A Central Grupo Sinos de Eleições subiu novamente a Serra gaúcha nesta quarta-feira (18). Após ser palco das discussões com os candidatos de Canela, na terça-feira (17), nesta noite o público teve a oportunidade de conhecer as propostas dos prefeituráveis de Gramado.
Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial
Participaram os candidatos Coronel Carvalho (PL), Julio Dorneles (PT), Nestor Tissot (PP) e Renan Sartori (MDB).
O encontro iniciou às 20 horas, no Buona Vitta Resort, do Grupo Gramado Parks, e foi transmitido ao vivo em vídeo no canal do Youtube, no site abcmais.com e também nas redes sociais do Jornal de Gramado e Grupo Sinos.
No total foram três blocos, de perguntas com temas livres. Os candidatos que faziam as perguntas eram sorteados e podiam escolher quem respondia, porém, sem sem permitido que o político respondesse mais de uma vez. Eles tinham um minuto para questionar, um minuto e 30 segundos para responder, um minuto para a réplica e um minuto para a tréplica.
O debate foi marcado por embates intensos entre candidatos, com diversas críticas políticas.
Entre os temas abordados durante os três blocos esteve saúde, com ênfase à situação do Hospital Arcanjo São Miguel (HASM) – comprado, em 2023, pelo Executivo municipal -, asfaltamento, programas de habitação social e questões ligadas à gestão e administração.
O início do debate
A cada bloco de perguntas, os candidatos são sorteados e o tema é livre. No primeiro, quem iniciou foi Renan Sartori, que escolheu Nestor Tissot para responder. Logo na primeira pergunta, o embate político, que marcaria o debate, foi percebido. O candidato do MDB questionou o número de cargos comissionados, se a situação “não seria o maior cabide de empregos”.
“O governo passado, que o senhor fazia parte, tinha 244 CCs, nosso governo hoje tem 269. A folha de pagamento do seu último governo alcançou 55,97% da arrecadação, o nosso até agora, 2024, 38.69%”, afirma o candidato do PP.
Em seguida, o bate-bola continuou. Nestor foi o próximo a perguntar e optou para que Renan falasse sobre seus planos para a localidade de Forqueta e Lageana. “São lugares importantíssimos, onde temos que trabalhar com forma pessoal. Temos que levar habitação popular, temos que levar o que esse governo faz 24 anos não leva. As pessoas estão indo embora, morar em Três Coroas, Igrejinha. O aluguel de Gramado hoje é o mais caro da região”, pontua Sartori.
Em réplica, Nestor disse que o “candidato estava despreparado e não conhece o município”. “A região de Forqueta e Lageana são áreas de interior, que precisam de asfaltamento, que tem um dos maiores pontos turísticos, o Panelão, um acesso que contribui para a mobilidade urbana, precisa de melhorias asfálticas, com os deslizamentos”, diz.
Em tréplica, Sartori se defendeu dizendo que “a única coisa que o governo fez foi asfalto, e que a população quer habitação popular”.
O terceiro a formular uma questão foi Coronel Carvalho, que perguntou sobre quais soluções do PT Dorneles deseja implantar na cidade. “O Coronel tem esse tom ideológico, esse choque entre esquerda e direita. Sou candidato pela Federação Brasil da Esperança e temos esse assento voltado aos trabalhadores e classes populares e de adoção de políticas sociais. Mas sou defensor da liberdade e do empreendedorismo. E temos propostas que não excluem nenhum setor”, justifica.
Em resposta, o candidato do PL ainda questionou sobre que medidas Julio, então, faria em sua gestão. “Rever todos os tarifaços implementados pelo atual prefeito nas suas gestões, inclusive nas anteriores e atual. Revisar, por exemplo, os absurdos reajustes que houveram no IPTU do gramadense, que afeta também o empreendedor, e revisar a tarifa da coleta de resíduos”, conta.
Para finalizar o bloco inicial, a discussão entre Dorneles e Carvalho continuou. Desta vez, o candidato da Federação Brasil da Esperança questiona a visão de Coronel sobre a conduta pessoal com o papel político do gestor. “Nós defendemos a transparência, valores como integridade e toda parte possível que vá contra a corrupção e medidas anticorrupção. Sou ficha limpa e acho como militar que o exemplo arrasta. É muito triste saber que alguns gestores não são ficha limpa em termos de processo”, reitera.
Julio ainda comenta que ambos candidatos compartilham de uma visão de administração “moderna e profissional, que atenda ao povo gramadense”.
Segundo bloco
A segunda etapa do debate iniciou com Renan Sartori sendo sorteado e, novamente, escolheu Nestor Tissot para responder a questão. Desta vez, o assunto foi o Hospital São Miguel. O candidato do MDB argumenta que prestadores de serviço não tem recebido em dia os salários e que cirurgias são atrasadas ou canceladas devido à ausência de aparelhos de imagem.
LEIA TAMBÉM
Em resposta, o candidato do PP frisa que “deveria haver um aparelho para medir mentiras do candidato”. “Tudo que falou são inverdades, para denegrir um legado que vamos deixar para a cidade nunca visto na história. Nosso hospital está com a saúde financeira completamente em dia, não deve a ninguém, tem que provar isso que está dizendo”, cita.
Em réplica, o candidato do MDB contraria os dados de Tissot. “Mentiras são o que o senhor falou, porque os médicos têm usado a Câmara de Vereadores para denunciar a forma como vocês têm administrado o hospital”, coloca. Em tréplica, Nestor ainda frisou que o hospital não era público antes e se tornou apenas a partir da compra e que obras de ampliação serão feitas na casa de saúde.
A segunda discussão foi entre Coronel Carvalho, que fez sua pergunta direcionada a Renan Sartori. O tema foi saneamento básico. “Precisamos aproximar a conversa com a Corsan, cobrando o marco regulatório, cobrando todos os contratos já feitos pelo Município e que não saíram do papel. Temos que trabalhar com a iniciativa privada, para que não possamos mais ver numa cidade que tem mais de meio bilhão de arrecadação, vermos esgotos jorrando nas calçadas do Centro e dos bairros”, diz.
Em contrapartida, Coronel coloca que “a política atual só vê asfalto, são quilômetros e quilômetros e muitos deles, sem fazer a tubulação de esgoto”. Em tréplica, Sartori concorda e diz que “são obras eleitoreiras, asfalto sem drenagem e saneamento básico” e que são necessárias “políticas públicas de incentivo à ligação correta”.
Em seguida, foi a vez de Nestor Tissot ser sorteado e direcionar sua dúvida a Julio Dorneles. Ele permaneceu no tema asfaltamento, por considerar que “uma das maiores obras de qualquer governo é levar quilômetros de asfaltamento e qualidade de vida ao morador do interior”.
“Eu acho o asfalto muito importante, eu conheço todos os motivos do porquê o senhor toca tanto asfalto. É uma política que tem que ser mantida, mas a questão talvez que a gente pondere é que outras coisas precisam acompanhar a pavimentação, como saneamento, questões ambientais”, considera.
Em resposta, o candidato do PP criticou dois projetos de lei de pedido de empréstimos, feitos na gestão entre 2017-2020, quando Julio era secretário de Administração, para fazer asfaltamento. “Prova que não precisa contrair empréstimo, basta uma gestão segura, conhecedora, que vai a Brasília e busca recursos”, afirma. Em tréplica, Dorneles finalizou sua fala. “O senhor vai gerar várias séries da Netflix, e uma delas é o asfalto e sua versão sobre o governo passado. Sua bancada vetou esse projeto.”
Para encerrar o segundo bloco, Julio Dorneles abordou o tema saúde com Coronel Carvalho, onde trouxeram propostas para o segmento em Gramado. “Sabemos que em Gramado não há uma gestão eficiente. Por mais que os dados sejam colocados de uma forma pelo prefeito atual que é boa a saúde, ela pode ser bem melhor. O pior negócio que existe é estatizar uma entidade, temos que oferecer saúde, não hospital. Mas é um negócio a parte. Vou fazer uma auditoria sobre todos os serviços prestados, para ver a viabilidade econômica”, comenta o candidato do PL.
Etapa final e direitos de resposta
O último bloco de perguntas também contou com acirramento dos ânimos e críticas à atual gestão, que é gerenciada pelo candidato do PP. Julio Dorneles questionou Nestor Tissot sobre corrupção, “se o candidato nunca recebeu vantagens indevidas”. “Que pergunta, se eu não fosse ficha limpa não estaria aqui. Montaram processos e eu saí livre de todos eles, nada foi provado. Tem leis, tem entidades que fiscalizam, Ministério Público”, afirma Tissot.
Dorneles em réplica disse que “gostaria de lembrar o senhor, tem um correligionário seu, com inúmeros serviços prestados a Gramado, com quatro mandatos, e uma a duas semanas da eleição, tomou condenação por improbidade administrativa e encerrou carreira assim, eu sinceramente espero que o senhor não encerre a carreira assim e tenha várias eleições pela frente, saúde e condições de enfrentar todos os processos, são mais de 100, devido aos vários mandatos, que o senhor responde”.
Em seguida, Nestor respondeu: “O senhor fala em ficha limpa e processo, o senhor não pagou o processo que minha filha ganhou por calúnia e difamação, o senhor fugiu, não era encontrado nos endereços, é um cigano, está em tudo que é lugar. O senhor tem que pagar isso”.
O comentário gerou pedido de direito de resposta, avaliado pelo advogado especialista em Direito Eleitoral, Vinicius Bordan, e concedido. “O prefeito se alterou. Sim, houve o processo. E de fato reconheci e paguei indenização. O vídeo era ofensivo mesmo e publicamente pedi desculpas”, defende-se.
Coronel Carvalho, após, formulou sua pergunta para Renan, sobre educação, devido aos resultados de Gramado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Sartori retornou sobre a criação de apoio aos professores, com novo concurso público, aulas de reforço aos alunos com dificuldades e 14º salário aos profissionais por meritocracia.
Seguindo o debate, Nestor questionou ao Coronel sobre os planos do candidato do PL para o HASM, se o venderia. Carvalho voltou a comentar sobre a necessidade de uma auditoria, para entender como proceder sobre o futuro da casa de saúde.
Por fim, o encontro encerrou com o tema políticas pública de habitação, com Renan perguntando para Julio. O candidato da Federação Brasil da Esperança frisa que deve trazer modelos de programas voltados aos trabalhadores, além de fortalecer o sistema de transporte público coletivo.
Nas considerações finais, Nestor Tissot pediu direito de resposta sobre estelionato eleitoral, após fala de Renan Sartori. “Não podemos aceitar que um prefeito venha aqui e minta e mais uma vez não cumpra seu plano de governo, praticando estelionato eleitoral”, disse.
A medida foi avaliada pelo especialista da área e também concedida. “O candidato Renan está nervoso, fora do normal, nos atacando a noite toda. Ele sabe da minha capacidade do trabalho e da luta para construir uma cidade cada dia melhor. Sabe de todas as obras que fizemos e que todos os documentos que trouxe são verdadeiros”, finaliza.