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SÃO LEOPOLDO

Testemunhas são ouvidas no julgamento dos acusados da morte de jovem no Centenário

Júri dos cinco réus começou por volta das 11 horas no Fórum de São Leopoldo; crime aconteceu em novembro de 2018

Renata Strapazzon
Publicado em: 12/12/2023 às 11h:55
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Começou por volta das 11 horas desta terça-feira (12) o julgamento dos cinco acusados pela execução de um jovem por engano dentro do Hospital Centenário, em São Leopoldo. O júri popular ocorre no Fórum da cidade. O crime aconteceu no dia 9 de novembro de 2018 e resultou na morte de Gabriel Vilas Boas Minossi, 19 anos.

Júri dos cinco réus começou por volta das 11 horas no Fórum de São Leopoldo



Júri dos cinco réus começou por volta das 11 horas no Fórum de São Leopoldo

Foto: Renata Strapazzon/GES-Especial

Apontados pela Polícia Civil como os executores do crime e denunciados pelo Ministério Público, serão julgados William Gabriel Almeida Pereira, Lucas Gabriel Pedroso Nunes, Jorge Gilberto da Silva Júnior, e Deivid Silva de Ávila, além do suposto mandante, Eberson Ferreira Almeida.

Todos os cinco denunciados já estão presos. Os crimes imputados a eles, conforme a promotoria, na época da denúncia, são um homicídio consumado duplamente qualificado, duas tentativas de homicídio qualificado, receptação de veículo e formação de quadrilha armada.

O conselho de sentença é formado por três mulheres e quatro homens. O julgamento é acompanhado por familiares da vítima e dos réus. As primeiras testemunhas a serem ouvidas durante a manhã foram a mãe e a ex-namorada de Deivid Silva de Ávila. Ambas sustentaram a versão de que Ávila estava em Florianópolis em busca de uma oportunidade de emprego na data dos fatos.  

Fechamento de um ciclo 

Para os pais de Gabriel, o julgamento põe fim a uma espera de cinco anos. “Para nós é muito difícil estarmos aqui hoje. Sabemos que nada nos trará o Gabriel de volta, mas esperamos muito por este dia. É o fechamento de um ciclo”, comenta mãe do jovem, Indianara Martins Villas Boas. Pai de Gabriel, Marcelo Minossi, diz esperar que os réus sejam condenados e que cumpram o máximo da pena reclusos. ” Que cumpram a pena até o final. Não não adianta cumprirem um terço e logo estarem na rua de novo”, desabafa. 

O crime 

O crime aconteceu na madrugada de 9 de novembro. Por volta das 4 horas, quatro homens chegaram ao Hospital em um veículo Fiesta sedan. Dois, armados com pistolas calibre 9 milímetros e com os rostos cobertos, acessaram o local enquanto outros dois, também com toucas ninja, monitoravam a porta e o saguão, um deles portando uma arma longa, semelhante a um fuzil. Da porta da clínica cirúrgica, a dupla disparou mais de 20 vezes, acertando Gabriel Vilas Boas Minossi, que morreu no local.

Os disparos também acertaram, sem gravidade, um outro paciente e a acompanhante dele. O verdadeiro alvo dos atiradores, no entanto, segundo a polícia, seria Alex Júnior Abreu Tubiana, 28 anos, que se recuperava de uma tentativa de homicídio sofrida dois dias antes. Toda a ação dos criminosos foi flagrada pelas câmeras do sistema de videomonitoramento do hospital.

Crime aconteceu na madrugada de 9 de novembro



Crime aconteceu na madrugada de 9 de novembro

Foto: Reprodução

Horas depois, o carro usado na fuga foi encontrado abandonado na Rua Adolfo Bezerra de Menezes, no bairro Vicentina. Com placas de Sapucaia do Sul, o veículo havia sido roubado na noite anterior ao crime, em Esteio.

Uma semana após o crime, três dos suspeitos já haviam sido presos pela polícia. Um deles, William Gabriel Almeida Pereira, capturado no dia 13 de novembro em Portão com uma pistola calibre 9 milímetros, três carregadores e quase 50 munições.

Os outros dois, Lucas Gabriel Pedroso Nunes e Jorge Gilberto da Silva Júnior, detidos por agentes da Delegacia de Polícia de Homicídios (DPH) no dia 16 na Vila Brás, no bairro Santos Dumont, em São Leopoldo. Já Deivid Silva de Ávila, foi preso no dia 24, em Florianópolis, em Santa Catarina.

Ataque por vingança ordenado por detento

O ataque, segundo apurado pela polícia na época, teria tido como motivação desavenças relacionadas ao tráfico de drogas por facções rivais, além de ter sido uma forma de vingar a morte de Samuel Lima da Rosa, de 19 anos, morto por Alex Júnior Abreu Tubiana, dois dias antes dentro de uma oficina mecânica no bairro Santos Dumont durante reação a tentativa de homicídio.

A ordem para executar Tubiana, conforme a polícia, teria sido dada por um outro traficante da Vila Brás, Eberson Ferreira Almeida, com o qual Tubiana teria tido um desentendimento dentro do presídio. Na data do atentado no Hospital, o suposto mandante estava detido na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) após ter sido preso em flagrante por receptação dois dias antes ao ser abordado com um carro roubado.

Verdadeiro alvo foi morto em confronto com a Polícia em 2020

Conforme a polícia, o verdadeiro alvo do bando no ataque dentro do Hospital Centenário era Alex Júnior Abreu Tubiana, 28 anos. Ele era acusado de, pelo menos, dois homicídios ocorridos em 2015 na Vila Brás e ocuparia o cargo de “matador” dentro de uma quadrilha liderada por um traficante. Ele já havia sido condenado a 12 anos de prisão por um dos homicídios dos quais era acusado e era considerado pela polícia um criminoso de alta periculosidade.

Após a invasão ao Hospital Centenário, Tubiana solicitou recusa do tratamento e deixou a casa de saúde depois de assinar um termo de responsabilização. Ele acabou morto em setembro de 2020 em um confronto com a Brigada Militar após assalto a banco no Litoral Norte.

 

 

 

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