Um relatório obtido com exclusividade pelo Grupo Sinos revela o valor de doações via Pix que entrou na vaquinha online organizada por voluntários da causa animal de Novo Hamburgo para socorrer os animais resgatados na enchente. Esse dinheiro, contudo, tem destino incerto já que ficou sob a administração de uma falsa veterinária contratada pela prefeitura que ainda não prestou contas do valor.
Foto: Laura Rolim/GES-Especial
Somente no mês de junho, do dia 1º ao dia 22, foram depositados na conta administrada pela falsa veterinária exatos R$ 64.430,11. Deste valor, o grupo de voluntários conseguiu resgatar somente R$ 18 mil no dia em que a farsa foi descoberta. Diante da Brigada Militar, na noite do último dia 25, a mulher que durante um mês enganou a todos se dizendo médica veterinária concordou transferir esse valor para a conta de uma ONG indicada pelos organizadores da vaquinha.
O montante arrecadado seria suficiente para comprar cerca de 429 sacos de ração premium de 20 quilos – ou seja, 8,6 mil quilos de ração – para os cães resgatados na enchente. Ou, ainda, seria possível realizar cerca de 294 castrações de cadelas com mais de 12 quilos pelo projeto de castração a baixo custo.
“A gente insistiu, mas ela nunca nos apresentou um extrato bancário. Então, a gente não faz ideia do quanto tem nessa conta exatamente. Se nesse relatório de pouco mais de 20 dias há a indicação de entrada no valor de R$ 64 mil, imagina o resto”, pondera uma voluntária. A testemunha pede para não ter o nome revelado com medo de sofrer retaliações da falsa veterinária.
A mulher contratada pela prefeitura de Novo Hamburgo teve a farsa descoberta justamente por não prestar contas do dinheiro arrecadado na vaquinha. Desconfiados, voluntários começaram a pesquisar sobre a mulher e descobriram que o registro profissional que ela indicou à prefeitura era falso. Com isso, o grupo se organizou e registrou um boletim de ocorrências contra ela no dia 24 de junho. No dia seguinte, quando a mulher de 31 anos chegou para cumprir plantão no abrigo para animais montado no antigo hotel da Fenac, os voluntários acionaram a Brigada Militar.
Quando os policiais chegaram no abrigo, os voluntários revelaram à falsa veterinária que haviam descoberto a farsa. Ela foi detida, mas acabou liberada após o registro de ocorrência na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Novo Hamburgo. No dia 27, um inquérito policial foi instaurado pela 2ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo para investigar a questão da vaquinha.
“Vamos ouvir os voluntários que denunciaram e interrogar a pessoa suspeita. Esses depoimentos podem determinar desdobramentos na investigação”, afirma a delegada Marina Goltz.
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