Ex-titular da pasta responsável pela Diretoria de Transporte Público de Novo Hamburgo, Leandro de Bortoli disse considerar necessária a criação de uma comissão parlamentar para monitorar o sistema implantado pela Viação Santa Clara (Visac-RS) no município. “Criem uma comissão para auxiliar a prefeitura a melhorar a mobilidade urbana. Se não tiver isso, será em vão todo o nosso trabalho.”
As declarações foram dadas durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus da Câmara de Vereadores, na tarde desta terça-feira (18). A CPI investiga o sistema coordenado pela empresa catarinense, vencedora do processo licitatório, há cerca de 50 dias.
Os vereadores Inspetor Luz (PP), Raizer Ferreira (PSDB) e Enio Brizola (PT) são o presidente, relator e secretário da CPI, respectivamente, e conduziram o depoimento.
Motoristas faziam “adaptações”
Durante cerca de duas horas de oitiva, os membros da comissão confrontaram o ex-diretor de Transporte Público com relatos de atrasos e mudanças frequentes de itinerários sem aviso prévio aos usuários.
Bortoli argumentou que foram elaborados estudos de rotas, a cidade foi dividida em quatro áreas: leste, oeste, norte e sul. Cada uma sendo representada por uma cor e letra que facilitaria o deslocamento das pessoas.
“Utilizamos as grades anteriores, com pequenos diferenciais. Tínhamos 35 linhas-mãe e mais um monte de extensões. Agora, temos a mesma quantidade de horários. Uma cópia fiel do que era antes. Após implantado o sistema, no entanto, descobri que algumas linhas eram realizadas com pequenas adaptações feitas pelos próprios motoristas”, revelou.
O ex-diretor de Transporte Público considera estas “adaptações de rotas” como um dos fatores que colaboram para os atrasos de linhas. “A antiga empresa ia ajustando a frota conforme era a necessidade real dos usuários e supria esses gargalos. Mas o gerenciamento da atual empresa de ônibus é diferente”, completa.
Especialista defende corredores exclusivos para ônibus
Questionado sobre a frota e os critérios apontados no processo de licitação, ele explicou que atualmente, em horários de pico, 69 veículos atuam no transporte público. Entretanto, alerta que a solução para os problemas do sistema passam por investimentos na mobilidade urbana.
“Temos o fechamento da BR-116 e congestionamentos ocasionados por obras na Scharlau. São diversos os gargalos que se acumulam e atrasam os ônibus em Novo Hamburgo. Se a empresa não trabalha com motorista auxiliar nestas ocasiões, não tem como cumprir o horário”, aponta.
O especialista em mobilidade urbana defende a implantação de corredores exclusivos para ônibus e “não apenas quadras” – se referindo aos trechos destinados aos veículos na área Central do município. “A cidade precisa de corredores exclusivos, se houvesse um corredor por faixa horária para a Avenida Victor Hugo Kunz e no Boa Saúde, por exemplo, já solucionaria muitos problemas”, avalia.
Saída do cargo
Bortoli deixou o cargo cerca de 40 dias depois do início das operações da Visac, após sete anos no comando da pasta de Transporte Público. Ele afirma que o afastamento ocorreu por motivos de saúde. “Eu estava cansado, não aguentava mais tanta reclamação”, disse, corroborando com a declaração da secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), Roberta Gomes de Oliveira, durante depoimento à CPI na última quinta-feira (13).
Próximos depoimentos
Na próxima quinta-feira(20) mais duas testemunhas deve ser ouvidas, desta vez, integrantes da Companhia Municipal de Urbanismo (Comur), empresa responsável pela gestão do sistema de bilhetagem eletrônica. Diego Martinez e Gustavo Zott, diretor-geral e diretor administrativo-financeiro, respectivamente, prestam depoimento a partir das 13 horas.
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