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EM CANOAS

CATÁSTROFE NO RS: Moradores da Praia do Paquetá continuam ilhados por conta de alagamentos

Sem poder sair de casa, famílias receberam cestas básicas e itens de higiene da Defesa Civil "Não dá pra sair. Se sair, há risco de furtos", diz moradora da Prainha

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Publicado em: 08/09/2023 às 16h:53 Última atualização: 18/10/2023 às 18h:41
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As famílias que vivem na Praia do Paquetá continuam ilhadas em Canoas. Mesmo com a trégua da chuva nas últimas horas, as águas do Rio dos Sinos não baixaram o suficiente. Conforme os moradores mais experientes, foram cerca de 5 centímetros entre a noite de quinta-feira (7) e o início da tarde desta sexta-feira (8).

Sem poder sair de casa, famílias receberam cestas básicas e itens de higiene da Defesa Civil



Sem poder sair de casa, famílias receberam cestas básicas e itens de higiene da Defesa Civil

Foto: PAULO PIRES/GES

O militar aposentado, Juarez Portella, 66 anos, vive há 23 anos no local e diz que o medo foi grande. “Agora está normalizando, mas ficamos preocupados com a previsão inicial de que mais água iria descer. A sorte é que até chegar aqui, ela se espalha em outros rios e afluentes.” Para evitar o alagamento, Juarez utilizou a estratégia de ter duas cozinhas e dois banheiros. “Minha casa é de alvenaria, tenho uma cozinha menor na parte mais alta e outra na baixa. Banheiro é a mesma coisa.” O aposentado garante que não perdeu nenhum móvel ou eletrodoméstico. “A geladeira escapou por 10 centímetros.”

Apesar da preocupação, o militar reformado não pretende ir para algum abrigo. “Quem mora aqui está acostumado.” Ele explica que a pior enchente aconteceu em 2015. “A água subiu um metro e meio.” Para se locomover Juarez utiliza um pequeno caiaque. “Sou pescador também, mas é por lazer. Vim aqui com o pessoal, acompanhar e ver se precisavam de alguma ajuda. Os ribeirinhos sabem se virar, pescador não passa trabalho.”

Rua da Prainha

Além da Praia de Paquetá, a rua da Prainha, localizada um pouco mais afastada do Rio dos Sinos, também sofre com os alagamentos. Nesta sexta-feira a Defesa Civil, com o suporte de um caminhão, prestou auxílio aos moradores, levando cestas básicas, itens de higiene e fraldas para as crianças.

Lisiane Pilger, 42 anos, vive desde os 9 no Paquetá e explicou já estar habituada. “Desta vez não entrou água na minha casa, só ficou até o portão.” Ela trabalha em uma cooperativa de reciclagem e precisou faltar ao serviço por estar ilhada. “Comecei há pouco tempo e hoje [sexta-feira] não consegui ir. Na quarta-feira (6) quando voltei para casa, já estava com a água quase na cintura. E ontem [quinta-feira] foi feriado.”

Questionada sobre a possibilidade de procurar um abrigo, Lisiane foi taxativa. “Não dá pra sair. Se sair, há risco de furtos. Além do mais, tenho 16 cachorros.” Quem também mora na rua da Prainha é a jovem Maria Eduarda, 19 anos. “Moro com meu marido e filhos. Precisamos sair de casa e estamos na minha cunhada. A enchente é rápida, quando percebemos a água já subiu.”

Já o pescador Everlei Souza vive próximo do rio, mas precisou da ajuda dos vizinhos da Prainha. “Na minha casa não pegou água, só no galpão dos bichos, então vim trazê-los para um terreno vizinho. Vamos nos ajudando, a água está baixando bastante”, completa.

Nível do Rio dos Sinos

No que se refere ao nível do Rio dos Sinos, a Prefeitura de Canoas e o Escritório de Resiliência Climática continuam o monitoramento, no entanto, sem o uso do linígrafo. Em nota, o Executivo explicou que, em virtude do alto volume de água descendo a bacia, o medidor está prejudicado pelos detritos que descem com a correnteza. O objetivo é automático, ou seja, não funciona quando há algo impedindo a medição.

Doações para o Vale do Taquari

Os canoenses que desejam ajudar as vítimas das enchentes no Vale do Taquari, ainda podem ajudar e realizar doações. Neste sábado, a partir das 9 horas, a arrecadação acontece no Prefeitura na Rua, que será realizado na rua Itamar de Mattos, esquina com a rua Clara Nunes, no bairro Niterói. O outro ponto de coleta será na sede da Defesa Civil, rua Bandeirantes, 450 e se estende até às 12 horas.

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