NOVO HAMBURGO

Entenda a regra que deixou Fernandinho e Preto Kayser, dois dos candidatos mais votados, fora da Câmara de Vereadores

Um já experiente na política e foi o mais votado enquanto outro estreou na disputa com números expressivos

Publicado em: 08/10/2024 06:30
Última atualização: 08/10/2024 13:43

Em Novo Hamburgo, a vitória de candidatos a vereador pouco votados e a derrota daqueles que conquistaram mais apoio nas urnas gerou uma onda de dúvidas e críticas nas redes sociais. Centenas de publicações compararam os votos de eleitos ou suplentes com aqueles que ficaram de fora da Câmara de Vereadores a partir de janeiro.

Em alguns casos a diferença foi gritante. Estreante nas urnas, o candidato Preto Kayser (Novo), 36 anos, por exemplo, foi o terceiro mais votado na cidade e superou 11 adversários eleitos, mas ele não passou. Kayser obteve 3.754 votos, 77 a mais em relação ao quarto colocado.

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Apesar da votação, Kayser ficou fora da Câmara Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

Além dele, havia outros cinco candidatos que concorriam pela sigla. Juntos eles conseguiram convencer 2.237 eleitores a digitarem seus números nas urnas. Mas era preciso mais: 7.900 votos para atingir o quociente eleitoral.

Kayser não escondeu o descontentamento por ficar de fora da Câmara, apesar da votação expressiva em sua primeira vez concorrendo a cargo eletivo. “O sentimento é de muita alegria. Foi uma votação muito expressiva, imagina, para quem não é da política, fazer 3.754 votos. Eu estou radiante, obviamente que até sair o resultado estava muito apreensivo, mas depois veio aquele choque de realidade. Mas são as regras”, avaliou. No total, faltaram cerca de 1.900 votos para a legenda conquistar uma cadeira.

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Questionado sobre o futuro político, o comerciante não rechaçou a ideia de compor o governo, visto que a nominata de vereadores da sigla declarou apoio ao prefeito eleito Gustavo Finck (PP) e nem projetou as eleições de 2028.

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“No momento eu não sei. Até janeiro deste ano, eu não sabia que concorreria a vereador, sempre fui da retaguarda do partido e não parei para pensar em me envolver na gestão da Prefeitura ou no secretariado. Mas nunca diga nunca, não é?”, ponderou.

O mais votado

Outro caso de um nome forte que ficou de fora envolve um parlamentar conhecido dos eleitores hamburguenses. Em 2024, o vereador mais votado foi Fernandinho Lourenço (Solidariedade), com 4.084 votos. Mas o mesmo cálculo que tirou a vaga de Kayser também se aplica a Fernandinho. A nominata de candidatos do partido não alcançou o quociente necessário para garantir uma vaga no Legislativo. “Esperávamos uma votação mais expressiva. A nossa legenda ficou aquém e não deu a resposta que a gente precisava”, avaliou o político.


Fernandinho não conseguiu garantir o terceiro mandato nesta eleição Foto: Maíra Kiefer/CMNH

Mesmo que tivesse sido eleito, Fernandinho teria que aguardar a Justiça Eleitoral para saber poderia assumir, já que ele teve a candidatura indeferida a pedido do Ministério Público, mas está recorrendo.

Segundo o próprio político, os pedidos de cassação da chapa foram determinantes para que não conseguisse ainda mais votos. “O principal de tudo foi a perseguição. Isso vem acontecendo toda eleição desde 2017. Pessoas que não têm trabalho algum e ficam disseminando ódio e mentiras”, afirmou ele que no plenário, na noite de ontem, e ainda projetou que sem o que chamou de “mentiras e perseguições”, chegaria na casa dos 6 mil votos.

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“Meu voto é comunitário, não é da Marcílio Dias, não é do Maurício Cardoso, é lá da periferia. Não é um voto digital”, afirmou ele apontando um possível preconceito social em relação a sua atuação política.

Mesmo fora da Câmara, ele afirma que seguirá atuando politicamente e junto ao clube Atlético Clube Veterano, do bairro Canudos.

Desta forma, na ponta de cima da lista de eleitos, conforme o Tribunal Superior Eleitoral, aparecem Cristiano Coller (PP), com 4.038 votos, e em segundo Juliano Souto (PL), com 3.677 votos recebidos.

Entenda os critérios do sistema proporcional

Na maioria dos casos, a explicação está no quociente eleitoral. Diferente da eleição para prefeito, por exemplo, em que o mais votado se elege (sistema majoritário), a eleição para vereador é no chamado sistema proporcional. Ou seja: não basta ser o mais votado para garantir vaga no Legislativo.

A lógica do sistema proporcional é valorizar os partidos políticos, considerados um dos pilares da democracia representativa. A ideia é que, garantindo espaço a mais partidos, diferentes correntes de pensamento estejam representadas nos legislativos municipais.

Dois cálculos são feitos para se chegar aos eleitos para a Câmara de Vereadores: o do quociente eleitoral e o do quociente partidário.

Para calcular o quociente eleitoral é preciso dividir a quantidade de votos válidos para determinado cargo pelo número de vagas disponíveis para aquele cargo. O candidato precisa cumprir o requisito de ter pelo menos 10% do quociente eleitoral.

Já o quociente partidário (que define quantas vagas cada partido terá direito) é calculado a partir da divisão da quantidade de votos válidos para determinado partido pelo quociente eleitoral.

No caso de Novo Hamburgo, foram computados 110.613 votos válidos, e a Câmara de Vereadores é composta por 14 representantes. Assim, o quociente eleitoral na cidade em 2024 foi de 7.900 votos. Este número é que estabelece o objetivo de votos para um partido garantir uma cadeira no Legislativo.

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