ESPECIAL MOBILIDADE
BR-116: Ninguém aguenta mais tanta tranqueira e os perigos do trecho da morte
Suplemento especial do Grupo Sinos atualiza as informações sobre obras em andamento e que precisam sair do papel na BR-116
Última atualização: 17/10/2023 22:54
É em meio a congestionamentos, obras, imprudência e risco cada vez maior de acidentes fatais que praticamente um quarto do Rio Grande do Sul se conecta diariamente à sua capital. É consenso que, como está, ninguém aguenta mais.
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A mobilidade rodoviária no eixo norte da região metropolitana está no limite e precisa de investimentos robustos, muito além do que – felizmente – está em andamento entre o Rio dos Sinos e o acesso à RS-240, no bairro Scharlau, em São Leopoldo.
Para produzir este especial, que se traduz também em um debate na Rádio ABC 103.3 FM, o Grupo Sinos ouviu autoridades, especialistas, motoristas e moradores da região. Também cruzou dados e resgatou ocorrências e promessas dos últimos meses para que a população acompanhe e ajude a fiscalizar o que está sendo feito e cobrar novas medidas. Trata-se de uma urgência regional.
Prejuízo bilionário com os congestionamentos
Com movimento médio de 120 mil veículos/dia, segundo o Dnit, o percurso da BR-116 entre o extremo norte de Porto Alegre e o acesso principal a Dois Irmãos é uma montanha-russa. São altos e baixos que desafiam os motoristas e atrapalham a economia.
Um recente estudo da Federação das Indústrias do RS (Fiergs) indica que a cada dia de arranca-e-para na BR-116 a economia gaúcha perde entre R$ 3,5 milhões e R$ 4 milhões. Considerando somente os dias úteis, estamos falando de um prejuízo de aproximadamente R$ 85 milhões ao mês e de R$ 1 bilhão ao ano.
E nesta conta não estão prejuízos indiretos, que vão desde o impacto negativo no turismo – a rodovia é caminho entre o aeroporto e a região das Hortênsias – até aumento no tráfego urbano em cidades como São Leopoldo e investimentos que a região perde por conta deste nó rodoviário.
Neste ano, um agravante chama ainda mais atenção para os gargalos da 116: os acidentes fatais. Do fim de fevereiro ao início de setembro foram contabilizadas 12 mortes entre o viaduto da RS-239, no limite entre Novo Hamburgo e Estância Velha, e Dois Irmãos. Doze mortes em 14 quilômetros, uma tragédia sem precedentes.
Trecho da morte
Edson Hansen já viu acidente fatal no trecho e sente no bolso o prejuízo de uma rodovia esgoelada e perigosa. Dono de um comércio no bairro Rincão Gaúcho (Estância Velha), que faz limite com a Roselândia (Novo Hamburgo), ele lamenta que “muitas vezes as pessoas têm medo de passar por aqui” devido ao elevado risco de acidentes.
A reivindicação dos moradores é por medidas emergenciais até que a duplicação da subida da serra saia do papel. Não há outra solução para o trecho da morte.
Solução para o trecho da morte é urgente
Com as obras em andamento no complexo Rio dos Sinos-Scharlau da BR-116 e o projeto da extensão da BR-448 em elaboração, o problema mais urgente a ser atacado é o trecho da morte, percurso de 14 quilômetros entre o viaduto da RS-239 e o acesso principal a Dois Irmãos. Desde fevereiro já são 12 mortes em acidentes nesta região, sendo nove entre a 239 e a subida para Ivoti.
Após cobranças de moradores e de vereadores de Novo Hamburgo, no último dia 14 o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, anunciou investimentos especialmente na região dos bairros Roselândia (Novo Hamburgo) e Rincão Gaúcho (Estância Velha). Os trabalhos começam até meados de novembro – detalhes na página central deste suplemento.
Números da Polícia Rodoviária Federal (PRF) reforçam a necessidade de intervenção no trecho de pista simples da BR-116. O ponto mais perigoso é justamente entre o fim da duplicação e o acesso principal a Ivoti.
Considerando o percurso até Dois Irmãos, de janeiro a junho deste ano foram 197 acidentes. O número é bem maior que o registrado no mesmo período dos últimos seis anos. Ou seja, ao menos de 2017 para cá, nunca o primeiro semestre foi tão violento na subida da Serra. Neste ano o número de acidentes graves registrado pela PRF no trecho é o dobro do mesmo período dos últimos anos.
Fala, autoridade!
“Por ser responsabilidade da União, as melhorias na BR-116 exigem muita articulação. É graças a mobilizações de lideranças e da comunidade que o Dnit anunciou ações emergenciais no trecho da Roselândia. Mas é preciso mais.”
FATIMA DAUDT, prefeita de Novo Hamburgo
“Estamos mobilizados e cobrando as autoridades federais para que essas obras [no trecho da morte] ocorram o mais rápido possível. É preciso dar um basta às mortes na BR-116.”
DIEGO FRANCISCO, prefeito de Estância Velha
“Estas obras são de fundamental importância para nossa região. Precisamos de mobilidade, tanto para transporte de cargas, cuja ligação é com todo o País, quanto da população da região, que precisa se deslocar com agilidade e segurança.”
ARY VANAZZI, prefeito de São Leopoldo
“Sou favorável a qualquer obra de infraestrutura porque o progresso vem atrás, ainda mais quando é fruto do nosso pagamento de impostos, sem pedágios no meio.”
KIKO HOFF, prefeito de Portão
“Sempre defendemos obras na 116 por acreditar que a rodovia é um dos caminhos para o desenvolvimento dos nossos municípios. É urgente realizar melhorias emergenciais e acabar com as mortes que extinguem vidas nas nossas comunidades.”
JERRI MENEGHETTI, prefeito de Dois Irmãos
“A duplicação da BR-116, no trecho entre Novo Hamburgo e Dois Irmãos, se faz necessária, mas é preciso obras urgentes e rápidas, como por exemplo a melhor sinalização do eixo, iluminação da via e a instalação de redutores de velocidade fixos. Acredito que essas mudanças sejam de baixo custo e de grande importância para reduzirmos a violência no trânsito na região.”
MARTIN KALKMANN, prefeito de Ivoti
“As obras da 116 são fundamentais para eliminar os constantes engarrafamentos, responsáveis por sérios prejuízos para a economia da nossa região. Transportamos cerca de 88% de nossa produção pelas estradas do Rio Grande do Sul, e, por isso, é fundamental que a gente olhe pra essa malha e procure reduzir os gargalos que nós temos hoje.”
LEONARDO PASCOAL, prefeito de Esteio e presidente da Granpal
“Finalmente as obras da BR-116 estão acontecendo depois de décadas de espera. Essa que é uma importante via para quem precisa se deslocar do Vale dos Sinos para Porto Alegre. Sabemos que os problemas de mobilidade são enfrentados há anos, que isso impacta diretamente na economia dos municípios e também na segurança. O trecho da morte, entre Dois Irmãos e Estância Velha, precisa de intervenção urgente por parte do Dnit para fazer as melhorias necessárias, e vamos trabalhar por isso”.
LUCAS REDECKER, deputado federal (PSDB)
“A extensão da 448 é a obra rodoviária mais importante do RS neste momento. Vai assegurar uma relação forte, rápida e segura com as regiões Metropolitana e Serra, regiões com as maiores dimensões populacionais e econômicas. Esta obra é importante e estratégica. O PAC garante os recursos para este complexo e o presidente Lula sabe da importância deste trecho. Também temos a BR-116 com importantes investimentos, como a duplicação das pontes do Rio dos Sinos e também os novos viadutos da Scharlau.”
MIGUEL ROSSETTO, deputado estadual (PT)
“Acompanho muito de perto as obras da 116 e o projeto de extensão da 448 porque são fundamentais para a Serra. Os investimentos em andamento em São Leopoldo são importantes, mas de vida útil muito curta. A solução definitiva para a mobilidade entre a Serra e a capital é a extensão da 448 até Portão. Ouvi em Brasília, do comando do Dnit, que a obra bilionária será orçada tão logo o projeto esteja pronto, em meados do ano que vem. É um investimento essencial para o desenvolvimento.”
GUILHERME PASIN, deputado estadual (PP) e ex-prefeito de Bento Gonçalves
“É fundamental que melhoremos as condições de trafegabilidade da BR-116, em particular nos trechos de pista simples, mas também nos trechos de pista dupla, em que hoje já existem congestionamentos quilométricos, até mesmo fora do horário de pico. As áreas das pontes do Rio dos Sinos e do viaduto da Scharlau, em especial, já contaram com vultosas somas de emendas de bancada dos deputados e senadores gaúchos. Essas obras precisam andar mais rápido, para que a população não sofra com os prejuízos.”
MARCEL VAN HATTEM, deputado federal (Novo)
“Nosso trabalho na busca por melhorias na BR-116 inicia na Assembleia ainda em 2019. Anteriormente, enquanto vereador, trabalhei ao lado de deputados federais pelas obras no acesso à Roselândia. Como presidente da Frente Parlamentar pela Infraestrutura Viária nos Vales, assim como com a Frente Parlamentar pela Extensão da BR-448 e pela 010, tenho capitaneado na Assembleia esse trabalho de mobilização pelas melhorias em logística na região. Esses investimentos na BR-116 são fundamentais para salvar vidas e, ao mesmo tempo, oferecer melhores condições para empresas trabalharem e investirem no Vale.”
ISSUR KOCH, deputado estadual (PP)
“A luta pela duplicação é histórica e vem mobilizando toda a região, pois pela estrada transitam milhares de gaúchos todos os dias. Em 24 de agosto, recebemos do diretor-geral do Dnit, Fabricio Galvão, a confirmação de que está autorizada a contratação do projeto para duplicação do trecho da morte. Trabalho todos os dias por essa obra e pelo fim das mortes na BR.”
DELEGADO ZUCCO, deputado estadual (Republicanos)
“Já temos contratado o projeto para a duplicação da BR-116, neste trecho considerado caótico. Mas é preciso rapidez para que esta obra saia do papel o mais rápido possível. Foram contabilizados 11 óbitos no trecho da morte até o mês de agosto. É inadmissível que a burocracia continue ceifando vidas.”
TENENTE-CORONEL ZUCCO, deputado federal (Republicanos)
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