CONCORRÊNCIA DO CRIME

Áudios revelam: Quadrilhas de extorsão disputam vítimas no comércio do Vale do Sinos

Polícia encontra 41 celulares na galeria dos três presos que comandavam o esquema e prende quatro mulheres do grupo, que faturou R$ 2,5 milhões nos últimos oito meses

Publicado em: 18/07/2023 21:38
Última atualização: 17/10/2023 15:48

A extorsão ao comércio está tão difundida no Vale do Sinos que diferentes quadrilhas vêm disputando as mesmas vítimas. Um bando formado por três detentos e quatro mulheres, acusado de faturar R$ 2,5 milhões nos últimos oito meses, foi desbaratado na manhã desta terça-feira (18) pela 2ª Delegacia de Polícia de São Leopoldo. Especializado em cobrar mensalidades sob ameaça de morte, o grupo é da cidade e tem ramificações em Novo Hamburgo e Campo Bom.

Em vistoria na galeria, agentes apreenderam 41 celulares na manhã desta terça-feiraPolícia Civil
Foram apreendidos 41 celulares e drogas no presídio na manhã desta terça-feiraPolícia Civil

Na galeria do trio investigado, na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas, os agentes apreenderam 41 celulares. Com abundância de telefones, os presos acabam "se pechando", como eles próprios dizem, em escutas a que a reportagem teve acesso.

Ao saber que apenados desconhecidos também estavam exigindo dinheiro de vítimas da quadrilha no Vale do Sinos, os três presos conseguiram os números e ligaram para os concorrentes, a fim de tirar satisfações. Receberam pedidos de desculpas, com todas as gírias e linguagem do meio.

"O, mano, te liga só na caminhada. Ali é golpe. Nois não sabia que era embolado aí. Tá na mão, fica tranquilo, é os guri", explica-se o membro da outra quadrilha, salientando que no caso dele é só estelionato. Ou seja, blefe, pois não iria até as vítimas pegar dinheiro. "Golpe taí, mano. Cai quem quer."

Companheiras recebiam e transferiam dinheiro

A Operação Fake Security (segurança falsa em inglês) prendeu quatro mulheres, de 22, 26, 27 e 52 anos, nos bairros Santos Dumont, Vicentina e São Miguel, em São Leopoldo, e no bairro Operária, em Campo Bom. Os policiais ainda cumpriram mandado de busca e apreensão no bairro Canudos, em Novo Hamburgo.

Capturadas em casa, elas são companheiras e parentes dos três apenados. “Eram responsáveis por receber e transferir o dinheiro arrecadado com as extorsões”, expõe o delegado.


Das quatro presas, uma estava com drogas e camisetas da Polícia Civil Foto: Reprodução

Com uma delas, no Santos Dumont, foram apreendidos três quilos de crack, um tijolo de cocaína, apetrechos para refino e preparo da droga, dezenas de munições calibre 12 e quatro camisetas da Polícia Civil. "Essa, além do mandado de prisão, foi autuada em flagrante por tráfico de drogas e posse irregular de arma de fogo", salienta Serrão.

Segundo ele, outros envolvidos podem ser identificados e presos. "As investigações iniciaram há oito meses, quando a Polícia identificou vítimas que eram extorquidas por traficantes. Conforme apurado, elas eram obrigadas a fazer pagamentos mensais para que tivessem a segurança garantida." A operação empregou 50 policiais civis e contou com apoio da Brigada Militar.

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