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VINGANÇA DE FACÇÃO

Presidiário vai a júri nesta quinta-feira por balear policial civil em Novo Hamburgo

Saiba o contexto do confronto, num dos períodos mais violentos que a cidade já viveu

Publicado em: 22/08/2024 às 06h:00 Última atualização: 22/08/2024 às 20h:24
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Seis assassinados e sete feridos a tiros em quatro dias no bairro Canudos, em Novo Hamburgo. Foi nesse contexto, há dois anos, que um policial civil levou dois tiros e um colega quase foi atingido durante investigações na área. O presidiário Jardel Alves de Souza, 28 anos, vai a júri nesta quinta-feira (22) por tentar matar os dois agentes.

Denarc prendeu o réu uma semana depois em Parobé  | abc+



Denarc prendeu o réu uma semana depois em Parobé

Foto: Polícia Civil

O juiz Flávio Curvello de Souza pediu segurança reforçada no Foro de Novo Hamburgo. Jardel é apontado como membro atuante da maior facção gaúcha do tráfico de drogas, sediada no Vale do Sinos. Será transportado do presídio para o júri, que deve começar às 9 horas e terminar no fim da noite.

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O confronto entre o presidiário e os policiais aconteceu na noite de 10 de agosto de 2022, em meio a uma matança desencadeada por duas facções rivais do tráfico. Dois inspetores do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) foram à Rua Bruno Werner Storck, por volta das 19h30, em uma viatura discreta, para apurar suposto domínio do crime organizado em um condomínio residencial.

O agente que saiu ileso conta que tentaram abordar Jardel, pois tinham informação que ele fazia a segurança na área, e foram recebidos a tiros. Houve revide. Diz que não chegaram a se identificar como policiais porque não tiveram tempo de se aproximar do investigado. Alvejado no abdômen e no joelho direito, o colega foi socorrido e hospitalizado. Logo o condomínio foi tomado por policiais, civis e militares, mas ninguém foi preso naquela noite.

Atirador diz que não sabia que eram policiais

Na época condenado em regime semiaberto por roubo à mão armada, Jardel afirmou que só ficou sabendo que eram policiais após os disparos. Alegou que atirou porque se sentiu ameaçado pelos homens. Disse que estava armado para se proteger da onda de homicídios na região e negou pertencer a uma facção.

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Declarou que, após os disparos, fugiu do condomínio e entrou em um mercado, onde deixou a arma em uma caixa de frutas. Era uma pistola calibre 9 milímetros. Nascido em Sapiranga, estava morando no bairro Canudos, em Novo Hamburgo.

Uma semana depois, Jardel foi capturado pelo Denarc em um sítio na localidade de Areia Branca, em Parobé. Estava com ferimento na mão, em razão do tiroteio com policiais, coberto por curativo caseiro. Não procurou médico. A propriedade, conforme a Polícia, era usada pela facção do Vale do Sinos.

Represália de facção, execuções e roubos à mão armada

Enfurecida por execuções de comparsas em Porto Alegre desde o início de 2022, uma quadrilha da capital decidiu se vingar da facção dos Vale do Sinos. A ordem era eliminar pessoas em redutos no bairro Canudos, em Novo Hamburgo.

Dia 6 – Por volta das 6 horas de 6 de agosto, um sábado, pistoleiros abriram fogo contra uma casa abandonada na Rua Danilo Dalmolin, ocupada por usuários de drogas. Morreram um homem de 50 anos e uma mulher de 28. Cinco baleados sobreviveram. Meia hora depois, em um apartamento a 500 metros de distância na Rua Bruno Werner Storck, um adolescente de 17 anos foi executado com tiro na cabeça.

Dia 9 – Três dias após, às 3h30, os matadores gravaram a execução de três homens em um bar, entre eles o dono, de 40 anos, na Rua Campo Bom. Um casal de jovens ficou ferido a tiros e foi hospitalizado.

Dia 10 – O confronto que deixou um policial ferido, na noite seguinte, freou a guerra entre facções. Os órgãos de segurança pública intensificaram operações na área.

Assaltos – O Vale do Sinos, em especial as cidades de Novo Hamburgo e São Leopoldo, é conhecido pela violência também dos assaltos. Naquele período de agosto, houve dois casos que resultaram em morte.

No dia 7, no fim da tarde, o motorista de aplicativo Enedir Wüst, 49, foi baleado na cabeça durante o trabalho, na Rua São Jerônimo, e morreu 11 meses depois pelas sequelas. Os dois únicos acusados, de 26 e 20 anos, foram absolvidos pela Justiça sob argumento de “falta de provas”.

No dia 11, por volta das 22h30, uma espécie de arrastão terminou na morte de dois assaltantes. A dupla roubou um Palio de um casal e depois assaltou pelo menos uma lancheria e um pedestre. Na Avenida Coronel Frederico Linck, no bairro Ideal, os fugitivos foram mortos pela Brigada Militar. Os policiais apreenderam um revólver usado nos roubos e recuperaram objetos de vítimas no Palio.

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