A Polícia Civil lançou, na terça-feira (23), a batizada Operação Taipan, mirando uma organização criminosa que tomou de assalto um motel da cidade e passou a controlar os crimes em uma área considerada nobre em Canoas.
Entre as ameaças impostas pelos criminosos a garotas de programa e travestis que atuam no local, a 3ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas encontrou uma mensagem de vídeo com um traficante fazendo uma ameaça com um fuzil na mão.
Na avaliação da delegada Luciane Bertoletti, titular da 3ª DP de Canoas, preocupa o acesso fácil de criminosos a armamentos de grosso calibre, que podem ser usados a qualquer momento e não apenas em ameaças.
“Isso nos preocupa muito”, afirmou.
Ao todo, já foram cinco fuzis apreendidos pelas polícias de janeiro a março em Canoas. Não há uma estimativa quanto ao número de armas que possam circular, contudo, as polícias trabalham para rastrear e apreender as armas.
Conforme o delegado Cristiano Reschke, diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (DPRM), há ações da Polícia Civil mirando localizar e desarmar as facções.
“Todas as denúncias que chegam são imediatamente apuradas visando a apreensão de armamentos”, afirma.
PM baleado
Para o comandante do 15º Batalhão da Polícia Militar (BPM), o tenente-coronel Ivan Clóvis Alves, o aumento da capacidade ofensiva da criminalidade é observado com grande preocupação pelo órgão responsável pelo policiamento ostensivo.
“Se pensarmos em uns dez ou doze anos para trás, era rara a apreensão de um fuzil, mas hoje temos encontrado com frequência durante ocorrências em meio aos maiores centros populacionais”, argumenta.
O oficial explica que as armas não são utilizadas apenas contra quadrilhas rivais, mas, também, contra as forças de segurança que atuam no Município.
A Brigada Militar de Canoas, vale lembrar, teve um Policial Militar (PM) baleado, no ano passado, durante uma abordagem a suspeitos no bairro Guajuviras.
“Além da utilização deste tipo de armamento restrito entre grupos criminosos, os delinquentes usam também contra as forças de segurança pública”, reforça.
Armando milicianos
Durante os últimos anos, a entrada de fuzis no País dobrou, segundo a Polícia Federal. Isso porque o relaxamento de leis envolvendo armamentos teve como consequência a compra de muitos armamentos por parte de organizações criminosas do centro do País.
No final do ano passado, a PF apreendeu uma carga de 47 fuzis, pertencente a um suposto colecionador de armas investigado por repassar armamentos para milícias do Rio de Janeiro. Tudo em troca de altas somas garantidas pela organização para que as armas passassem pela fronteira.
Já em Porto Alegre, em novembro do ano passado, durante a batizada Operação Desarme, a Polícia Civil levou à cadeia um suposto colecionador que mantinha 125 armas em casa – inclusive 55 fuzis -, cuja suspeita era de armar uma organização criminosa que tem base na Zona Sul da capital.
A surpresa maior, contudo, aconteceu em março deste ano, quando, além das apreensões de pistolas e fuzis, até uma bazuca acabou sendo achada durante uma ação da Polícia Civil em Lajeado, em um endereço apontado como depósito pertencente a uma facção do Vale dos Sinos.
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