Comentar filmes é sempre um exercício de se colocar no lugar de outra pessoa (o público-alvo, no caso de muitas produções), tendo empatia e percepção que não é apenas o seu gosto que importa.
Em termos de filme e roteiro, Oppenheimer (sobre o inventor da bomba atômica), do sempre instigante diretor Christopher Nolan e com nomes como Cillian Murphy, Robert Downey Jr., Matt Damon e Emily Blunt no elenco (além de Kenneth Branagh e Gary Oldman), é a grande estreia da semana – o filme deve, inclusive, render algumas boas indicações ao próximo Oscar.
Mas quando se tem a Barbie, a boneca mais famosa da história dos brinquedos, como adversária nas telas, o resultado pende para este fantástico mundo de plástico – perdoem-me o trocadilho com música Barbie Girl, da banda Aqua.
Neste fim de semana, o mundo todo está voltado para a Barbie – até o Google se pinta de rosa quando se digita o nome dela na pesquisa, em uma grande e cara jogada de marketing que prova a grandiosidade da cartada desta produção.
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E como o próprio filme anuncia em suas chamadas, ele é para quem ama e para quem odeia Barbie e todos seus produtos derivados, que, aliás, desfilam em cena alegrando os que conhecem ou já brincaram com eles.
Barbie World
A cineasta Greta Gerwig (de Lady Bird) se junta a outros dois também talentosos nomes já indicados ao Oscar – Margot Robbie como Barbie e Ryan Golsing como Ken – para produzir uma comédia que mistura quadros musicais, algumas piadas sarcásticas com algumas até ingênuas/bobinhas, mas buscando, essencialmente, brincar com conceitos e estereótipos traçados em torno do Mundo Barbie criado pela Mattel, que, para o bem ou para o mal, utiliza o filme como vitrine para vender ainda mais, sempre utilizando a velha máxima de “o importante é que falem de mim”.
Quando criou a boneca há 64 anos, Ruth Handler (1916-2002) não poderia imaginar a repercussão dela no mundo dos brinquedos e até em questões sociais, como elitismo e feminismo. Aliás, Ruth está representada no filme e dá explicações à Barbie sobre suas origens e história, em uma espécie de cena-homenagem, mas que até “destoa” em um momento um pouco da comicidade da aventura.
Desde os anos 1960, no auge do movimento feminista, a boneca começou a ter que se adaptar a novas realidades inclusivas, que culminaram com dezenas de lançamentos de versões em diferentes raças, aparências físicas e até com relação a doenças, além do culto a celebridades – o elenco deste filme, por exemplo, teve versões suas lançadas pela Mattel.
Diversão x reflexão
O filme traz toda esta variedade da Barbie de forma leve, utilizando-se de ironia e humor, mas sem realmente ir fundo em uma crítica mais ácida ao mundo de plástico da Barbielândia.
Em alguns momentos até se flerta com questionamentos mais existenciais (que é o que faz a Barbie ir ao “Mundo Real”), feminismo e machismo, mas a Barbie vem para as telas em uma espécie de Toy Story em “carne-e-osso” para, principalmente, fazer aquilo que a boneca melhor faz: divertir.
As reflexões de seus estereótipos ficam como Ken em relação ao Barbie World: em segundo plano. Então, divirta-se com esta rosada Barbielândia – vista-se de rosa, inclusive, se quiser.
E atenção: o filme não é “infantil”. A classificação é de 12 anos devido a algumas cenas e diálogos um pouco mais “juvenis-adultos”. Nada demais, na verdade, mas é sempre bom alertar pais desavisados que podem questionar algumas piadinhas do Mundo Barbie.
No mais, novamente pedindo desculpas e parafraseando o Aqua: “Lets go party (vamos para a festa)!”
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