GÊMEAS MORTAS EM IGREJINHA
OPINIÃO: O alerta que vem dos crimes envolvendo crianças no Rio Grande do Sul
No mais recente, em Igrejinha, Polícia Civil prendeu mulher suspeita de matar as próprias filhas. Mas o que foi feito para evitar que isso acontecesse?
Última atualização: 17/10/2024 11:46
A morte de quatro crianças vítimas de violência em um intervalo de menos de três meses no Rio Grande do Sul deixa – ou pelo menos deveria deixar – um alerta de máxima urgência às autoridades. Como está funcionando, lá na ponta, a rede de amparo e proteção das nossas crianças? O que é possível fazer para tornar este nobre trabalho mais eficiente?
As respostas para essas e outras tantas perguntas precisam estar na agenda prioritária de gestores públicos municipais e estaduais e lideranças de órgãos policiais, do Judiciário e do Ministério Público.
Primeiro foi o caso da menina de Guaíba, encontrada morta em um container de lixo. Depois, o caso da menina morta pela mãe em um apartamento no Centro de Novo Hamburgo. Agora, o Rio Grande chora a morte das gêmeas Manuela e Antônia, de 6 anos, em Igrejinha. Morreram em um intervalo de oito dias. Nesta quarta-feira (16) a mãe foi presa suspeita do crime.
O caso das meninas de Igrejinha é, por enquanto, uma coleção de perguntas sem respostas. Talvez a principal delas é: após a morte misteriosa da primeira vítima, que deu entrada sem vida no hospital, o que foi feito para proteger a irmã?
E a pergunta não é apenas sob o aspecto criminal, mas também sanitário. O sistema de saúde e a polícia alertaram as autoridades sobre a morte sem explicação? Se sim, que providência foi tomada para acompanhar a gêmea? Que atendimento foi dado à família?
É pública a informação de que, quando da primeira morte, a Polícia Civil abriu uma investigação. Após diligências na casa da família, a conclusão foi que não havia sinais de violência doméstica. Isso bastou para o encaminhamento do caso ou outras apurações estavam em curso?
Também é pública a informação de que, no mês passado, a mãe das gêmeas esteve internada na ala psiquiátrica do hospital de Igrejinha. Foram 15 dias de atendimento, período em que manifestou pensamentos violentos sobre as filhas. Essa informação chegou aos ouvidos de quem poderia proteger as crianças? Se sim, que providências foram tomadas?
É evidente que, em casos como esses, eventuais falhas não acontecem por ação voluntária de quem quer que seja. Afinal, estamos tratando de vidas de inocentes, seres totalmente indefesos. Mas as falhas podem acontecer e precisam ser identificadas e corrigidas com urgência para que casos assim não se repitam.