FEMINICÍDIO
Quem é o fisiculturista preso por matar a companheira personal trainer em Montenegro
Por não aceitar a separação, segundo a Polícia, o acusado asfixiou a mulher e deixou o corpo perto da casa dos pais dela
Última atualização: 28/01/2024 20:55
Em áudio enviado a um amigo, o fisiculturista Alexsandro Alves Gunsch, 48 anos, parece premeditar a morte da companheira, a personal trainer Debora Michels Rodrigues da Silva, a Debby Michels, 30. Ele não aceitava a separação. Conforme a Polícia, asfixiou a mulher e deixou o corpo perto da casa dos pais dela, na madrugada de sexta-feira (26), em Montenegro. Na manhã deste domingo (28), após impasse jurídico, o acusado foi capturado.
Na mensagem, Gunsch diz que vai “resolver um assunto”. Avisa ao amigo que deixará o celular no carro e passa a senha de desbloqueio. “Aí tu vai pegar o telefone, vai estar o número das minhas filhas e mandar esse áudio para elas. Pra elas escutar que eu amo muito elas, sempre amei. Elas foram uma das melhores coisas ‘que aconteceu’ na minha vida, que me perdoem por tudo o que vou fazer. E onde eu estiver vou amar elas sempre, e vou estar cuidando delas.” As filhas são de outro relacionamento.
No mesmo aúdio, o fisiculturista pede para avisar a um irmão que entregue às filhas um dinheiro reservado. “Não vou estar na volta pra ver, mas confio muito nele”. E se despede do amigo: “Agradeço a farra, tudo o que a gente fez, valeu a pena. Se a gente tiver a chance de ficar junto em outra vida, vou tentar fazer melhor”, conclui, com um sorriso.
A confissão
A impressão era que o fisiculturista se mataria após o feminicídio, mas, na noite de sexta-feira, com a cidade já comovida pelo assassinado de Debby Michels, ele foi à delegacia e confessou. Ele tinha passado o dia em Canoas, onde tem familiares e amigos. Acompanhado de advogado, disse ter levantado a companheira pelo pescoço e a jogado contra um armário durante briga por ciúmes. Ao perceber que ela estava mal, afirmou ter colocado a mulher no carro para levá-la ao hospital, mas morreu antes. Então, decidiu deixar o corpo próximo à casa dos pais. A reportagem não localizou a defesa do indiciado.
Juiz negou e depois decretou a preventiva
Após a confissão, Grunsch foi liberado. “A Polícia Civil havia representado pela decretação de prisão preventiva do suspeito, com parecer favorável do Ministério Público, a qual foi indeferida”, manifestou-se a Polícia Civil, por meio de nota. A instituição frisa que fez pedido de reconsideração, que acabou sendo deferido para a execução da captura, neste domingo.
As duas decisões são do juiz da 2ª Vara Cível de Montenegro, Maurício Muliterno Thurow, que estava no plantão. O Tribunal de Justiça se manifestou por meio de nota. “Em razão da matéria, por determinação legal, os autos tramitam em segredo de justiça, mas é possível informar, sem prejuízo do sigilo legal, que, como amplamente já divulgado na imprensa, o primeiro pedido de prisão preventiva foi analisado e indeferido, em síntese, em razão da ausência de elementos; e que o segundo pedido foi analisado após serem juntados aos autos novos elementos.”
Casal estava junto há mais de 11 anos
Debby e Grunsch estavam juntos há mais de 11 anos e não tinham filhos. Muito ativa nas redes sociais, a professora de educação física, que também era fisiculturista, postou foto com o companheiro pela última vez em abril do ano passado.
A personal trainer compartilhava a rotina na academia, com dicas de treinos, alimentação e emagrecimento. O relacionamento com o colega de trabalho, conforme amigos, estava se desgastando. Na noite do crime, ela deixaria a casa onde morava com Grunsch, na localidade de vendinha, e se mudaria para um apartamento.
O corpo foi encontrado por volta das 3 horas de sexta-feira na calçada da Rua Ponta Negra, no bairro Centenário, tapado por um cobertor e com um celular ao lado, que seria o dela. Os pais, que moram perto, foram chamados e entraram em choque. Debby foi sepultada na manhã de sábado no Cemitério Municipal de Montenegro.
Segundo a Polícia, não havia ocorrências
Conforme a Polícia, não havia registro de violência doméstica. “Consequentemente, não havia pedido de medida protetiva de urgência por parte da vítima”, diz a instituição, em nota. O atestado de óbito aponta a asfixia como causa da morte. O laudo pericial deve ficar pronto em 30 dias.