A situação de violência que um menino de 6 anos com paralisia cerebral sofreu do pai foi gravada por câmeras do circuito interno de segurança do prédio onde mora a família, em Canela, na Serra gaúcha. O vídeo em que um homem, de 43 anos, aparece maltratando a criança circula nas redes sociais e tem causado indignação.
Foto: Reprodução/Internet
As imagens mostram quando o pai empurra, de forma violenta, o carrinho onde estava o filho em direção ao elevador. O caso aconteceu entre o fim da noite do sábado (22) e o início da madrugada do domingo (23).
Nas cenas gravadas pelas câmeras da garagem é possível ver o homem tirar objetos do carro e arremessar contra o chão. Com movimentos bruscos, ele abre o carrinho, acomoda o filho e segue para o interior do prédio. A mãe e a irmã gêmea do menino, que não tem deficiência, presenciaram toda a situação.
Momentos depois, o homem aciona o elevador e, enquanto a porta abre, empurra com força o carrinho com o filho, que quase cai no chão. A mãe tenta evitar que as agressões continuem, afastando o homem do menino.
A Brigada Militar foi acionada para o caso após denúncias de moradores do prédio em que a família vive, na área central da cidade. Depois da chegada da Brigada, a criança foi levada ao hospital pelo Corpo de Bombeiros para fazer exames e ficou em observação, pois precisava de oxigênio. Naquela ocasião, o homem chegou a ser preso e encaminhado para a delegacia, mas foi solto em seguida.
O delegado Ivanir Caliari, que está à frente do caso, diz que não foram encontradas lesões aparentes na criança e, por isso, inicialmente o caso é tratado como maus-tratos, crime que não admite prisão em flagrante. Entretanto, a solicitação de medida protetiva foi concedida pela Justiça e o homem não pode se aproximar da família até a decisão judicial ser proferida.
Discussão por ciúme teria causado nervosismo e comportamento violento
Em depoimento, ele confessou ter praticado o comportamento violento, disse ter ficado nervoso e agressivo por causa de uma discussão por ciúme da esposa.
O delegado pondera que, pela necessidade de cuidados constantes com a criança, o depoimento da mulher foi colhido na casa da família nesta segunda-feira (24). Caliari também destaca que o vídeo será anexado ao inquérito policial. “É prova importantíssima nos autos”, declara.
A mulher falou aos policiais que ela, o marido e as duas crianças se mudaram para Canela há cerca de um mês para proporcionar qualidade respiratória ao filho com paralisia cerebral. “Ela nega outras condutas agressivas do pai”, diz o delegado.
Conselho Tutelar acompanha o caso
O Conselho Tutelar foi acionado para acompanhar o caso e afirma que fez todos os encaminhamentos necessários para atendimento às necessidades da família. Pela manhã, uma equipe de conselheiros e uma psicóloga foram até a residência.
Homem é afastado do cargo no trabalho após agressão ao filho com paralisia cerebral
Depois da repercussão do vídeo, o homem, que trabalha no Parque Bondinhos Aéreos, em Canela, foi afastado do cargo. Em nota, a empresa diz que a medida será tomada até que todas as informações sejam apuradas e que está dando apoio à família.
“Nosso parque não tolera e nunca aceitará, de forma alguma, qualquer ato de agressão ou ofensa aos direitos e à dignidade da pessoa humana”, reitera.
Os nomes dos envolvidos não serão revelados para preservar a identidade das crianças, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente.
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