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FORO DE NOVO HAMBURGO

"Para que essa dor não precise se repetir": Familiares serão ouvidos em audiências sobre mortes de pacientes do médico João Couto

Audiências que ocorrem nesta sexta-feira são referentes a três processos abertos contra o médico em dezembro do ano passado

Publicado em: 04/10/2024 às 10h:53 Última atualização: 06/10/2024 às 07h:24
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Preso novamente há quase um mês, o médico João Batista do Couto Neto, 48 anos, sai da Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) nesta sexta-feira (4) para passar pelas duas primeiras audiências judiciais como acusado da morte de pacientes, no foro de Novo Hamburgo.

Aline e os irmãos Giuliano de Oliveira e Carlos Diego de Oliveira, filhos do Rubem Laerte de Oliveira, uma das vítimas do médico João Couto | abc+



Aline e os irmãos Giuliano de Oliveira e Carlos Diego de Oliveira, filhos do Rubem Laerte de Oliveira, uma das vítimas do médico João Couto

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

As audiências são referentes a três processos abertos contra o médico em dezembro do ano passado. Cada um trata da morte de um idoso após cirurgia. Outros 39 casos fatais e 114 de lesões corporais estão na fase de inquérito policial e poderão se tornar ações penais. É possível que Couto se torne réu de dezenas de júris de homicídios e tentativas de homicídio.

Nesta sexta, no salão do júri, serão ouvidas as testemunhas de acusação, principalmente parentes das vítimas. As próximas audiências serão para as testemunhas de defesa. O réu só acompanhará. O interrogatório ficará para a última fase, antes de o juiz Flávio Curvello Martins de Souza decidir se Couto irá a júri.

A previsão de início da primeira audiência era para as 10 horas, mas Couto chegou precisamente às 11h20. (Clique aqui e veja vídeo)

Filha de Rubem Laerte de Oliveira, bancário aposentado que foi vítima do médico, Aline Cristina de Oliveira, 38 anos, afirma que busca por Justiça. “Justo seria meu pai não morrer nessas condições. Isso a gente não vai conseguir, trazer [ele] de volta. Mas justo também é que nenhum filho, nenhum pai, nenhum marido, nenhuma esposa, precisem passar por uma dor dessas.”

Aline destaca que ela e a família estão atrás de respostas. “A gente só solicitou que o Estado apurasse os fatos e que buscasse uma conclusão que fosse de fato legal e correta para que essa dor não precise se repetir.”

A filha conta que o pai tinha hérnia inguinal e sofria com um desconforto, mas não era um quadro grave. “Depois de muitos anos convivendo com essa hérnia, foi operar para ter qualidade de vida”, conta.

O advogado Thiago Dutra, que vai atuar como assistente de acusação do Ministério Público e também é o responsável pela defesa da família de Oliveira, diz que acredita que o médico pode ser condenado pelas mortes dos pacientes. “Eu acho que o meio empregado por ele nos atos operatórios foram até cruéis.”

Segundo o advogado, os procedimentos adotados por ele em quase todas as cirurgias são o mesmo. “Ele realmente assumiu o risco, ele operava e se a vítima tivesse alguma complicação na fase operatória ou na fase pós-operatória, para ele acho que independia do resultado. Acho que ele visava bem o lucro mesmo.”

Prisão

No início do mês passado, o juiz decretou a prisão preventiva do médico sob argumento de que não estava cumprindo com as obrigações como réu. Por 13 vezes, segundo a decisão, a Vara do Júri tentou e não conseguiu intimar Couto para as audiências. Conforme os oficiais de justiça, ele nunca estava nos endereços informados. O médico foi encontrado e capturado no dia 10 de setembro, pela manhã, em um hotel no Centro de Novo Hamburgo

Entenda o caso

Um dos médicos mais requisitados do Vale do Sinos para cirurgias de hérnia abdominal, Couto foi alvo de operação da 1ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo em dezembro de 2022. Os agentes apreenderam documentos, prontuários de pacientes e computadores.

Proibido por ordem judicial de fazer cirurgias, ele conseguiu registro profissional em São Paulo e passou a trabalhar no interior daquele Estado. Em dezembro de 2023, já indiciado pela Polícia, foi capturado enquanto trabalhava no Hospital Municipal de Caçapava, a 600 quilômetros da capital paulista.

O advogado obteve liberdade provisória poucos dias depois. De volta a Novo Hamburgo, Couto foi novamente preso em setembro deste ano.

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