UM ENORME PROBLEMA

CATÁSTROFE NO RS: Fechamento de indústrias atingidas pela enchente terá impacto na economia do Vale do Taquari

Dezenas de empresas foram completamente destruídas pelo temporal e não têm previsão de reabertura

Publicado em: 10/09/2023 12:08
Última atualização: 10/09/2023 12:08

A enchente sem precedentes que matou mais de 40 pessoas e deixou outras 40 desaparecidas no Rio Grande do Sul causou impacto ainda incalculável para a economia do Vale do Taquari. Empresas comerciais e industriais de todos os portes foram atingidas, gerando um efeito cascata na geração de emprego e renda na região. Algumas, como a Calçados Beira Rio, já anunciam a reconstrução de suas unidades.


Fontana foi uma das tantas indústrias atingidas pela enchente no Vale do Taquari Foto: Divulgação

O impacto econômico das inundações é uma séria preocupação, já que muitas indústrias enfrentam perdas substanciais que podem resultar em demissões em massa. Pequenos comércios também terão dificuldades para se reerguer, especialmente nas cidades de Muçum, Roca Sales e Encantado, que estão entre as mais atingidas pela fúria do Rio Taquari.

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O empresário Ricardo Fontana, 55 anos, proprietário da Fontana, indústria de produtos de higiene, limpeza e oleoquímicos, teve sua empresa completamente destruída no início da semana. A enxurrada foi tão grande e forte que acumulou mais de 60 centímetros de lodo dentro das instalações. Todo o maquinário e componentes eletrônicos foram destruídos.

A indústria fica localizada no bairro Santa Clara, uma das áreas mais afetadas pelas enchentes do Taquari no município de Encantado. “Com certeza a gente vai necessitar, e muito, da ajuda dos governos estadual e federal. Tanto ajuda financeira, como na questão tributária do recolhimento dos impostos”, disse.

A Fontana conta com 280 funcionários e muitos estão preocupados com o que vem pela frente. “A empresa precisa de no mínimo 30 dias para se recuperar e estimamos um prejuízo em torno de R$ 5 milhões. Os trabalhadores estão bem preocupados e pensam que vão perder seus empregos”, disse Fontana.

Dália Alimentos também foi atingida

A Cooperativa Dália Alimentos, uma das maiores da região do Vale do Taquari, teve todas suas indústrias afetadas pela enchente: frigoríficos de suínos em Encantado, uma queijaria, uma indústria de leite e um abatedouro de frangos em Arroio do Meio.

“O frigorífico de suínos em Encantado, o mais afetado, não está funcionando e não tem previsão de operação porque a água atingiu todo o sistema de geração de energia elétrica, os geradores e o sistema de refrigeração. Não temos nem condições de definir os prejuízos, mas serão muito grandes”, lamentou o presidente executivo da Dália, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas.

A Cooperativa Dália tem 2.900 funcionários distribuídos entre fábricas de rações, supermercados e frigoríficos. “Primeiro, tem que ser necessário uma postergação dos impostos. No momento em que o governo dá um prazo maior para pagar os impostos, isso é um capital de giro que as empresas têm para continuar operando e‚ consequentemente, gerando empregos’’, afirmou.

Banrisul terá linha especial de R$ 1 bilhão

Na sexta-feira (8) o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou, entre outras medidas, R$ 1 bilhão em linhas especiais de crédito do Banrisul. “Os comércios, em alguns lugares, foram todos destruídos, e com isso o meio de vida de muitas pessoas se perdeu. Por isso, precisamos apoiar esse processo de restabelecimento”, disse Leite. “Estamos buscando, junto ao BNDES, maneiras de organizar novos caminhos para ajudar na reconstrução da economia dessas cidades.”

A linha especial do Banrisul ficou assim dividida: R$ 500 milhões para prefeituras anteciparem valor que receberiam em repasses do Estado até 2025 pela compensação de perdas com a redução de ICMS nos combustíveis em 2022; R$ 300 milhões via Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para o financiamento de tratores, construção, reformas, máquinas, implementos, sistemas produtivos e infraestrutura, entre outros; R$ 100 milhões para o financiamento de giro de longo prazo, preferencialmente para as categorias de microempreendedor individual e micro, pequenas e médias empresas; e R$ 100 milhões: para a construção e reforma de casas.

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