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Prova do crime

Sedativo usado na morte da esposa de médico foi levado do estoque do Samu um dia antes do crime

Investigação interna conduzida pela Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre constatou sumiço do frasco de Midazolam

Publicado em: 01/11/2024 às 14h:35 Última atualização: 01/11/2024 às 14h:45
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A Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre confirmou, na manhã desta sexta-feira (1º), que uma investigação interna do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) apontou que um medicamento foi furtado durante o plantão do médico André Lorscheitter Baptista.

André Lorscheitter Baptista, 48 anos, foi preso na terça-feira (29) pela Polícia Civil



André Lorscheitter Baptista, 48 anos, foi preso na terça-feira (29) pela Polícia Civil

Foto: Polícia Civil

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O médico de 48 anos acabou preso pela Polícia Civil, na tarde de terça-feira (29), suspeito de matar Patrícia da Rosa dos Santos, 41, dosando remédios de uso restrito contra a vítima.

Conforme a apuração, foi dada baixa em um frasco de Midazolam, um dos medicamentos que teriam sido usados contra a vítima, fato atestado por laudo emitido pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP).

Em nota, a Secretaria da Saúde informou que o suposto furto aconteceu por volta de 7 horas, na véspera da morte de Patrícia, no momento em que o médico faria a troca de plantão.

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“O Samu da capital mantém um controle rigoroso de estoque, o que possibilita a detecção de irregularidades, incluindo furtos”, defendeu a nota encaminhada pela secretaria.

Segundo o diretor do Departamento Metropolitano de Homicídios, Rafael Soares, a Polícia Civil vem recebendo colaboração da diretoria do Samu para conduzir a investigação.

A polícia sabe que houve desvio, porém é necessária a materialidade de como o médico do Samu levou para casa os medicamentos restritos que acabaram causando a morte precoce da esposa.

“Sabemos dos desvios, mas não temos a informação ainda de como todos os remédios estavam com ele”, resume. “Recebemos, por enquanto, essa primeira informação graças a uma apuração interna do Samu.”

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Suspeita

Outra dúvida que paira sobre a investigação conduzida pela Homicídios é sobre o laudo atestando a morte por “infarto agudo do miocárdio” que foi encontrado pelos policiais.

“Descobrimos que o médico que assinou o laudo conhecia e era amigo do suspeito do crime”, explica. “Ele foi ouvido e no depoimento disse que não encontrou evidência que não apontasse morte natural e não imaginava haver crime.”

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Justiça

Na manhã deste sábado (2), Dia de Finados, haverá uma caminhada, pedindo por Justiça, no bairro Marechal Rondon. O ato é organizado por parentes e amigos de Patrícia da Rosa dos Santos.

Os manifestantes irão se encontrar na esquina da Rua Dr. Sezefredo Azambuja com a Açucena, para então partirem caminhando, todos de branco, com camisetas personalizadas, até a sede da Polícia Civil em Canoas.

“É muito importante a mobilização do maior número de pessoas”, afirma a irmã, Bruna Santos. “Este crime não pode ser esquecido. Ela não pode ser mais uma vítima para estatísticas.”

Tristeza

A morte da enfermeira encerra ciclo de quase dois anos sem o registro de um feminicídio em Canoas, segundo dados da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Canoas.

“Infelizmente, não conseguimos chegar a dois anos sem a morte de uma mulher”, lamenta a delegada Angélica Giovanella Marques, titular da DP da Mulher. “Lamentamos o que houve e é muito triste saber o que aconteceu”.

Entenda o caso

Foi na manhã do dia 22 de outubro que a irmã de Patrícia procurou a Polícia Civil para denunciar o caso. A denúncia serviu de combustível para que a Polícia Civil corresse ao local e chegasse na casa da vítima, instantes antes do corpo ser recolhido por uma funerária.

Patrícia teve o óbito registrado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) por ataque cardíaco, no entanto, os policiais encontraram na casa indícios que ela havia sido assassinada.

O trabalho da perícia e a consequente apuração revelou que o homem vinha dopando a vítima por meio de medicação colocada no sorvete. Com Patrícia dormindo, dosava medicação para induzir o ataque cardíaco, revelaram os laudos.

“Foi tudo premeditado para matar a mulher e escapar impune”, afirmou o delegado Arthur Hermes Reguse. “Se a irmã não tivesse o lampejo de correr até a polícia, o laudo de ataque cardiorrespiratório seria aceito. Só que ela era uma jovem enfermeira sem nenhum histórico cardíaco.”

Nota da defesa

Por meio de nota, a defesa de André Lorscheitter Baptista alega a “veiculação de notícias imprecisas e especulações sobre a morte de Patrícia Rosa dos Santos”. O advogado Luiz Felipe Mallmann de Magalhães diz que seu cliente é “absolutamente inocente das graves imputações que estão sendo feitas”.

Além disso, “assegura que o que ocorreu com Patrícia foi uma tragédia, mas jamais um crime de homicídio”.

Finaliza afirmando que “qualquer especulação que presuma a culpabilidade do investigado, sem as provas necessárias, viola o princípio constitucional da presunção de inocência”.

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