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INJÚRIA RACIAL

"Paralisei": Mulheres denunciam racismo contra funcionário de lanchonete em shopping de Novo Hamburgo

Clientes registraram boletim de ocorrência após sofrerem injúria racial durante horário de almoço

Eduardo Amaral
Publicado em: 01/10/2024 às 19h:05
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O horário de almoço se transformou em caso de polícia após duas clientes denunciarem um caso de injúria racial contra o atendente de uma lanchonete. A situação aconteceu no Bourbon Shopping de Novo Hamburgo no último sábado (28).

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Caso aconteceu na praça de alimentação do Bourbon Shopping de Novo Hamburgo | abc+



Caso aconteceu na praça de alimentação do Bourbon Shopping de Novo Hamburgo

Foto: Carolina Zeni/ GES-Especial/Arquivo

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Funcionárias da empresa Stock Center, Natália da Silva dos Santos e Priscila Aparecida Elvira da Rosa, ambas promotoras de vendas, tinham duas horas de intervalo no sábado e decidiram ir até a praça de alimentação do shopping da cidade. As duas pediram um lanche em um dos estabelecimentos do local, e após a demora para receber o pedido, ambas foram até o balcão de atendimento para saber o que tinha acontecido.

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“Demorou mais de 15 minutos e minha amiga pegou a nota, levantou e foi lá perguntar, porque as pessoas que estavam chegando depois e sendo atendidas, já estavam comendo e a gente nada”, relata Natália. A situação, que poderia não passar de um problema corriqueiro entre clientes e empresa, acabou escalando rapidamente.

Após o primeiro contato com os funcionários do balcão, as duas foram informadas de que um dos pedidos precisaria ser refeito, e foi neste momento que a injúria aconteceu. “A gerente dali me conhece, e ela que iriam providenciar o lanche que pedi. Agradeci, mas ao invés de sentar na mesa, eu fiquei parada ali e um dos funcionários falou para a menina que cobrou a gente no caixa: ‘tu viu que nega abusada?’, e falou muito alto”, relembra Natália.

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Caso de polícia

Logo após ouvir o que foi dito pelo funcionário, que sequer estava fazendo o atendimento às clientes, Natália relata que ficou em choque pelo tratamento. “Quando ele virou de volta [para o público], deu de cara comigo. Ele ficou sem jeito, saiu dali e foi um pouquinho para trás. E eu paralisei, já comecei a chorar e fiquei bem nervosa.”

Como a fila estava grande, a promotora de vendas diz que outras pessoas ouviram o comentário. Segundo ela, o próprio funcionário acabou confessando ter cometido a injúria. “Minha amiga veio, começou a perguntar o que estava acontecendo e ali começamos a questionar. Falei pra ele: ‘tu sabe o que tu falou?’, e ele disse pra mim, na minha cara: ‘sim, eu falei’.”

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A confirmação, o funcionário foi retirado da lanchonete, o que, segundo Natália, foi uma forma de repreender a atitude racista. “A coordenadora pegou ele pelo braço e falou: ‘vem cá, vou te dar uma advertência’. Subiu com ele, e o que aconteceu, não sei.”

Espera e desconforto

Mesmo com a suposta advertência, as duas decidiram acionar a polícia e não deixar o suspeito sair do local. A chegada da Brigada Militar (BM) demorou cerca de 20 minutos, tempo que Natália descreve como de muita vergonha para as duas. “As pessoas estavam pensando até que a gente tinha roubado uma coisa, olhando a gente feio, e os seguranças do shopping não fizeram nada, ficaram só olhando”, reclama a promotora de vendas.

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Ela relata ainda que um dos funcionários do shopping teria tentado tirá-la do local. “Uma advogada estava na praça na hora, e o guarda do shopping colocou a mão no meu braço e falou: ‘vamos lá pra salinha, vamos dar uma conversada’. Acho que ele queria abafar o caso ou me tirar dali da frente da loja”, supõe Natalia. Foi neste momento que a advogada interferiu, o que manteve as promotoras de vendas na praça de alimentação até a chegada da BM.

O que diz o shopping

Em nota, a direção do Bourbon Shopping afirma que está acompanhando as investigações. “O caso está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo. O shopping está acompanhando o caso e está à disposição das autoridades competentes. Cabe reforçar que a empresa repudia com veemência qualquer manifestação de racismo ou de ato discriminatório.”

Responsável pelo caso, o delegado Tarcísio Lobato Kaltbach diz que ainda não se inteirou do assunto, o que deve acontecer nos próximos dias.

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