OPERAÇÃO EM CANOAS
MORTE NA PECAN: 11 "gatilhos" de facção ligada a Sapo são presos e assassino de Nego Jackson é mandado para Brasília
Polícia Civil encontrou controles, manuais e caixas de drones com um dos suspeitos em Canoas; presos integram a facção Bala na Cara
Última atualização: 29/11/2024 12:21
A Polícia Civil lançou, na manhã desta sexta-feira (29), a batizada Operação Queda Livre, ofensiva em parceria com a Brigada Militar e Polícia Penal visando atingir a facção criminosa responsável pelo assassinato de Jackson Peixoto Rodrigues, o Nego Jackson, na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan 3), no último dia 23.
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Foram onze suspeitos de integrar a facção Bala na Cara presos. Entre eles, um homem capturado em uma casa no Centro de Canoas, onde estavam guardados controles, manuais e caixas de drones que seriam usados pela organização para entregar materiais em diferentes pontos, inclusive a Penitenciária de Canoas.
Diretor do Departamento Estadual de Homicídios, o delegado Mario Souza observou que a investigação em torno do assassinato de Nego Jackson continua, mas tudo leva a entender que a arma tenha sido entregue por um drone controlado remotamente de um ponto longe dos muros da penitenciária.
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“Não podemos afirmar como a arma chegou no presídio, porque a investigação segue em andamento, mas é claro que o material apreendido em Canoas, na manhã desta sexta-feira, é mais um indicativo que a facção está se valendo da tecnologia para agir”, explicou.
O delegado defende que esta é somente a primeira de uma série de ações organizadas pelas forças de segurança mirando enfraquecer a organização. Isso porque os crimes se somam. Na manhã da última quarta-feira (27), um novo homicídio foi organizado pela facção visando a eliminação de um rival em uma oficina de Canoas.
“O crime que aconteceu na Penitenciária Estadual de Canoas foi uma afronta contra o Estado”, afirma. “Em resposta, as forças de segurança responderão com toda a energia contra esta organização. São várias medidas e isso inclui operações, noite adentro, em pontos-chave na capital e região metropolitana.”
Planejamento e execução
Também à frente da ofensiva, o delegado Thiago Lacerda explica que a facção gerencia “missões” de modo sistemático: há um grupo responsável pelas ordens, outro pelo planejamento e mais um que executa alvos. Os presos nesta sexta-feira estão inseridos no segundo e terceiro segmento. São “gatilhos” dentro do esquema.
“Os homens presos nesta sexta-feira estão envolvidos em uma execução cometida em setembro e outra em outubro em Porto Alegre”, aponta. “Acreditamos que estejam também envolvidos, mesmo que indiretamente, com o assassinato que aconteceu na Pecan no último dia 23.”
Chamada para a morte
O protocolo de segurança organizado contra a facção incluiu também a transferência de lideranças da organização para presídios federais. Na manhã desta quinta-feira (28), Rafael Telles da Silva, vulgo Sapo, um dos responsáveis pela morte de Nego Jackson na Pecan, acabou transferido em uma operação sigilosa para uma penitenciária em Brasília.
Durante a coletiva organizada pela Polícia Civil, na manhã desta sexta-feira, na chamada Cidade da Polícia, em Porto Alegre, o delegado Mario Souza deixou claro que a investiga a suspeita de que Sapo continuava dando ordens de execuções de dentro de casas prisionais do Rio Grande do Sul.
“É algo que continua sendo apurado e será divulgado em momento certo, mas tudo leva a crer que Rafael Telles da Silva, o Sapo, continuava dando ordens por meio de videochamadas gravadas dentro de penitenciárias gaúchas”, esclareceu. “Identificamos uma destas chamadas durante a investigação para apurar a morte que aconteceu na Vila Cascata, em Porto Alegre.”
Entenda o caso
Conforme uma fonte ligada à Polícia Civil de Canoas, os inimigos queriam Jackson morto há tempos. Isso porque ele continuaria dando as ordens à frente da Família do Sul, mesmo em uma penitenciária.
A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Canoas identificou os dois suspeitos do crime como Rafael Telles da Silva, conhecido como Sapo, e Luis Felipe de Jesus Brum.
Não à toa, os dois são criminosos conhecidos por estarem ligados à facção Bala na Cara (BNC), principal rival da Família do Sul pelo controle de pontos de traficância de drogas e entorpecentes em Porto Alegre.