As câmaras de vereadores de 50 municípios da região terão 106 mulheres na legislatura 2025-2028. São 16 a mais sobre as eleições municipais de 2020, quando 90 ingressaram no Legislativo. Ou seja, crescimento de 17,77%.
Em duas cidades, Picada Café, na Encosta da Serra, e em Três Coroas, no Vale do Paranhana, a participação feminina representa 55% da composição dos legislativos. Ou seja, elas são a maioria nestes dois municípios, já que de nove parlamentares, cinco são mulheres. Em Montenegro, no Vale do Caí, o índice de mulheres ocupando cadeira na Câmara é de 50% – cinco entre dez vagas. Já em Taquara, também no Paranhana, as mulheres eleitas serão 33,33% do total de vagas (15).
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Um grande resultado
Entre as cidades avaliadas no levantamento, a Casa Legislativa de Três Coroas marca história nestas eleições. A composição do legislativo da cidade registra um salto muito alto no comparativo com 2020, ano em que nenhuma vereadora foi eleita.
A mais votada entre as mulheres e a segunda em número de votos na composição é Luciana Fogaça (MDB), para a gestão 2025-2028. Natural de São Francisco de Paula, casada, mãe de um filho, professora há mais de 20 anos e diretora da Escola Municipal Marechal Cândido Rondon, Luciana acredita que será uma legislatura marcada pela renovação e muita atenção aos anseios da comunidade.
“Em 65 anos de município, tivemos apenas uma mulher que ocupou a presidência da Câmara, apesar de termos vereadoras eleitas em outros anos. Acredito que as mulheres que vieram antes abriram muitos espaços para hoje. Esperamos construir espaços de diálogos, independente de sigla, independente de partido, de posicionamento, mas que possamos conseguir a construção de melhorias. A mulher tem um olhar diferenciado, prioriza políticas de educação e de saúde, principalmente”, declara Luciana, que fez cursos de formação para ingressar na política e entendê-la como uma importante forma de mudança na vida das pessoas.
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Luciana, que teve 781 votos, espera que as colegas de legislativo consigam aproveitar também a grande experiência e deixar o legado de uma Câmara que teve 55% de mulheres e foi muito eficiente.
As demais eleitas
Cristiane Kilpp (PSDB) é outra vereadora eleita. Ela é profissional autônoma, tem 38 anos e solteira. “Já concorri quatro vezes e duas fiquei como suplente e agora em 2024 fui eleita com 703 votos”, comenta. Já Aline Trentini (PL) teve 557 votos. Formada em Turismo, 40 anos, é casada e mãe de um casal. “A política faz parte da minha vida desde quando estava na barriga da minha mãe. Cresci nos bastidores”, salienta.
A quarta vereadora mais votada é Denise Bitencurt (PL) com 470 votos. Ela trabalha na área de Recursos Humanos e administrativo, é casada e tem duas filhas gêmeas. Envolvida em movimentos católicos desde jovem, foi ministra, catequista, atuou em conselho escolar, grupos de apoio e ingressou na vida pública em 2020 quando ficou suplente pelo PRTB. Já Marisa da Rosa Azevedo, a Nega, despertou para a política quando foi presidente do Grêmio Estudantil do Colégio 12 de Maio. Se candidatou a vereadora em 1996, assumiu em setembro de 1999 e em 2000 foi eleita com 882 votos, a maior votação no Vale do Paranhana.
Colaborou: Suélen Schaumloeffel
Em Picada Café, das cinco eleitas, quatro estreiam no Legislativo
Em Picada Café também são cinco vereadoras eleitas. Adriane Marconi (PP) foi reeleita e ingressam Carina Adams (PSD), Marilei Wittmann (PSB), Patricia Fenner (União) e Fran Simon (PSD).
“O que percebo e também escutei da população sobre a colocar mulheres na Câmara de Vereadores é que a mulher tem visão de trabalho, de crescimento, de desenvolvimento do município. O povo de Picada Café queria mudança e acredito que esse foi um dos motivos que fez eleger tantas mulheres”, declara Adriane que já foi presidente do Legislativo por dois anos, é agente de saúde, casada e tem três filhos.
Todas as demais eleitas estão estreando no mundo político. Adriane relata que Marilei trabalhou como secretária na Câmara de Vereadores, a Fran é vendedora, a Karina é merendeira em escola municipal e a Patrícia é técnica de enfermagem em posto de saúde. “Todas têm uma ligação com a comunidade. Nós cinco juntas vamos contribuir muito para o crescimento do município, trazendo mais informação para as mulheres de Picada Café, criando grupos que ainda não existem, dar voz às mulheres”, exemplifica.
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Como ficou a região
Em outros municípios há situações diferenciadas no pleito de 2024 no comparativo com as eleições municipais de 2020. Novo Hamburgo terá três vereadoras, uma a mais do que há quatro anos. Pela primeira vez nos 97 anos do município, a Câmara terá mais do que duas mulheres em suas fileiras legislativas. O número, contudo, ainda é bem abaixo da representatividade feminina na sociedade hamburguense. Apesar de comporem 53,1% do eleitorado, elas preencherão apenas 21,4% das cadeiras da Câmara. Formam o trio de eleitas três estreantes em pleitos: Professora Luciana Martins (PT), Deza Guerreiro (PP) e Daia Hanich (MDB). Porém, as duas eleitas em 2020 não se reelegeram (Lurdes Valim e Tita).
Além destas cidades já citadas, outras 17 também tiveram aumento na participação feminina neste pleito: Alto Feliz, Bom Princípio, Brochier, Cachoeirinha, Gravataí, Igrejinha, Imbé, Lindolfo Collor, Montenegro, Osório, Pareci Novo, Parobé, Presidente Lucena, Riozinho, Santo Antônio da Patrulha, São Francisco de Paula e São Vendelino.
Em 13 cidades o número de vereadoras não teve alteração entre os pleitos, mantewndo o mesmo número de representantes (entre 1 e 3 nestes municípios)
Por outro lado, Nova Petrópolis e Rolante não contam com nenhuma mulher nas fileiras. As duas cidades não perderam representatividade entre as duas eleições.
Cenário nacional
O crescimento entre o número de mulheres eleitas no último domingo na região seguiu de perto o que foi observado no cenário nacional. Se por aqui o crescimento foi de quase 18%, em todo o Brasil o índice chegou a 18,37% no comparativo entre eleições. Dos 58.446 vereadores eleitos em 2024, 10.654 são mulheres (18,2%).
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De acordo com as informações do TSE, nas eleições municipais de 2020, do universo de 57,8 mil vereadores eleitos no país, 9 mil eram mulheres (16% do total). Apesar do pequeno crescimento, quando se pensa em todo o eleitorado feminino, a proporção de participação das mulheres nas câmaras fica bem abaixo. Segundo dados do TSE, as mulheres representam 52% do total de eleitores.