O candidato Tarcísio Zimmermann (PDT), que concorre à Prefeitura de Novo Hamburgo, foi o quarto entrevistado na série com os cinco prefeituráveis promovida pela Central Grupo Sinos de Eleições.
A entrevista foi na segunda-feira (16), no estúdio multimídia da Rádio ABC 103.3 FM, com transmissão ao vivo também em vídeo aqui no ABCmais e no YouTube.
Durante 50 minutos, o candidato, que é ex-prefeito de Novo Hamburgo, respondeu aos questionamentos de sete jornalistas da redação integrada sobre a corrida eleitoral, seus pontos de vista sobre a gestão da cidade e seu futuro, explicou sobre fala polêmica semana passada e avaliou o cenário político.
Nesta terça-feira (17), a partir das 12h10, o candidato Gustavo Finck (PP), empresário que foi eleito pela primeira vez vereador em 2020, encerra o ciclo de entrevistas com os prefeituráveis.
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Confira a seguir trechos da entrevista com Tarcísio:
Em um debate a seguinte fala sua sobre a candidata Tânia da Silva (MDB) repercutiu nas redes sociais: “A candidata, que foi assessora especial da prefeita durante vários anos… Eu não sei o que faz uma assessora especial, se varre ali o chão, ou se… Enfim, porque ela não assume nada da tragédia que o governo dela produziu”. O senhor não acha que depreciou quem desempenha essa função?
Na verdade não depreciou. Seria depreciativa se a Tânia dissesse para a cidade de Novo Hamburgo por que ela ganhou um salário de quase R$ 12 mil. Eu juro pra vocês que não consigo entender o que faz um assessor especial no gabinete da prefeita. Se é um assessor especial no gabinete, tem que assumir a Prefeitura. Eu varro o chão, lavo parede, faço qualquer tipo de serviço. Pra mim não é depreciativo uma coisa que eu mesmo faço. Quanto a preconceito eu fui o cara que criou a Coordenadoria de Políticas Públicas para Mulheres. O meu governo era 50% de mulheres no primeiro escalão. Tento corrigir todas as minhas visões machistas ou preconceituosas que infelizmente a gente carrega da educação que a gente vem.
Sobre inchaço da máquina, o quanto é eficaz reduzir sem afetar serviços?
Somos um município que empobreceu muito nos últimos anos e a situação da Prefeitura é desastrosa financeiramente falando. Ela caminha para a inviabilização se não forem tomadas medidas muito drásticas. Então eu vou fazer um cortaço em cargos de confiança no governo. Um cargo de confiança não é um cargo de ponta, ele não dá aula, ele não faz um curativo, ele não faz nada disso. Ele é uma estrutura meio e nós vamos ter que qualificar. Trinta por cento dos cargos de confiança que serão cortados. Terei muito menos pressões para compor um governo. Quero fazer sobrar dinheiro. Por exemplo, nós temos a Secretaria da Saúde e eu criei a Fundação de Saúde, mas a minha experiência hoje diz que nós não podemos ter esses dois órgãos.
Por que foi criada a Fundação de Saúde?
Na época a gente seguiu o modelo que existia. A secretaria com função propositiva e uma fundação com função de execução. Mas isso se mostrou inconciliável.
Por que isso não ocorreu no governo do seu sucessor, Luis Lauermann (PT)?
Porque eu não respondo pelo governo do meu sucessor, porque ele definitivamente não seguiu o que nós havíamos estabelecido.
Que obras pretende tirar do papel ou concluir?
Precisamos concluir todas as obras em andamento. Tem o esqueleto do hospital, que tá parado [Anexo II]. Vamos examinar melhor aquela obra pra ver qual é a qualidade daquela execução, porque a obra do Anexo I era de uma qualidade horrível e tivemos R$ 550 mil em retrabalho. E eu estou me comprometendo com a obra do dique e da Casa de Bombas. Mas se eu puder fazer só uma obra, vou urbanizar a Vila Getúlio Vargas.
Qual sua avaliação em relação às cheias de maio?
Evidentemente não contávamos com uma chuva dessa dimensão. Mas a Defesa Civil não existiu, porque quando a chuvarada nas cabeceiras é forte, vai levar três a quatro dias para começar a ter inundação. E foi assim. Por que as pessoas não foram avisadas com antecedência e não foi montado um sistema para tirar os principais pertences das pessoas? Temos que construir planos de contingência sofisticados. Temos que ter cadastro das áreas de risco, famílias, voluntários, locais para depositar os bens das famílias e sistema de evacuação antecipado. Nenhuma enchente ocorre da noite para o dia.
O senhor fala em readequar a função da Guarda Municipal focada em segurança…
Tenho a impressão que temos mecanismos legais que nos permitam ter outro tipo de servidor para as funções de trânsito.
Em 2007, a cidade começou a pensar na Estação de Tratamento de Esgoto Luiz Rau. No seu governo o senhor apresentou o projeto das macrófitas. Em 2019, nossa reportagem apurou que o projeto, sem sair do papel, já havia dado prejuízo de R$ 3 milhões. Novamente readequada, a obra está andando. Se eleito, vai manter a obra ou retomar as macrófitas?
Na época avaliamos que a alternativa economicamente mais viável seria a das macrófitas. Estava aprovado e não foi continuado porque não quiseram. Seria um crime da minha parte não retomar. Porque a gente tem que pensar a cidade pra daqui a 20, 30 anos e a economia é bilionária se a gente pensar um sistema que seja mais eficaz e menos custoso.
Após décadas o senhor saiu do PT. Alinhado à esquerda, sempre articulou bem com o centro. Antes de definir a atual chapa houve aproximação com PT para composição que não andou. Acabou compondo com o União Brasil, partido de direita. Pode comentar?
Essas ronhas entre forças políticas têm pouca importância no município. No município a gente é mais ou menos parecido com um síndico. Quando aceitei ser candidato procurei todos os partidos, menos aqueles do campo muito hard, que entendia que aquilo não é política. Procurei o PP, MDB, PT e PSDB.
Por que não Tarcísio e Fufa [Azevedo-PT]?
Aceita convite quem quer. Eu colocava que se existisse candidatura melhor que a minha não tinha problema.
Não acredita que as duas chapas dividem votos?
O menor não pode exigir que o maior se renda. Se me provassem que a candidatura do Fufa era mais competitiva, eu seria vice do Fufa.
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Sua sugestão era transformar o CIT em entidade de empreendedorismo da juventude. Pretende mudar o projeto em andamento?
Acho que aquilo, enquanto concepção de Centro de Inovação e Tecnologia, não responde ao problema. Precisamos de um sítio industrial tecnológico. A cidade não vive sem indústria.
Qual será a assinatura que, se eleito, o senhor vai deixar ao final do governo?
Deve ser a marca do diálogo, da eficiência, de um governo que tenha boas entregas. E um governo que saiba operar para futuro e eu pretendo trabalhar muito para esse horizonte. Por isso, melhorar a saúde, educação, assistência. Ter um olhar para o nosso desenvolvimento econômico, mas, sobretudo, um olhar para as pessoas.