Eleições
"Ando de bicicleta na rua e meu adversário de carro blindado"
Airton Souza (PL) está confiante para disputa pela Prefeitura no segundo turno
Última atualização: 22/10/2024 11:59
Na reta final da eleição de 2024, o Diário de Canoas publica hoje e amanhã entrevistas com os candidatos que disputam o segundo turno para a Prefeitura canoense. Seguindo a ordem do resultado do primeiro turno, o primeiro entrevistado é Airton Souza (PL), que tem como vice Rodrigo Busato (União Brasil). A chapa somou 51.472 votos no primeiro turno, o equivalente a 35,26% dos votos válidos.
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No próximo domingo (27), os canoenses voltam às urnas para decidir quem governará a cidade pelos próximos quatro anos. Nesta entrevista, Airton detalha a estratégia adotada neste segundo turno e defende ser o candidato do povo nestas eleições. "Eu ando sozinho de bicicleta na rua e meu adversário precisa de carro blindado", diz. "Não tenho medo de nada e nem de ninguém".
DC - O candidato ficou surpreso com a votação expressiva no primeiro turno?
Airton Souza - Surpreso? Não. A gente tinha um sentimento da rua que era muito favorável à campanha. O que surpreendeu é que nenhuma pesquisa divulgada na época mostrava isso. As pesquisas só nos davam um pequeno percentual dos votos. As pesquisas apenas nos enganaram. O sentimento que existia nas ruas era de apoio e que iríamos muito bem, como o resultado mostrou. O sentimento era de mudança e apoio da população. Aonde a gente passava, era super bem recebido. A população deixou claro que está cheia deste modelo atual, que deixou milhares de pessoas abandonadas em Canoas. A saúde péssima, cidade suja, ruas esburacadas. Percebemos que a onda era de mudança. Pelo menos 70% da população mostrou que está cansada da atual gestão.
DC - Isso dá mais segurança para este segundo turno? Qual a estratégia adotada na reta final?
Airton - Deixa a gente mais confiante e entusiasmado, sem dúvida, mas não ganhamos a eleição ainda. O momento é de muita humildade e continuamos com um trabalho intenso nas comunidades. Então o que optamos? No primeiro turno, tivemos seis debates. O adversário fugiu de três. Já debatemos o suficiente. Adotamos a estratégia de estar nas ruas. São muitas caminhadas. Ando quase sem voz de tanto conversar com a população. Recebemos muito apoio. Além disso, com exceção do Psol, garantimos apoio de todos os concorrentes do primeiro turno. É uma ampla coligação, uma ampla base de apoio, pela mudança em Canoas.
DC - E quais são as propostas detalhadas para a população durante as caminhadas?
Airton - A prioridade é a reconstrução dos diques e construção dos que não existem. Temos uma equipe técnica preparadíssima para este desafio. E temos a certeza que o recurso do governo federal está garantido no orçamento da União. Ele está só propagandeando as obras. Podem percorrer a cidade para ver que não tem placa em lugar nenhum. Já sobre a saúde, há muitas pessoas esperando por cirurgias. Também queremos a reestruturação plena do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC). Foi aberta uma UBS dentro do HPSC. Temos 80 mil pessoas aguardando por consultas e exames. Somente entre as mulheres, temos 4 mil esperando por uma mamografia. Isso é um absurdo. Vamos resolver isso por meio de parcerias sérias, vamos desafogar estes exames e criar terceiros turnos em nossos hospitais.
DC - Canoas tem um conhecido déficit na área da saúde. Como criar soluções para isso?
Airton - Em primeiro lugar, nós vamos estancar a corrupção. Só em um processo, o Ministério Público aponta desvio de mais de R$ 65 milhões liderados pelo atual chefe do Executivo de Canoas. Então vamos estancar esta corrupção e enxugar a máquina pública. Dá para fazer. Hoje temos mais de 50 estruturas de secretarias. Temos que diminuir a estrutura do Município para ter recursos e investir. Nós vamos devolver a dignidade ao canoense.
DC - E sobre os candidatos à Prefeitura de Canoas no primeiro turno que o apoiam nesta campanha de segundo turno: se eleito, vão compor o novo governo?
Airton - A primeira coisa é ganhar a eleição. Depois, todo mundo que contribuiu para ganhar, vai contribuir para governar. Isso faz parte da política. Os partidos - Republicanos, PRB, Novo - serão convidados a apresentar quadros qualificados para compor o governo e ajudar a administrar a cidade. Isso é um compromisso e uma certeza.
DC - Há muitos comentários sobre uma possível cassação se o senhor for eleito. Seu vice assumiria. Pode explicar isso?
Airton - Não existe essa possibilidade. Eu respondo, sim, a um único processo em que não há dolo ou indício de crime ou desvio de dinheiro público. O processo é de quando eu era presidente de uma companhia do Estado, que produzia produtos para a purificação da água. Tínhamos uma licitação e uma equipe técnica constatou que especificação de um produto estava errada. Junto com o jurídico, a equipe técnica orientou a suspender a licitação. O Ministério Público entendeu que dei um prejuízo para a empresa, o que não foi verdade. Tenho certeza que o entendimento do MP será revertido no STJ [Superior Tribunal de Justiça] ou STF [Supremo Tribunal Federal] a um parecer favorável. Então, vamos governar a cidade.
DC - Seu partido é conhecido também pelos ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como será o diálogo com o governo federal neste momento tão sensível para Canoas?
Airton Souza - Será que o PT apoia realmente o atual governo? É o desafio que faço. Temos deputados e senadores em contato direto com o governo federal. Entendemos a importância do diálogo para governar a cidade. Com todos, sem exceção.
DC - Se questionou sobre a falta de apoio a sua campanha por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro. Inclusive, a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, cancelou visita a Canoas. O que pode ser dito sobre isso?
Airton - Eu não só tenho apoio, como tenho certeza do suporte que receberei do ex-presidente. Conversei com ele ainda no primeiro turno. Em Brasília, ele me recebeu de braços abertos. Então, essa narrativa que o Airton não tem o apoio do Bolsonaro não é verdadeira. Depois, preparamos uma festa bacana para a Michelle. Só que estávamos sem aeroporto. Atrasou o voo em Brasília e prejudicou a programação. Estou muito tranquilo sobre o apoio do Bolsonaro.
DC - E o que espera do eleitor canoense para o próximo domingo?
Airton Souza - Espero que o canoense vá votar. Porque a hora da mudança é agora. A falta de participação pode acabar na desgraça de a cidade continuar do jeito que está. Quero que o canoense vá votar e nos dê um voto de confiança para construir uma nova história para a nossa cidade. Porque hoje sou o candidato do povo. Eu ando sozinho de bicicleta na rua e meu adversário precisa de carro blindado. Não tenho medo de nada e nem de ninguém.