Em um barraco improvisado, montado pelos tradicionalistas para os festejos Farroupilha, famílias que perderam tudo na enchente que destruiu 80% da cidade de Muçum, vivem com a incerteza do que irá acontecer.
Mas, a incerteza é acompanhada pelo drama de quem está cansado de conviver com os desastres naturais. “Não quero mais ficar aqui”, desabafa Viviane Dias, 45 anos. Para ela, a conclusão é dolorosa, já que é natural de Muçum e não imaginava que um dia teria que sair da cidade.
“Nesses dias, nessa condição, bateu um desanimo, e é só este sentimento que martela na minha cabeça”, disse.
A casa que morava com a filha ficou apenas com a ponta do telhado para fora d’água. A residência já estava danificada por causa de um temporal de granizo, que castigou Muçum há duas semanas. “O que sobrou dentro de casa depois do temporal de granizo foi levado agora pela água”, lamentou.
A casa de Rosangela Ribeiro Volpatto, 35 anos, partiu ao meio, e ela e os familiares tiveram que abandonar o imóvel às pressas. “Subimos para uma parte alta e na madrugada de terça (5) dormimos dentro da igreja, usamos toalhas de mesa para nos cobrir”, relembra.
Depois que a água baixou, Rosângela foi ver como a casa havia ficado e teve a infeliz surpresa. “Sinceramente, não temos pra onde correr. Não tenho condições de fazer um financiamento, pois fiz um recentemente para melhorar a casa, que agora não existe mais”, lamenta.
Aristides Coser, 77 anos, foi prefeito Muçum por dez anos. Dono de uma empresa com 52 anos de história, Coser se vê sem saber o que fazer. “O que aconteceu aqui foi uma catástrofe jamais vista, e falo com a autoridade de quem vive aqui há quase oito décadas.
O empresário está preocupado com o futuro da empresa, uma fornecedores uniformes personalizados à indústrias. “Emprego 50 pessoas e todos estão desesperados com a possibilidade de eu fechar o negócio. Se não tivermos subsídios do governo, ou um Pronafe a perder de vista, é o que irá acontecer comigo e muitas outras empresas do Vale do Taquari“, analisa.
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