LITORAL NORTE
TORTURA E CÁRCERE PRIVADO: Mais de 50 internos são encontrados em quarto escuro de clínica de reabilitação em Tramandaí
Ação policial aconteceu após protesto de familiares de um homem que teria morrido no local
Última atualização: 16/01/2024 18:35
Uma manifestação em frente a uma clínica de reabilitação privada, localizada na Avenida Rubem Berta, no Centro de Tramandaí, acabou com a prisão de dois monitores na tarde de sábado (13). Familiares protestavam pela morte de um homem de 31 anos, ocorrida em outubro do ano passado, alegando que ele teria falecido pelo excesso de medicação ministrada pelos profissionais do local.
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Conforme a Brigada Militar (BM), a vítima morreu no dia 23 de outubro, um dia depois de dar entrada na clínica. A família relatou aos policiais que organizou a manifestação após receber o resultado do laudo pericial, no qual foi apontado intoxicação exógena (consequência clínica e/ou bioquímicas da exposição a substâncias químicas encontradas no ambiente ou isoladas) como causa da morte.
Uma guarnição foi até o endereço para verificar as denúncias, sendo recebida por dois funcionários do estabelecimento. Após encontrarem todos os cômodos vazios, os policiais se depararam com um espaço escuro nos fundos da construção onde estavam 51 internos.
Em silêncio, as vítimas sinalizaram socorro. Algumas estavam feridas, sendo que uma tinha machucados graves no rosto. Três homens, de 29, 30 e 40 anos, foram ouvidos e relataram aos policiais militares que eram trancados em quartos, desmaiados e, então, agredidos intensamente pelos monitores e "internos de apoio". Além disso, eram obrigados a tomar remédios não receitados, forçados a viver em ambiente sem higiene e tinham alimentação limitada.
Ainda, para que não denunciassem a situação e não fossem retirados do local, eram impedidos de ter contato com a família e não recebiam o valor mensalmente enviado pelos familiares.
Diante do cenário, os dois funcionários foram presos por suposta tortura, sequestro e cárcere privado. Um deles, de 24 anos, tem entre os antecedentes tráfico de drogas, furto e roubo. O outro, de 38 anos, tem antecedentes por ameaça, roubo, resistência, desobediência e lesão corporal.
A reportagem contatou o Centro de Acolhimento Litoral Norte, mas não teve retorno até a publicação desta matéria. Até esta segunda-feira (15), o estabelecimento seguia aberto.
A vigilância sanitária esteve no local para avaliação do local e condições dos abrigados. O caso é investigado pela Polícia Civil.