NOVO HAMBURGO

"O sentimento é de revolta": Profissional afirma que animais resgatados correram risco sob tutela de falsa veterinária

Universidades de Canoas e de Porto Alegre afirmam que falsa veterinária de Novo Hamburgo nunca cursou Medicina Veterinária nas instituições

Publicado em: 27/06/2024 15:20
Última atualização: 28/06/2024 14:09

A história da falsa médica veterinária contratada pela Prefeitura de Novo Hamburgo para atuar no abrigo de animais resgatados na enchente no antigo hotel da Fenac causou surpresa inclusive para as outras três profissionais contratadas pela administração no mesmo processo emergencial.


Mulher atuava no abrigo municipal para animais resgatados Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

A médica veterinária Silvia Costa Vinhas Moreira é uma delas. Ela confirma que a suposta colega, que acabou detida após ter a farsa descoberta, se apresentava como médica veterinária graduada pela Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Não só se declarava veterinária, como dizia que fazia residência em anestesiologia na Ulbra”, conta.

Assim que o caso começou a repercutir, conforme Silvia, o caso gerou a indignação de tantos outros médicos veterinários de Novo Hamburgo e da região. “Sou anestesista volante, então passo por diversas clínicas, e o sentimento é de revolta entre os colegas, de uma pessoa vir e interferir no nosso trabalho, se sentir no direito de interferir no nosso trabalho, de colocar os nossos pacientes em risco dessa forma”, relata.

Conforme a profissional, os animais resgatados correram riscos ao ficarem sob a tutela de uma pessoa sem capacitação. “Alguém que não tem formação atuar com o médico veterinário é bem complicado em vários aspectos, especialmente por colocar todos os pacientes que estão ali em tratamento em risco por não terem um atendimento adequado caso fosse necessário”, pontua.

Silvia Vinhas considera que o caso só reforça a luta de todos os profissionais veterinários pela valorização da categoria. “Todo profissional da Medicina Veterinária vive isso diariamente, que é a desvalorização da nossa profissão. A gente vive uma batalha diária para valorizar a nossa profissão diante da sociedade, diante dos tutores”, conclui.

UFRGS e Ulbra negam vínculo com a falsa veterinária

Questionadas, UFRGS e Ulbra negaram qualquer relação da falsa veterinária com a universidade. A assessoria da universidade federal, onde a hamburguense alegou ter realizado a graduação em Medicina Veterinária, afirmou que a “Divisão de Documentação e Arquivo da Pró-reitoria de Graduação não encontrou registro de [nome da falsa veterinária] como graduada em Medicina Veterinária na UFRGS”.

Já a Ulbra garantiu que a mulher não tem qualquer vínculo acadêmico com a instituição. “Não tem nenhum vínculo com a Veterinária e nada de residência”, assinala a universidade por meio da assessoria de imprensa.

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