Mais de 20 dias se passaram desde que um menino de 2 anos foi fotografado acorrentado no pátio de casa em Sapiranga, no Vale do Sinos. A suspeita de prender a criança pelo pescoço com uma corrente do tipo que é usado em cachorros é a própria mãe. A Polícia Civil afirma que segue com a investigação. A mulher pode ser indiciada por crime de maus-tratos.
O caso foi na tarde de 20 de dezembro. Uma vizinha viu a cena, tirou foto e acionou o Conselho Tutelar, que foi até a casa onde a mulher morava com a criança. Quando os conselheiros chegaram, a mãe não autorizou que eles entrassem na casa. A Brigada Militar foi acionada e, sem sucesso em uma tentativa de mediação, também precisou intervir depois que os policiais ouviram choro da criança.
Segundo um dos conselheiros que trabalhou no caso, quando conseguiram acessar a casa, o menino estava na cama com um telefone celular que usava para brincar. “Ele estava bem, não estava no contexto da denúncia”, frisa o conselheiro. Os nomes do envolvidos e o bairro onde o crime foi registrado não são divulgados para não expor a criança, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Advogada Ariane Pereira, que representa a mãe da criança, afirma que ainda trabalha na defesa da sua cliente. Mas que o ocorrido é um fato isolado. De acordo com ela, a mãe relatou que no dia em questão o menino estava comendo a ração do animal e que ela o repreendeu. Sobre a fotografia tirada pela vizinha o contexto será esclarecido à investigação.
Após o ocorrido, o menino foi levado para a casa da avó paterna e a Justiça determinou que a guarda ficasse com o pai, que já não tinha contato com ele há alguns meses, após desentendimento com a mãe no domingo de Dia dos Pais, segundo o próprio genitor.
Ariane explica que a guarda da criança é compartilhada, porém a residência é com pai. A mãe pode ver o filho uma vez por semana, desde que acompanhada. “Está sendo bem difícil para ela (mãe). Sente falta do filho. A Justiça concedeu a ela o direito de ver o filho. Familiares do pai levam o menino uma vez por semana na casa da vó materna para passar o dia”, conta Ariane.
Em contato com a reportagem, o pai disse que a criança está bem. Estão aguardando os encaminhamentos para acompanhamento psicológico e, no próximo mês, o menino ingressa na educação infantil. O Ministério Público do Rio Grande do Sul disse que acompanha o caso, “tanto na investigação da Polícia Civil, quanto na esfera cível, para garantir o bem-estar da criança”.
Os pais no tribunal
O pai do menino vai a júri popular por violência doméstica contra a ex-companheira. O crime aconteceu em 2017. O caso não é detalhado, mas o homem ficou mais de um ano e seis meses preso. A mulher ficou em coma induzido e passou por tratamentos de saúde, chegando a ser interditada e sendo submetida aos cuidados da mãe.
O homem nega que tenha agredido a ex-companheira. De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, o júri está marcado para abril no Foro de Sapiranga.
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