Dono de um motel de Canoas há 30 anos, um empresário foi obrigado, diante de ameaças de um grupo criminoso, a deixar o local e arcar com o prejuízo de meio milhão de reais com a perda do negócio.
Foi a partir desta informação que a Polícia Civil montou a investigação que culminou na batizada Operação Taipan, lançada na manhã desta terça-feira (23), mirando uma facção responsável por extorquir o empresário e clientes do local.
São cumpridas 44 medidas cautelares, incluindo mandados de prisão, busca, apreensão, sequestro de bens e bloqueios de contas bancárias, visando combater os criminosos ligados ao tráfico de drogas e entorpecentes. Foram quatro presos.
Segundo a 3ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas, a investigação começou em novembro do ano passado, quando a vítima procurou a polícia e relatou que vinha sendo explorada por criminosos.
O objetivo, conforme a delegada Luciane Bertoletti, era garantir a hegemonia territorial, assegurando, dessa forma, o controle da exploração sexual e do tráfico de drogas e entorpecentes na área.
“A apuração revelou também que outros comerciantes e empresários também acabaram sendo explorados pelo grupo a pagar pedágio para não ter o estabelecimento destruído pelos criminosos”, explica a delegada.
As ações dos criminosos em Canoas eram coordenadas de em um estabelecimento prisional por um detento que já esteve em Presídio Federal e, atualmente, após saída “humanitária”, tem o paradeiro desconhecido pela polícia, esclarece Luciane.
Em tempo, a ação desta terça-feira teve o suporte do 15º Batalhão da Polícia Militar (BPM).
Janelas quebradas
Esta não foi a primeira vez que a Polícia Civil chegou a criminosos cobrando “pedágio” de comerciantes em Canoas. Em março, a Operação Broken Window [Janela Quebrada, na tradução do inglês acertou um grupo que operava assim.
Os bandidos mantinham um esquema de intimidação contra um comerciante de uma loja de vidros que se resumia a, caso não pagasse os valores exigidos mensalmente pelo grupo, teria as vidraças da loja quebradas. A prática não é nova.
Esquema revelado
Foi em meio ao período de dificuldades da pandemia que a Polícia Civil descobriu que criminosos ligados a uma facção do Vale dos Sinos estavam cobrando “pedágio” de comerciantes.
Caso os valores não fossem repassados à organização, as vítimas eram ameaçadas com assaltos, sequestros e até morte, conforme apuração divulgada pela Polícia Civil em 2021.
Na época, os policiais descobriram que não havia grandes empresários na mira dos criminosos. Os alvos da organização eram donos de pequenos mercados, bares e casas noturnas.
As ameaças eram cumpridas a mando de um criminoso preso no Presídio Estadual de Canela, razão pelo qual existe a suspeita que as ordens em Canoas também sejam cumpridas por um criminoso encarcerado.
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