio.

Leia na íntegra o documento elaborado pela Ufrgs Doutores em pesquisa hidrológica da Ufrgs elaboram documento sobre enchenten o Vale do Taquari.

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