Léa Almeida dos Santos, 48 anos, saiu de casa com um objetivo bem definido: vencer o nervosismo e terminar o dia habilitada. A moradora do bairro Igara procurou a Auto Escola antes da pandemia de Covid-19. Por conta do distanciamento social, o prazo de um ano para finalizar o processo e obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) foi estendido.
Foto: PAULO PIRES/GES
De lá para cá foram cerca de sete tentativas, a oitava ocorreu na tarde de terça-feira (15). No entanto, o ânimo durou pouco tempo. “Reprovei”, afirmou decepcionada. Os motivos são diversos, mas a conta é dividida principalmente com o nervosismo. “Fico nervosa, ansiosa. O grau de exigência também é muito alto.”
Apesar da frustração, Léa diz que não vai desistir. “Vou seguir tentando, já gastei uma fortuna.” Antes das provas ela costuma inclusive fazer algumas aulas extras. “Aprendi a dirigir na Auto Escola. Quero agendar mais duas práticas e depois a prova.”
As dificuldades nos testes para a CNH não são uma exclusividade de Léa. Em Canoas, até o mês de julho, 8.119 pessoas buscaram a primeira habilitação na categoria B. Destas, 4.995 não atingiram o objetivo, significando 61,5% de reprovação neste primeiro semestre. Monitores apontam o nervosismo e a ansiedade como grandes vilões na hora da concentração.
Em 2022 os números foram ainda maiores. Dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/RS) apontam que foram 15.268 tentativas e 10.105 reprovações, chegando aos 66,1%. Um levantamento do Detran mostra que Canoas possui atualmente 108.206 motoristas cadastrados, 1,3% a mais do que no ano anterior.
1ª vez
Quem também não teve sorte foi a jovem Fernanda Vargas, 26 anos. “Comecei recentemente, passei na prova teórica, fiz a aulas e vim para a prova.” Essa foi a primeira tentativa. “Apaguei na baliza e depois tive uma desatenção no percurso.”
Fernanda diz que não ficou nervosa, mas esperava pelo pior. “Vim preparada para a reprovação, agora vou marcar a prova novamente”, afirmou confiante antes de chamar um transporte por aplicativo.
Carro adaptado e aprovação na primeira tentativa de Simone
A tarde de provas não foi apenas de decepções. Uma história de superação chamou a atenção, a moradora do bairro Guajuviras, Simone Pereira, 44 anos, buscava sua primeira habilitação na categoria B. Portadora de deficiência física, ela utilizou um carro automático. “Nunca tinha dirigido antes, aprendi na Auto Escola.”
A vontade de dirigir era um sonho antigo e também uma necessidade. “Estou estudando na área de Recursos Humanos e isso agrega no currículo.” Ao sair do veículo, sorridente com a aprovação, aproveitou para agradecer ao instrutor. “Consegui graças a Deus e a esse bom professor. Estava com medo na baliza.”
Movimento intenso na rua de provas
Escolhida como palco para as provas, a rua São Luiz, no centro da cidade, recebeu diversos candidatos. O movimento foi intenso, carros chegavam e saiam a todo instante e o dia ensolarado fez com que os postulantes à CNH buscassem abrigo na sombra.
Houve também os que optaram por aguardar dentro de veículos com amigos e parentes. Alguns saíram cabisbaixos, irritados. Já outros não escondiam o sorriso e a alegria.
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